sábado, 31 de março de 2018

Qual é o objetivo da vida (morte)? Para os cristãos ortodoxos, é a salvação e a vida eterna com Deus.

Refletindo sobre a ortodoxia e a cultura de hoje.

Qual é o objetivo da vida (morte)?  Para os cristãos ortodoxos, é a salvação e a vida eterna com Deus. 

Como somos salvos?   

Paulo nos diz que somos justificados em Cristo através de nossa fé (Gl 2:16).   Mas o que é fé? Fé é nossa entrega à verdade do Evangelho e à Tradição de Sua Igreja.   Fé não é uma crença geral em Deus, mas especificamente aceitação total da vida, morte e ressurreição e ensinamentos de Cristo, conforme registrado nas Escrituras. Nossa fé implica um modo de vida seguindo os ensinamentos de Cristo. Fé significa que aceitamos os escritos do Evangelho e da Epístola e o fazemos! Não é suficiente ser bons cidadãos, devemos também ter fé - completa e total fé na Palavra de Deus.  No Julgamento Final, nossas vidas serão examinadas e seremos salvos pela graça de Deus. A Igreja nos fornece a estrutura e as diretrizes para viver nossa fé.

Recentemente, uma pessoa santa me disse que haverá poucos nesta sociedade que serão salvos.   Isso deve ser assustador, isso me fez pensar. Isso me desafiou a acordar. Descobri que era importante reconhecer que nossa cultura atual se baseia em um conjunto de suposições ou valores que diferem da nossa fé cristã ortodoxa. Um cristão ortodoxo é um estranho na cultura de hoje. Um modo de vida ortodoxo tem uma visão de mundo bastante diferente da cultura dominante em que vivemos e nos conformamos para aceitar.

O que é uma visão do mundo?   Para compreender todos os dados sensuais que recebemos a qualquer momento, nossa mente confia em suposições para simplificar todos os insumos que recebemos através de nossos sentidos. É assim que podemos entender o que experimentamos e agimos.   São essas suposições frequentemente ocultas que compõem nossa visão de mundo.   Uma pessoa pode ter a suposição: "Se eu   fizer o bem, serei salvo". Outro pode assumir: "Para ser salvo, devo primeiro ter fé e seguir os ensinamentos da Bíblia como mandamentos de Deus e trabalhar para me aperfeiçoar arrependimento e participando regularmente nos sacramentos da Igreja para se tornar uma pessoa santa e então pela graça de Deus eu posso ser salvo.” Esta é a visão Ortodoxa.  Como outro exemplo, pode-se não acreditar firmemente que Deus criou o mundo e acredita que a   verdade só é determinada por evidências científicas. Alternativamente, o Ortodoxo assume sem questionar que Deus criou tudo o que sabemos, fornece tudo o que temos, Ele é "Pai Nosso", e que a Verdade nos é revelada por Ele e nos é revelada através das Escrituras interpretadas pela Igreja que é o corpo de Cristo na terra liderado pelo próprio Cristo.   

Com apenas algumas suposições diferentes, podemos interpretar o que é bom e ruim de maneiras bem diferentes, levando a diferentes ações baseadas na mesma realidade.   Escusado será dizer que as pessoas com diferentes visões de mundo têm dificuldade em se comunicar em questões que importam para a salvação.  Até mesmo a ideia de salvação pode não estar em sua cosmovisão.   Quantos realmente colocam Deus no centro de tudo que fazem?

Em uma visão de mundo ortodoxa, aceitamos sem questionar, com base na fé, que Deus é nosso Criador e Senhor.   Através dos escritos dos Evangelistas e Apóstolos, documentamos para nós o exemplo do próprio Deus em carne humana, Suas ações e ensinamentos, mostrando-nos o caminho para a salvação.

