sábado, 30 de junho de 2018

DITOS DOS PADRES DO DESERTO, UMA HISTÓRIA SOBRE O ARREPENDIMENTO



O Abençoado Abba Paulo, o Simples, discípulo do Abba Antão, contou aos Padres o que segue: Um dia ele foi a um mosteiro para visitá-lo e para se fazer útil aos irmãos. Após a conferência de costume, os irmãos entraram na santa igreja de Deus para realizar lá a synaxis, como era usual. O Abençoado Paulo olhou atentamente para cada um dos que entraram na igreja, observando a disposição espiritual com que eles foram para o serviço, pois havia recebido a graça do Senhor de ver o estado da alma de cada um, do mesmo modo com que podemos ver seus rostos.

Quando todos haviam adentrado a nave com olhos cintilantes e faces brilhantes, com o anjo de cada um a se alegrar sobre ele, Paulo disse: ''vejo um que está negro e cujo corpo está todo escurecido, os demônios estão em pé em cada lado dele, dominando-o, arrastando-o, e levando-o pelo nariz, e seu anjo, cheio de dor, com a cabeça baixa, segue-o à distância." Então Paulo, em lágrimas, batendo no peito, sentou-se na frente da igreja, chorando amargamente por causa do irmão que havia visto. 

A comunidade, vendo esse comportamento estranho e a mudança abrupta que o tinha levado às lágrimas e compunção, pediu-lhe insistentemente para contar-lhes por que estava chorando, temendo que estivesse fazendo isso como um sinal de acusação contra todos eles. Depois pediram-lhe para ir para a synaxis com eles. Mas Paulo permaneceu separado deles, sentado do lado de fora, lamentando o estado do irmão que havia visto.

Logo após o fim da synaxis, quando todos saíam, Paulo examinou cada um, querendo saber em que estado deixavam a nave. Ele viu o homem, anteriormente negro e sombrio, saindo da igreja com um rosto brilhante e um corpo branco, os demônios que o acompanhavam apenas à distância, enquanto o seu santo anjo seguia-o de perto, regozijando-se muito dele. Então Paulo saltou de alegria e começou a gritar, bendizendo a Deus, ''Ó, o inefável amor e a bondade de Deus ", e saiu correndo até um lugar elevado, gritando em voz alta:  ''Venham ver as obras do Senhor, quão terrível são e dignas de nossa admiração! Venha e veja, Ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade! Venha, vamos nos prostrar e lançar-nos aos Seus pés dizendo, Só Você pode levar nossos pecados'!''

Todos correram o mais rápido que puderam para se juntarem a ele, querendo ouvir o que estava dizendo. Quando estavam todos reunidos, Paulo relatou o que tinha visto na entrada da igreja e depois o que tinha acontecido, e pediu que o homem lhes contasse o porquê Deus tinha concedido uma mudança tão repentina nele. 

Em seguida, o homem a quem Paulo apontou contou tudo o que tinha acontecido com ele na frente de todos, dizendo: "Eu sou um homem pecador, eu vivi em fornicação por um longo tempo, até o presente momento, quando entrei na santa igreja de Deus, e ouvi a leitura do Santo Profeta Isaías; ou melhor, ouvi Deus falando através dele: " lavai-vos, purificai-vos. Tirai vossas más ações de diante de meus olhos. Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido; fazei justiça ao órfão, defendei a viúva. Pois bem, justifiquemo-nos, diz o Senhor. Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã! Se fordes dóceis e obedientes, provareis os melhores frutos da terra"(Cf. Is. 1:16-19) e eu", ele continuou, "o fornicador, fiquei repleto de remorso em meu coração por causa dessa palavra do profeta e gemi em meu interior, dizendo a Deus: "Deus, que veio ao mundo para salvar os pecadores, aquilo que Você agora proclama pela boca de seu profeta, que se cumpra em mim, que sou um pecador e um homem indigno. De agora em diante dou minha palavra e prometo no meu coração que não vou mais pecar, que renunciarei a a toda injustiça e que doravante te servirei com uma consciência pura. Hoje, ó Senhor, a partir deste momento em diante, receba-me, pois me arrependo e lanço-me aos Teus pés, e desejo no futuro abster-me de todo o mal'.