Precisamos aceitar que nossa cosmovisão ortodoxa nos coloca em desacordo com nossa sociedade atual. À medida que agimos fora de nossa visão ortodoxa do mundo, os outros não entenderão nossas ações e seremos vistos como um pouco estranhos, fora de sintonia, não com ela, ou antiquados.   Podemos esperar ser ridicularizados e ignorados.   E quando tentamos explicar nossas ações, não devemos esperar ser compreendidos,   porque nossas razões não farão sentido em sua cosmovisão.   É somente expondo suas suposições subjacentes que podemos esperar explicar.   Devemos lembrar que essas suposições são geralmente ocultas.   A salvação requer que tenhamos uma compreensão firme da base do nosso modo de vida ortodoxo.

Na cultura de hoje, é geralmente aceito que a verdade é relativa. Muitos acreditam que o que é a verdade para uma pessoa pode ser diferente da de outra, e aceita-se que ambas sejam igualmente válidas. Uma coisa que não é tolerada nessa visão é alguém que acha que tem a Verdade absoluta. Mas nós Ortodoxos sabemos através da fé que existe apenas uma Verdade. Portanto, podemos esperar que nossa visão de mundo não seja bem-vinda em geral, e que outros trabalhem para miná-la. Podemos esperar ser evitados e perseguidos,   assim como os primeiros cristãos foram perseguidos nos tempos pagãos romanos. Apesar de agirmos por amor aos nossos vizinhos como somos ordenados, ainda seremos rejeitados e ridicularizados por nossas práticas. Por isso, é importante ter cuidado com quem escolhemos gastar nosso tempo. É importante seguir as práticas de nossa fé, que estão lá para nos apoiar em um caminho para a salvação. Devemos ler regularmente as Escrituras, assistir aos cultos, orar diariamente e ao longo do dia, participar regularmente dos Sacramentos da Confissão e da Santa Comunhão e seguir as diretrizes do jejum.   Todas essas atividades são destinadas a nos ajudar. Eles não são o fim que buscamos, mas os meios para nos prepararmos para entrar no Reino de Deus. É importante que trabalhemos constantemente para purificar nossos corações e cultivar nossa força interior para que possamos cumprir o mandamento do Chefe de amar os outros. Cristo está sempre presente para nos ajudar no caminho da salvação e tem infinita compaixão por toda a humanidade.


Fonte: http://orthodoxwayoflife.blogspot.com.by/2009/09/is-orthodoxy-bit-weird.html

Hoje, último sábado antes da Páscoa, é comemorada a Ressurreição de Lázaro.

Hoje, último sábado antes da Páscoa, é comemorada a Ressurreição de Lázaro.

Ao saber que Lázaro es visitava gravemente doente, Jesus diz: “Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”.

Chegando em Betânia, ao ser informado que Lázaro havia sido enterrado a 4 dias, Jesus pede que seja levado ao sepulcro e que seja removida a pedra sepulcral.

Jesus diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais" e, em seguida, ordena que Lázaro saia do sepulcro. Atado de mãos e pés, com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano, Lázaro sai com vida.

Na leitura do evangelho de hoje, Marta confirmar a fé na vida eterna e Cristo diz que ele é a ressurreição e a vida.


Por que devemos jejuar?


29 DE MARÇO DE 2018, SAO COSME DE AETOLIA.

Crianças, respeitamos os quatro períodos de jejum? Se somos cristãos, temos que respeitá-los, especialmente o Santo e o Grande Jejum, de 40 dias.

O Senhor, meus filhos, foi vendido nas mãos dos judeus, foi insultado, espancado e crucificado, de acordo com sua natureza humana. Foi vendido na quarta-feira santa e na sexta-feira santa foi crucificado. Assim, crianças, se somos cristãos corretos, devemos sempre jejuar, mas especialmente às quartas-feiras - o dia em que Ele foi vendido - e às sextas-feiras, no dia em que Ele foi crucificado .

Da mesma forma, temos o dever de jejum em outros períodos estabelecidos para o efeito, como o Espírito Santo ilumine os Santos Padres da nossa Igreja, deixando escrito que temos de jejuar para matar nossas paixões e submeter nosso corpo, um lobo, um porco, uma fera, um leão. Especialmente, porque todos nós sabemos que é mais fácil viver com menos, e entendemos o quanto isso nos afeta a comer muito. Eu poderia viver com 100 gramas de pão por dia. E Deus te abençoa, porque eles são realmente necessários para mim. Mas por que eu deveria comer 110 gramas? Essas 10 gramas adicionais são tão amaldiçoadas, porque são um desperdício, e pertencem àquele que está realmente com fome.

Crianças, respeitamos os quatro períodos de jejum? Se somos cristãos, temos que respeitá-los, especialmente o Santo e o Grande Jejum, de 40 dias. Jejuamos nesses dias (quarta e sexta-feira) e mantemos a pureza na segunda-feira? Isso também é algo bom e sagrado.

(Tradução de: Viaţa şi Învăţăturile Cuviosului Mucênica Cosma Etolianul , Editura Deisis, 2001, p.134)

 http://doxologia.org/es/palabras-de-espiritualidad/por-que-debemos-ayunar

Foto: Oana Nechifor

+ Santo Atanásio, o Grande.

"Se o mundo for contra a verdade, eu vou contra o mundo".



O conhecimento de Deus.


São Gregório de Palmas, disse que o o conhecimento de Deus e uma experiência dada a todos os cristãos por meio  do batismo e através de sua participação contínua na vida do Corpo de Cristo através da Eucaristia. Isso requer o envolvimento do homem todo com a oração e o serviço veiculados no amor a Deus e ao próximo, e assim isso se torna reconhecível não somente como uma experiência intelectual da mente apenas, mas também como um sentido espiritual, que traz consigo uma percepção, nem meramente intelectual nem material. E Cristo, Deus assumiu o homem inteiro, espírito e corpo e o homem como como tal foi deificado.  Na oração por exemplo, no método - nos sacramentos e na vida inteira da Igreja,enquanto comunidade, o homem é chamado a participação na vida divina, está participação é igualmente o verdadeiro conhecimento de Deus.

+ "Santo Inácio Brianchaninov, em "O Campo

Purificado pelas lágrimas do arrependimento e santificado pela oração freqüente, o corpo misteriosamente se transforma no templo do Espírito Santo, tornando todos os ataques do inimigo fúteis.


A descida do Senhor à mansão dos mortos.



Primeira leitura :

Da Carta aos Hebreus                 4,1-13

Esforcemo-nos por entrar no repouso de Deus.


Irmãos: 1Tenhamos cuidado, enquanto nos é oferecida a oportunidade de entrar no repouso de Deus, não aconteça que alguém de vós fique para trás. 2Também nós, como eles, recebemos uma boa-nova. Mas a proclamação da palavra de nada lhes adiantou, por não ter sido acompanhada da fé naqueles que a tinham ouvido, 3enquanto nós, que acreditamos, entramos no seu repouso. É assim como ele falou:
“Por isso jurei na minha ira:
jamais entrarão no meu repouso.”

Isso, não obstante as obras de Deus estarem terminadas desde a criação do mundo. 4Pois, em certos lugares, assim falou do sétimo dia: “E Deus repousou no sétimo dia de todas as suas obras”, 5e ainda novamente: “Não entrarão no meu repouso.” 6Então, ainda há oportunidade para alguns entrarem nesse repouso. E como os que primeiro receberam o anúncio não entraram por causa de sua incredulidade, 7Deus marca de novo um dia, um  “hoje”, falando por Davi, muito tempo depois, como se disse acima: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações”.

8Ora, se Josué lhes tivesse proporcionado esse repouso, não falaria de outro dia depois. 9Portanto ainda está reservado um repouso sabático para o povo de Deus. 10Pois aquele que entrou no repouso de Deus está descansando de suas obras, assim como Deus descansou das suas.

11Esforcemo-nos, portanto, por entrar neste repouso, para que ninguém repita o acima referido exemplo de desobediência. 12A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. 13E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto aos seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas.

Segunda leitura:

De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo.

(PG43,439.451.462-463)               (Séc.IV)

A descida do Senhor à mansão dos mortos.


Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida.

Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso.

Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.
Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”.

Dimitry Tribushny, "The Mystery of the Desert".



"De acordo com o dicionário [russo] da Bíblia, crer significa não apenas, e não tanto ter certeza de algo como significa confiar. Significa estar pronto para seguir Aquele a quem ama, com os olhos abertos. Para ir onde ele mesmo o leva. Para o deserto. Assim Abraão deixou sua casa para aprender a Verdade, tra dezendo seu próprio filho como sacrifício. Foi assim que Jó moveu-se ao deserto e falou com o inescrutável Deus face a face. Assim, os israelitas confiavam em Deus e, através de peregrinações arriscadas no deserto, obtiveram a Terra Prometida para si mesmos.

O deserto é um lugar de confiança e não garantia. Não há garantia aqui. Quantos dos israelitas que seguiram Moisés realmente viram o paraíso terrestre?

Fé, ou crença, é desconforto, dor, luz e alegria. Ter fé (acreditar) significa caminhar sobre a água."

sexta-feira, 30 de março de 2018

Cristo, sumo sacerdote, com o seu próprio sangue, entrou no Santuário uma vez por todas.


Primeira leitura:

Da Carta aos Hebreus                 9,11-28

Cristo, sumo sacerdote, com o seu próprio sangue,
entrou no Santuário uma vez por todas.


Irmãos: 11Cristo veio como sumo-sacerdote dos bens futuros. Através de uma tenda maior e mais perfeita, que não é obra de mãos humanas, isto é, que não faz parte desta criação, 12e não com o sangue de bodes e bezerros, mas com o seu próprio sangue, ele entrou no Santuário uma vez por todas, obtendo uma redenção eterna. 13De fato, se o sangue de bodes e touros, e a cinza de novilhas espalhada sobre os seres impuros os santifica e realiza a pureza ritual dos corpos, 14quanto mais o Sangue de Cristo, purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo, pois, em virtude do espírito eterno, Cristo se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha.

15Por isso, ele é mediador de uma nova aliança. Pela sua morte, ele reparou as transgressões cometidas no decorrer da primeira aliança. E, assim, aqueles que são chamados recebem a promessa da herança eterna. 16Onde existe testamento, é preciso que seja constatada a morte de quem fez o testamento. 17Pois um testamento só tem valor depois da morte, e não tem efeito nenhum enquanto ainda vive aquele que fez o testamento. 18Por isso, nem mesmo a primeira aliança foi inaugurada sem sangue. 19Quando anunciou a todo o povo cada um dos mandamentos da Lei, Moisés tomou sangue de novilhos e bodes, junto com água, lã vermelha e um hissopo. Em seguida, aspergiu primeiro o próprio livro e todo o povo, 20e disse: “Este é o sangue da aliança que Deus faz convosco”. 21Do mesmo modo, aspergiu com sangue também a Tenda e todos os objetos que serviam para o culto. 22E assim, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não existe perdão.

23Portanto, as cópias das realidades celestes tinham que ser purificadas dessa maneira; mas as próprias realidades celestes devem ser purificadas com sacrifícios melhores. 24De fato, Cristo não entrou num santuário feito por mão humana, imagem do verdadeiro, mas no próprio céu, a fim de comparecer, agora, na presença de Deus, em nosso favor. 25E não foi para se oferecer a si muitas vezes, como o sumo-sacerdote que, cada ano, entra no Santuário com sangue alheio. 26Porque, se assim fosse, deveria ter sofrido muitas vezes, desde a fundação do mundo. Mas foi agora, na plenitude dos tempos, que, uma vez por todas, ele se manifestou para destruir o pecado pelo sacrifício de si mesmo. 27O destino de todo homem é morrer uma só vez, e depois vem o julgamento. 28Do mesmo modo, também Cristo, oferecido uma vez por todas, para tirar os pecados da multidão, aparecerá uma segunda vez, fora do pecado, para salvar aqueles que o esperam.