Continuou ele, ''Saí da Igreja com estas promessas, seguro em minha alma que já não cometeria nenhum mal diante de Deus. " Ao ouvirem estas palavras, todos com uma só voz clamaram a Deus:" Como são numerosas as tuas obras, Senhor, com que sabedoria fizeste todas elas "(Sl 104.: 24) Então, como cristãos, tendo aprendido com as Sagradas Escrituras e as Santas Revelações, conheçamos a grande bondade de Deus para aqueles que sinceramente se refugiam nele e que corrigiem suas falhas passadas pelo arrependimento, e não desesperemos de nossa salvação. Na verdade, como foi proclamada pelo profeta Isaías, Deus lava aqueles que estão sujos com o pecado, tonar-os brancos como lã e como a neve e derrama sobre eles as boas coisas da Jerusalém Celeste, do mesmo modo como lemos no Profeta Ezequiel que Deus jurou não nos deixar perdidos: ''Não sinto prazer com a morte de quem quer que seja - oráculo do Senhor Javé! Convertei-vos, e vivereis!" (Ezequiel 18:32)

quinta-feira, 28 de junho de 2018

São Jerônimo de Estridão e Belém 15 de junho -- Calendário Juliano


Jerônimo nasceu em uma família cristã na cidade de Estridão, localizada entre a Dalmácia e a Panônia. Seu nome completo era Eusébio Hierônimo Sofrônio. Seus pais o enviaram para Roma, onde estudou as ciências seculares. 

No início de sua vida na capital, o jovem ficou deslumbrado pelas vaidades mundanas e caiu em tentação. Ao fim de sua estada em Roma, Jerônimo decidiu mudar sua vida e passá-la na bondade e na pureza. Quando chegou aos 20 anos de idade, aceitou o Santo Batismo. Depois visitou a Gália, atual França, e escolhendo dedicar sua vida a Deus, queria tornar-se monge. 

Em 372, Jerônimo retornou à sua cidade natal, mas seus pais já haviam falecido. O monge ficou com a responsabilidade de educar suas irmãs mais novas e seu irmão Pauliniano. Esses cuidados fizeram com que adiasse seus planos de entrar para um mosteiro. 

Depois de cuidar de seus parentes, viajou para o Oriente com muitos amigos. Em 374, decidiu habitar no deserto de Chalcis, a sudeste de Antioquia. Permaneceu ali por cinco anos, combinando ascetismo e trabalho sobre as Sagradas Escrituras. São Jerônimo dominou as línguas hebraica e caldéia e começou a se corresponder com numerosas pessoas sobre uma grande variedade de temas. 120 dessas cartas foram preservadas. 

Havia uma controvérsia entre os Bispos Melétio, Paulino e Vitalis que alcançou o mosteiro em que São Jerônimo trabalhava. Em consequência, as disputas fizeram com que ele deixasse a vida monástica e rumasse para Antioquia. Ali, o Bispo Paulino o ordenou sacerdote. Depois disso, São Jerônimo visitou Constantinopla e conversou com os Santos Hierarcas Gregório Teólogo e Gregório de Nissa. 

Em 381, retornou à Roma, onde continuou seus estudos. O Santo Papa Damásio I [366-384], que também devotava muito de seu tempo ao estudo das Sagradas Escrituras, fez de São Jerônimo seu secretário. Mas por causa das denúncias que fez sobre a moralidade da sociedade cristã de então, muitos o difamaram. Três anos depois, ele abandonou a cidade e, junto com seu irmão Pauliniano e amigos, visitou a Terra Santa e os monges do deserto de Nítria. 

Em 386, se estabeleceu em uma caverna em Belém, próximo daquela em que Cristo havia nascido, e começou uma vida de ascetismo austero. Foi o período em que sua criatividade floresce e em que produziu obras que se tornaram um legado imorredouro da Igreja; coleção de trabalhos dogmáticos, obras de ascese, comentários sobre as Escrituras, trabalhos históricos. 

A mais importante de suas obras foi uma nova tradução dos livros do Velho e do Novo Testamento para a língua latina. Essa tradução se chama ''Vulgata'' e se tornou de uso geral no Ocidente. Em 411, Belém foi invadida por beduínos. Apenas por misericórdia de Deus a comunidade do idoso asceta foi salva da destruição completa. 