Segunda leitura:

Das Catequeses de São João Crisóstomo, bispo.

(Cat. 3,13-19: SCh 50,174-177)                   (Séc.IV)

O poder do sangue de Cristo.


Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.

Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.

De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa.

Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte.

Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, também Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu novo nascimento.

quinta-feira, 29 de março de 2018

O Cordeiro imolado libertou-nos da morte para a vida.

Primeira leitura:

Da Carta aos Hebreus                 4,14–5,10

Jesus Cristo, sumo sacerdote.


Irmãos: 4,14 Temos um sumo-sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. 15Com efeito, temos um sumo-sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. 16Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno.

5,1 De fato, todo o sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. 2Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. 3Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo, quanto pelos seus próprios.

4Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão. 5Deste modo, também Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo-sacerdote, mas foi aquele que lhe disse:
“Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”.
6Como diz em outra passagem:
“Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec.”

7Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. 9Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem. 10De fato, ele foi por Deus proclamado sumo-sacerdote na ordem de Melquisedec.


Segunda leitura:

Da Homilia sobre a Páscoa, de Melitão de Sardes, bispo
(N.65-71: SCh123,94-100) 
(Séc.II)

O Cordeiro imolado libertou-nos da morte para a vida.


Muitas coisas foram preditas pelos profetas sobre o mistério da Páscoa, que é Cristo, a quem seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém (Gl 1,5). Ele desceu dos céus à terra para curar a enfermidade do homem; revestiu-se da nossa natureza no seio da Virgem e se fez homem; tomou sobre si os sofrimentos do homem enfermo num corpo sujeito ao sofrimento, e destruiu as paixões da carne; seu espírito, que não pode morrer, matou a morte homicida.

Foi levado como cordeiro e morto como ovelha; libertou-nos das seduções do mundo, como outrora tirou os israelitas do Egito; salvou-nos da escravidão do demônio, como outrora fez sair Israel das mãos do faraó; marcou nossas almas como sinal do seu Espírito e os nossos corpos com seu sangue.

Foi ele que venceu a morte e confundiu o demônio, como outrora Moisés ao faraó. Foi ele que destruiu a iniquidade e condenou a injustiça à esterilidade, como Moisés ao Egito.

Foi ele que nos fez passar da escravidão para a liberdade, das trevas para a luz, da morte para a vida, da tirania para o reino sem fim, e fez de nós um sacerdócio novo, um povo eleito para sempre. Ele é a Páscoa da nossa salvação.

Foi ele que tomou sobre si os sofrimentos de muitos: foi morto em Abel; amarrado de pés e mãos em Isaac; exilado de sua terra em Jacó; vendido em José; exposto em Moisés; sacrificado no cordeiro pascal; perseguido em Davi e ultrajado nos profetas.
Foi ele que se encarnou no seio da Virgem, foi suspenso na cruz, sepultado na terra e, ressuscitando dos mortos, subiu ao mais alto dos céus.

Foi ele o cordeiro que não abriu a boca, o cordeiro imolado, nascido de Maria, a bela ovelhinha; retirado do rebanho, foi levado ao matadouro, imolado à tarde e sepultado à noite; ao ser crucificado, não lhe quebraram osso algum, e ao ser sepultado, não experimentou a corrupção; mas ressuscitando dos mortos, ressuscitou também a humanidade das profundezas do sepulcro.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Estação em Santa Praxedes.

Basílica de Santa Praxedes em Roma.



A Vítima divina, oprimida pela violência das calunias dos inimigos que são os pecadores “Julgai, Senhor, os que me fazem mal; combatei, contra os que me atacam. Tomai as vossas armas e o vosso escudo: levantai-vos em meu socorro” (Sl: 34 1), eleva a Deus insistente preces “Levantai-vos, Senhor, e atendei o meu direito; defendei a minha causa, ó meu Deus!” (Sl: 34, 23) e invoca o seu auxílio. Com espírito de perfeita obediência submete-se aos horrores da Paixão.

Maria Madalena é a primeira da longa serie de almas generosas e reparadoras, que no curso dos séculos compensam, com os aromas do afeto, as injúrias que os maus erguem contra o Salvador.


Vista do interior.

Vista da abside.

Mosaico na abside.
Mosaico na capela de São Zenão.

Marcos Vinicius Faria de Moraes.




Estação em Santa Prisca.

Igreja de Santa Prisca em Roma.

Cristo é o "manso Cordeiro" (cf. Jr: 11, 19) que os ímpios vão conduzir a morte de cruz. Daqui a três dias contemplaremos a Paixão e Morte, cuja narração a Igreja nos apresenta hoje no Evangelho de São Marcos. A Cruz, símbolo de maldição e de ignomínia tornou-se causa de nossa salvação e vida "Nós devemos orgulhar-nos da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, no qual está a nossa salvação, vida e ressurreição. Por ele fomos salvos e recebemos a liberdade" (Gl: 6, 14).

Santa Prisca, interceda  por mim pecador.

Marcos Vinícius Faria de Moraes.

Aproximamo-nos do monte do Deus vivo.

Primeira leitura:

Da Carta aos Hebreus                 12,14-29

Aproximamo-nos do monte do Deus vivo.


Irmãos: 14Procurai a paz com todos,e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor; 15cuidai para que ninguém abandone a graça de Deus. Que nenhuma raiz venenosa cresça no meio de vós, tumultuando e contaminando a comunidade. 16Não haja nenhum imoral ou profanador, como Esaú, que, por um prato de comida, vendeu seus direitos de filho primogênito. 17Bem sabeis que a seguir foi rejeitado, quando quis obter a bênção como herança; não encontrou modo para seu pai mudar a decisão, embora lhe pedisse com lágrimas.

18Vós não vos aproximastes de uma realidade palpável: “fogo ardente e escuridão, trevas e tempestade, 19som da trombeta e voz poderosa”, que os ouvintes suplicaram não continuasse, 20pois não suportavam o que fora ordenado: “Até um animal será apedrejado, se tocar a montanha”. 21Eles ficaram tão espantados comesse espetáculo, que Moisés disse: “Estou apavorado e com medo”. 22Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; 23da assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus; de Deus, o Juiz de todos; dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; 24de Jesus, mediador da nova aliança, e da aspersão do sangue mais eloquente que o de Abel.

25Cuidado! Não deixeis de escutar aquele que vos fala. Os que recusaram escutar aquele que os advertia na terra, não escaparam do castigo. Menos ainda escaparemos nós do castigo, se nos afastarmos de quem nos fala do alto do céu. 26Aquele, cuja voz aquele dia abalou a terra, agora diz: “Mais uma vez abalarei não somente a terra, mas também o céu”. 27A expressão “mais uma vez” anuncia o desaparecimento de tudo aquilo que participa da instabilidade do mundo criado, para que permaneça só o que é inabalável.

28Já que recebemos um reino inabalável, conservemos bem essa graça. Por meio dela, sirvamos a Deus de modo a agradar-lhe, isto é, com respeito e temor.29Pois o nosso Deus é um fogo devorador.

Segunda leitura:

Do Tratado sobre o Evangelho de São João, do Bem-Aventurado Agostinho, bispo.

(Tract. 84,1-2:CCL36,536-538)
(Séc.V)

A plenitude do amor.


Irmãos caríssimos, o Senhor definiu a plenitude do amor com que devemos amar-nos uns aos outros, quando disse: Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos (Jo 15,13). Daqui se conclui o que o mesmo evangelista João diz em sua epístola: Jesus deu a sua vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos (1Jo 3,16), amando-nos verdadeiramente uns aos outros, como ele nos amou até dar a sua vida por nós.

É certamente a mesma coisa que se lê nos Provérbios de Salomão: Quando te sentares à mesa de um poderoso, olha com atenção o que te é oferecido; e estende a tua mão, sabendo que também deves preparar coisas semelhantes (cf. Pr 23,1-2 Vulg.).