São Jerônimo terminou sua vida em uma caverna em Belém, por volta de 420. Suas relíquias foram transferidas de Belém para Roma em 642, mas sua localização presente é desconhecida.

+ São Nicolaj Velimirović, em: "Pensamentos sobre o bem e o mal".


Assim como as pessoas não entram numa guerra a fim de apreciar a guerra, mas a fim de serem salvas da guerra, do mesmo modo nós não entramos neste mundo a fim de apreciar este mundo, mas a fim de sermos salvos dele. Pessoas vão para guerras por causa de algo maior do que a guerra. Assim também nós entramos nesta vida temporal por causa de algo maior: a vida eterna. E assim como os soldados pensam com alegria em voltar para casa, também os cristãos se lembram constantemente do final de suas vidas e da volta à sua pátria celeste.

+ São Nicolaj Velimirović, em: "Pensamentos sobre o bem e o mal".

quarta-feira, 27 de junho de 2018

O Esposo está com eles


A Vida em Cristo, II, 75ss.


Para nós há duas maneiras de conhecer os objectos: o conhecimento que se pode receber por nos ser contado, e aquele que se pode adquirir por nós próprios. Pelo primeiro, não alcançamos o objecto em si, apenas o percebemos através de palavras, como numa imagem […]; de modo diverso, fazer a experiência dos objectos é encontrá-los realmente em si próprios. Neste segundo tipo de conhecimento, a forma do objecto prende a alma e desperta o desejo como um sinal à medida da sua beleza […].
Da mesma forma, se o nosso amor pelo Salvador nada produz de novo nem de extraordinário, é evidente que o nosso empenhamento em amá-Lo deriva de apenas termos ouvido falar a seu respeito. Como poderíamos nós, apenas por ouvir falar d’Ele, conhecê-Lo como merece, Esse a quem nada se assemelha […], Esse a quem nada pode ser comparado e que não pode ser comparado a nada? Como poderíamos conhecer a sua beleza e amá-Lo à medida da sua beleza? Mas, sempre que os homens experimentam um intenso desejo de amar, um desejo de fazer por Ele coisas que ultrapassam a natureza humana, é porque foi o próprio Esposo a tê-los tocado e ferido. Ele abriu-lhes os olhos à beleza divina. A profundidade da ferida testemunha o quanto a seta de facto penetrou; e o ardor do desejo revela Quem os feriu.
Eis como a nova Aliança é diferente da Antiga; antigamente era a palavra o que educava os homens; hoje, é Cristo em pessoa quem, de uma maneira indizível, prepara e modela as almas dos homens. Se o ensinamento da Lei bastasse para os conduzir, então não teriam sido necessários os actos extraordinários de um Deus tornado homem, que foi crucificado e depois morto. Isto é verdade também para os apóstolos, nossos pais na fé. Eles tinham ouvido os ensinamentos do Salvador, as palavras da sua boca; tinham visto os seus milagres e assistido a todas as provações que suportou pelos homens, viram-No morrer, ressuscitar e em seguida elevar-Se nos céus. Tudo isto eles o sabiam, mas nada mostraram de novo, de generoso, de verdadeiramente espiritual, até se terem baptizado no Espírito Santo […]. Só então, somente, o verdadeiro desejo por Cristo neles se acendeu, e através deles, se acendeu em outros.


Nicolas Cabasilas

(c. 1320-1363)


Teólogo leigo grego, Nicolas era sobrinho do célebre polemista Nilo Cabasilas. Nasceu em Salônica, em 1320, e faleceu antes de 1391. Fazia parte do círculo que trabalhado em estreita colaboração com o imperador João VI Cantacuceno. Entretanto, não era, com se costuma dizer, "Arcebispo de Tessalônica". Provavelmente, nem sequer tenha sido clérigo. Contudo, parece que, em 1354, tenha se candidatado ao trono patriarcal. Cabasilas era um homem bem instruído e qualificado, um dos melhores escritores da Igreja Grega no século XIV. Na controvérsia dos Hesicastas colocou-se ao lado de Gregorio Palamàs e o defendeu com ardor contra Nicéforo Gregoras (escreveu um panfleto intitulado "Contra as loucuras de Gregoras' PG 148,61). Combateu também os latinos por causa da forma da Eucaristia. A consagração, disse, (PG 150, 426) requer, juntamente com as palavras da instituição da Eucaristia, as orações que seguem nas quais se invoca o Espírito Santo (Epíclese). Além destas controvérsias, Cabasilas teria composto alguns tratados e sermões notáveis, a maioria dos quais encontram-se publicados. Os melhores são A interpretação da Divina Liturgia e A Vida em Cristo. Interpretação da Divina Liturgia1 é uma excelente exposição metódica e doutrinal dos ritos e fórmulas da Liturgia Bizantina. A obra foi consultada nas primeiras deliberações do Concílio de Trento sobre o sacrifício eucarístico. Bossuet, ao citar o autor, em 1689, chama-o de "um dos mais sólidos teólogos da Igreja grega." A Vida em Cristo2apresenta a vida espiritual como uma vida de união com Cristo que se comunica por meio dos sacramentos. Esta vida é obra da graça divina, de Cristo que opera de uma maneira especial por meio do Batismo e da Eucaristia. Esta graça exige, no entanto, a cooperação humana: a boa vontade que se submete à graça 3. Outro grupo de escritos constituem alguns discursos religiosos ou homilias: Homilia contra usurários (PG, 150,728-749); Panegírico de Santa Theodora (PG, 150, 753-772; Acta Sant, Abril I, 55-69.); Panegírico de São Demétrio em Th Ioannou, Mnemeia hagiologica, Veneza 1884, 67-114; Homilias Marianas: sobre a Natividade, a Anunciação, a Dormição, ed. O. Jugie em Patrologia Orientalis, XIX, 1925, 456-510; He Theometor. Treis theometorikes homilies, Atenas, 1968. Há que se acrescentar ainda uma curta Oração a Jesus Cristo, ed. e trad. em "Echos d'Orient", XXXV (Março de 1936). Para as outras edições parciais, cfr. H. O. Beck, Kirche und Literatur im byzantinischen Theologische Reich, Munique 1959, 780-783. G. Horn (La vie dans le Christ de N. Cabasilas, «Rey. d'ascetique et de mystique» 3 [1922] 20-45) resumiu nas cinco ideias seguintes a doutrina de Cabasilas: 1) A compenetração do mundo futuro e do mundo presente; 2) Os sentidos e as faculdades espirituais; 3) As relações íntimas de cristão com Cristo; 4) A obra do homem em união com Cristo; 5) O amor puro. Simplesmente, se poderia reduzir a doutrina espiritual de Cabasilas à doutrina do Corpo Místico de Cristo, de que "nós somos os membros e Ele é a cabeça" (PG 150, 500 D).

terça-feira, 26 de junho de 2018

Santa Virgem e Mártir Aquilina de Biblos 13 de junho -- Calendário Juliano


Aquilina, fenícia da cidade de Biblos, sofreu sob o Imperador Diocleciano [284-305]. Seus pais a haviam criado na piedade cristã. Quando a menina completou doze anos de idade, persuadiu um amigo pagão a se converter a Cristo. Um dos servos do governador imperial, Volusiano, a acusou de desviar os demais da religião dos ancestrais. A menina confessou firmemente a fé em Cristo diante do governador e disse que não renunciaria a ela. 

Volusiano tentou influenciar a jovem confessora  mas vendo a confiança de Aquilina ordenou que fosse torturada. Enquanto a torturavam cruelmente, o carrasco lhe perguntou, ''Onde está seu Deus? Deixe-O vir e te tirar de minhas mãos.'' A santa respondeu, ''O Senhor está comigo invisivelmente, e quanto mais sofro, mais força e resistência Ele me dá.'' 

Pensando que a mártir estava morta, o carrasco mandou atirá-la para fora da cidade para ser comida por cães. Mas à noite um Santo Anjo a curou. A mártir retornou à corte do governador Volusiano. Vendo-a, ele ordenou aos seus servos que mantivessem guarda sobre ela até a manhã, quando então sentenciou-a à morte, sob acusação de feitiçaria e de desobediência aos decretos imperiais. 