Ora, a mesa do poderoso é a mesa em que se recebe o corpo e o sangue daquele que deu a sua vida por nós. Sentar-se à mesa significa aproximar-se com humildade. Olhar com atenção o que é oferecido, é tomar consciência da grandeza desta graça. E estender a mão sabendo que também se devem preparar coisas semelhantes, significa o que já disse antes: assim como Cristo deu a sua vida por nós, também devemos dar a nossa vida pelos irmãos. É o que diz o apóstolo Pedro: Cristo sofreu por nós, deixando-nos um exemplo, a fim de que sigamos os seus passos (cf. 1Pd 2,21). Isto significa preparar coisas semelhantes. Foi o que fizeram, com ardente amor, os santos mártires. Se não quisermos celebrar inutilmente as suas memórias e nos sentarmos sem proveito à mesa do Senhor, no banquete onde eles se saciaram, é preciso que, como eles, preparemos coisas semelhantes.

Por isso, quando nos aproximamos da mesa do Senhor, não recordamos os mártires do mesmo modo como aos outros que dormem o sono da paz, ou seja, não rezamos por eles, mas antes pedimos para que rezem por nós, a fim de seguirmos os seus passos. Pois já alcançaram a plenitude daquele amor acima do qual não pode haver outro maior, conforme disse o Senhor. Eles apresentaram a seus irmãos o mesmo que por sua vez receberam da mesa do Senhor.

Não queremos dizer com isso que possamos nos igualar a Cristo Senhor, mesmo que, por sua causa, soframos o martírio até o derramamento de sangue. Ele teve o poder de dar a sua vida e depois retomá-la; nós, pelo contrário, não vivemos quanto queremos, e morremos mesmo contra a nossa vontade. Ele, morrendo, matou em si a morte; nós, por sua morte, somos libertados da morte. A sua carne não sofreu a corrupção; a nossa, só depois de passar pela corrupção, será por ele revestida de incorruptibilidade, no fim do mundo. Ele não precisou de nós para nos salvar; entretanto, sem ele nós não podemos fazer nada. Ele se apresentou a nós como a videira para os ramos; nós não podemos ter a vida se nos separarmos dele.

Finalmente, ainda que os irmãos morram pelos irmãos, nenhum mártir derramou o seu sangue pela remissão dos pecados de seus irmãos, como ele fez por nós. Isto, porém, não para que o imitássemos, mas como um motivo para agradecermos. Portanto, na medida em que os mártires derramaram seu sangue pelos irmãos, prepararam o mesmo que tinham recebido da mesa do Senhor. Amemo-nos também a nós uns aos outros, como Cristo nos amou e se entregou por nós.


terça-feira, 27 de março de 2018

Arquimandrita Aimilianos de Simonopetra.

"A cada um de nós Deus dá uma cruz: diferentes doenças físicas (corpo), psíquicas (alma) ou espirituais (espírito). As doenças físicas são as distintas doenças do corpo, às quais não somos culpados e cujas origens são organicamente naturais. As doenças psíquicas são a preguiça natural do organismo, a lentidão da mente, melancolia, desconcentração. As doenças espirituais  são o amor-próprio, o fanatismo, a idéia fixa em relação a algo... Dentre estas três categorias, as mais perigosas são as doenças espirituais, porque mais profundas. Se quisermos nos livrar desta cruz, não conseguiremos, só vamos perder tempo. Se a levantarmos (a cruz), avançaremos no combate e toda a nossa vida tomará a forma de uma ponte pequenina nos conduzindo ao céu."




Com os olhos fixos em Jesus, empenhemo-nos no combate que nos é proposto.

Primeira leitura:

Da Carta aos Hebreus                 12,1-13

Com os olhos fixos em Jesus, empenhemo-nos no combate que nos é proposto.


Irmãos: 1Rodeados como estamos por tamanha multidão de testemunhas, deixemos de lado o que nos pesa e o pecado que nos envolve. Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, 2com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus. 3Pensai pois naquele que enfrentou uma tal oposição por parte dos pecadores, para que não vos deixeis abater pelo desânimo.