Enquanto levavam-na para a execução, Santa Aquilina dava graças a Deus por permitir que sofresse em Seu Santo Nome. Uma voz foi ouvida em resposta às suas orações, e antes que o carrasco cumprisse a sentença, a mártir entregou o espírito a Deus [+293]. 

Temendo desobedecer  ordens imperiais, o carrasco ainda assim a decapitou, embora já estivesse falecida. Os cristãos sepultaram piedosamente o corpo da mártir, e mais tarde suas relíquias foram transferidas para Constantinopla e estabelecidas em uma igreja construída em sua honra.


domingo, 24 de junho de 2018

Santo Ícone da Mãe de Deus "Axion Estin"

O ícone da Santíssima mãe de Deus, chamado isso estin na tradição grega (pelas duas primeiras palavras do hino do mesmo nome, que traduzem aproximadamente " é justo verdadeiramente"), foi pintado ("Hagiografiado", "escrito", para Ser mais exato, usando o termo próprio, usado exclusivamente para os ícones) aparentemente em Constantinopla (hoje istambul), seguindo o modelo do célebre ícone da " Virgem da ternura " (a "Eleousa",como também é conhecido). , tradicionalmente atribuído a são Lucas Evangelista, encontrado no santo mosteiro de kykkos. 
É um ícone de clássico estilo bizantino, em que o rosto da virgem mantém a típica sobriedade doce de outros ícones bizantinos contemporâneos a este. 
Para 1836, já a maior parte do ícone estava coberta de prata, ouro e pedras semipreciosas, em um clássico estilo "Atônita"; isto é, próprio dos monges do monte Athos. De fato, o ícone apresenta as marcas dos selos dos vinte mosteiros do monte. 
Devido à passagem do tempo, a imagem chegou a deteriorar-se ao ponto de que a imagem da virgem poderia ser apenas vista. Não foi senão graças aos trabalhos de restauração que o ícone pôde ser mantido em boas condições.
De acordo com uma tradição, um velho monge e o seu discípulo viviam numa pequena cela num dos mosteiros do monte Athos. 
Num sábado à noite, o velho não pôde assistir a uma vigília, que era suposto durar toda a noite. Ele disse ao seu discípulo que cantasse, ele sozinho, o serviço nessa ocasião. 
Nessa noite, um monge desconhecido, de nome Gabriel, chegou à cela, e começou a rezar a vigília com o jovem discípulo. 
Durante a nona ode do Canon dessa vigília, quando começaram a cantar o magnificat, o discípulo cantou o hino original, que inclui a frase "mais honrada que os querubins" com a qual se honra a Santíssima Mãe de Deus e sempre virgem Maria, e depois o monge visitante cantou o hino de novo, incluindo a frase"Verdadeiramente é digna" (incluída no hino "Axion Estin"). 
Enquanto cantava, o ícone começou a irradiar uma luz sobrenatural. 
Quando o discípulo pediu ao monge visitante que escrevesse as palavras do hino que estava cantando, este pegou uma telha e escreveu sobre ela com o dedo, como se o azulejo fora de cera. O discípulo soube então que não era um monge comum, mas sim o arcanjo Gabriel. 
Nesse momento, o arcanjo desapareceu, mas o ícone da mãe de Deus continuou a irradiar luz por algum tempo. Adicionamos um vídeo em que você pode ouvir o hino, na sua versão grega original. 



sábado, 23 de junho de 2018

SOBRE A HUMILDADE, SÃO GREGÓRIO DO SINAI.



Aqueles que buscam a humildade devem manter em mente os três seguintes pontos:

1 - Que eles são os piores de todos os pecadores;

2 - Que são as mais desprezíveis das criaturas, já que o estado em que vivem não é natural;

3 - Que seu estado é ainda mais lamentável do que o dos demônios, pois deles são escravos.

Você também se beneficiará se disser a si mesmo:

''Como posso saber quais são ou como são os pecados das demais pessoas, ou se são maiores ou iguais aos meus? Em nossa ignorância, você e eu, alma minha, somos o pior de todos os homens, somos pó e cinzas sob os pés deles."

Hieromártir Timoteo, Obispo de Prusa (23 de junio calendario común, 10 de junio calendario juliano)



El Hieromártir Timoteo, Obispo de Prusa (Bitinia), Recibió del Señor el don de ser milagroso por su pureza y santidad de vida. En Prusa el convirtió muchos paganos a la fe en Cristo. El emperador Juliano el Apostata (361-363), al oír sobre el Santo Timoteo, lo encerró en la cárcel. Hasta ahí continuaba predicando el Evangelio. Juliano no le permitió enseñar sobre Jesucristo, pero el santo continuaba difundiendo la fe Cristiana. Por fin, el emperador dio la orden que le cortaran la cabeza al santo. Sus reliquias santas fueron transferidas a Constantinopla un tiempo después.

+ Carta a Diogneto, capítulo 9.


Até aos nossos dias, que são os últimos, Deus foi permitindo que nos deixássemos conduzir ao sabor das nossas inclinações desordenadas, levados pelos prazeres e pelas paixões. Não que Ele tivesse o menor prazer nos nossos pecados; de modo nenhum! Apenas tolerava este tempo de iniquidade, sem nele consentir. Preparava assim o tempo atual da justiça, a fim de que, convencidos de termos sido indignos durante esse período por causa das nossas faltas, nos tornássemos agora dignos dele em razão da bondade divina.

+ Carta a Diogneto, capítulo 9

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Nós, filhos de Deus, permaneçamos na paz de Deus.

Do Livro dos Juízes 13,1-25

Anúncio do nascimento de Sansão.

Naqueles dias: 1Os filhos de Israel tornaram a fazer o mal na presença do Senhor e ele
entregou-os nas mãos dos filisteus, durante quarenta anos.

2Ora, havia um homem de Saraá, da tribo de Dã, chamado Manué, cuja mulher erae stéril. 3O anjo do Senhor apareceu à mulher e disse-lhe: “Tu és estéril e não tiveste
filhos, mas conceberás e darás à luz um filho.4Toma cuidado de não beberes vinho nem
licor, de não comeres coisa alguma impura, 5pois conceberás e darás à luz um filho. Sua cabeça não será tocada por navalha, porque ele será consagrado ao Senhor desde o
ventre materno, e começará a libertar Israel das mãos dos filisteus”.

6A mulher foi dizer ao seu marido: “Veio visitar-me um homem de Deus, cujo aspecto
era terrível como o de um anjo do Senhor. Não lhe perguntei de onde vinha nem ele me
revelou o seu nome. 7Ele disse-me: ‘Conceberás e darás à luz um filho. De hoje em
diante, toma cuidado para não beberes vinho nem licor, e não comeres nada de impuro,
pois o menino será consagrado a Deus, desde o ventre materno até ao dia da sua
morte’”.

8Então Manué orou ao Senhor, dizendo: “Peço-te, Senhor, que o homem de Deus que
enviaste venha de novo e nos diga o que fazer com o menino que vai nascer”. 9Deus
escutou a oração de Manué, e o anjo do Senhor veio de novo encontrar-se com a
mulher, que se achava no campo. Porém Manué, seu marido, não estava com ela. 10A
mulher correu, depressa, a avisar seu marido, dizendo: “O homem que se encontrou
comigo outro dia apareceu-me de novo”. 11Manué levantou-se e seguiu sua mulher.
Chegando junto do homem, perguntou-lhe: “És tu o homem que falou com esta
mulher?” Ele respondeu: “Sou eu mesmo”. 12Manué perguntou: “Quando a tua palavra
se cumprir, de que maneira havemos de criar esse menino e o que devemos fazer por
ele?” 13O anjo do Senhor respondeu a Manué: “Abstenha-se tua mulher de tudo o que
lhe disse, 14não coma nada do que nascer da videira, não beba vinho nem licor, não
coma nada de impuro, em suma, faça tudo o que lhe prescrevi”.