4Vós ainda não resististes até ao sangue na vossa luta contra o pecado, 5e já esquecestes as palavras de encorajamento que vos foram dirigidas como a filhos:
“Meu filho, não desprezes a educação do Senhor,
não te desanimes quando ele te repreende;
6pois o Senhor corrige a quem ele ama
e castiga a quem aceita como filho”.

7É para a vossa educação que sofreis, e é como filhos que Deus vos trata. Pois qual é o filho a quem o pai não corrige? 8Pelo contrário, se ficais fora da correção aplicada a todos, então sois bastardos e não filhos. 9Ademais, tivemos os nossos pais humanos como educadores, e os respeitávamos. Será que não devemos submeter-nos muito mais ao Pai dos espíritos para termos a vida?10Nossos pais humanos, por pouco tempo, nos corrigiam como melhor lhes parecia; Deus, porém, nos corrige para o nosso bem, a fim de partilharmos a sua própria santidade. 11No momento mesmo, nenhuma correção parece alegrar, mas causa dor. Depois, porém, produz um fruto de paz e de justiça para aqueles que nela foram exercitados.

12Portanto, “firmai as mãos cansadas e os joelhos enfraquecidos; 13acertai os passos dos vossos pés”, para que não se extravie o que é manco, mas antes seja curado.


Segunda leitura:


(Cap.15,35: PG32,127-130)
(Séc.IV)

Há uma só morte que resgata o mundo
e uma só ressurreição dos mortos.



O desígnio de nosso Deus e Salvador em relação ao homem consiste em levantá-lo de sua queda e fazê-lo voltar, do estado de inimizade ocasionado por sua desobediência, à intimidade divina. A vinda de Cristo na carne, os exemplos de sua vida apresentados pelo Evangelho, a paixão, a cruz, o sepultamento e a ressurreição não tiveram outro fim senão salvar o homem, para que, imitando a Cristo, ele recuperasse a primitiva adoção filial.

Portanto, para atingir a perfeição, é necessário imitar a Cristo, não só nos exemplos de mansidão, humildade e paciência que ele nos deu durante a sua vida, mas também imitá-lo em sua morte, como diz São Paulo, o imitador de Cristo: Tornando-me semelhante a ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição dentre os mortos (Fl 3,10).

Mas como poderemos assemelhar-nos a Cristo em sua morte? Sepultando-nos com ele por meio do batismo.Em que consiste este sepultamento e qual é o fruto dessa imitação? Em primeiro lugar, é preciso romper coma vida passada. Mas ninguém pode conseguir isto se não nascer de novo, conforme a palavra do Senhor, porque o renascimento, como a própria palavra indica, é o começo de uma vida nova. Por isso, antes de começar esta vida nova, é preciso pôr fim à antiga. Assim como, no estádio, os que chegam ao fim da primeira parte da corrida, costumam fazer uma pequena pausa e descansar um pouco, antes de iniciar o retorno, do mesmo modo, era necessário que nesta mudança de vida interviesse a morte, pondo fim ao passado para começar um novo caminho.

E como imitar a Cristo na sua descida à mansão dos mortos? Imitando no batismo o seu sepultamento. Porque os corpos dos batizados ficam, de certo modo, sepultados nas águas. O batismo simboliza, pois, a deposição das obras da carne, segundo as palavras do Apóstolo: Vós também recebestes uma circuncisão, não feita por mão humana, mas uma circuncisão que é de Cristo, pela qual renunciais ao corpo perecível. Com Cristo fostes sepultados no batismo (Cl 2,11-12). Ora, o batismo, por assim dizer, lava a alma das manchas contraídas por causa das tendências carnais, conforme está escrito: Lavai-me e mais branco do que a neve ficarei (Sl 50,9). Por isso, reconhecemos um só batismo de salvação, já que é uma só a morte que resgata o mundo e uma só a ressurreição dos mortos, das quais o batismo é figura.


Do Livro sobre o Espírito Santo, de São Basílio Magno, bispo.