15Manué disse ao anjo do Senhor: “Peço-te, fica conosco enquanto te vamos preparar
um cabrito”. 16O anjo do Senhor respondeu a Manué: “Mesmo que me faças ficar, não
provarei da tua comida. Mas, se queres fazer um holocausto, oferece-o ao Senhor”. Sem
saber que se tratava do anjo do Senhor, 17Manué perguntou-lhe: “Qual é o teu nome,
para que, quando tua palavra se cumprir, possamos te honrar?” 18E o anjo do Senhor lhe
disse: “Por que perguntas o meu nome? Ele é misterioso!” 19Manué tomou o cabrito e a
oblação e ofereceu sobre a rocha um sacrifício ao Senhor que faz maravilhas. Manué e
sua mulher ficaram observando. 20Enquanto as chamas se elevavam de cima do altar
para o céu, com as chamas do altar subiu também o anjo do Senhor. À vista disso,
Manué e sua mulher caíram com o rosto em terra, 21e o anjo do Senhor não lhes
apareceu mais. Manué compreendeu logo que era o anjo do Senhor, 22e disse à mulher:
“Certamente vamos morrer, porque vimos a Deus”. 23Mas sua mulher lhe disse: “Se o
Senhor nos quisesse matar, não teria aceito de nossas mãos o holocausto e a oblação;
não nos teria deixado ver tudo isso que acabamos de ver nem ouvir o que ouvimos”.

24Ela deu à luz um filho e deu-lhe o nome de Sansão. O menino cresceu e o Senhor o
abençoou. 25O espírito do Senhor começou a agir nele no Campo de Dã, entre Saraá e
Estaol.


Do Tratado sobre a Oração do Senhor, de São Cipriano, bispo e mártir

(Nn.23-24: CSEL 3,284-285)
(Séc. III)

Nós, filhos de Deus, permaneçamos na paz de Deus.

Cristo acrescentou claramente uma lei que nos obriga a determinada condição: que
peçamos a remissão das dívidas, se nós mesmos perdoarmos aos nossos devedores,
sabendo que não podemos alcançar o perdão pedido a não ser que façamos o mesmo em
relação aos que nos ofendem. Por esta razão, diz em outro lugar: Com a mesma medida
com que medirdes, sereis medidos. E aquele servo que, perdoado de toda a dívida por
seu senhor, mas não quis perdoar o companheiro, foi lançado ao cárcere. Por não ter
querido ser indulgente com o companheiro, perdeu a indulgência com que fora tratado
por seu senhor.

Cristo propõe o perdão com preceito mais forte e censura ainda mais vigorosa: Quando
fordes orar, perdoai se tendes algo contra outro, para que vosso Pai, que está nos céus,
vos perdoe os pecados. Se, porém, não perdoardes, também vosso Pai, que está nos
céus, não vos perdoará os pecados. Não te restará a menor desculpa no dia do juízo,
quando serás julgado de acordo com tua própria sentença e o que tiveres feito, o mesmo
sofrerás.

Deus ordenou que sejamos pacíficos, concordes e unânimes em sua casa. Mandou que
sejamos tais como nos tornou pelo segundo nascimento; assim também ele nos quer
renascidos e perseverantes. Deste modo nós, filhos de Deus, permaneçamos na paz de
Deus e os que possuem um só Espírito tenham uma só alma e um só coração.

Deus não aceita o sacrifício do que vive em discórdia e ordena deixar o altar e ir
primeiro reconciliar-se com o irmão, para que, com preces pacíficas, possa Deus ser
aplacado. Maior serviço para Deus é a nossa paz e concórdia fraterna e o povo que foi
feito uno pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Nos sacrifícios que Abel e Caim foram os primeiros a oferecer, Deus não olhava os
dons, mas os corações, de forma que lhe agradava pelo dom aquele que lhe agradava
pelo coração. Abel, pacífico e justo, sacrificando com inocência a Deus, ensinou os
outros a depositar seus dons no altar com temor de Deus, simplicidade de coração,
empenho de justiça e de concórdia. Aquele que assim procedeu no sacrifício de Deus
tornou-se merecidamente sacrifício para Deus. Sendo o primeiro a dar a conhecer o
martírio, iniciou pela glória de seu sangue a paixão do Senhor, por ter mantido a justiça
e a paz do Senhor. Esses serão, no fim, coroados pelo Senhor; esses, no dia do juízo,
triunfarão com o Senhor.

Quanto aos discordantes, aos dissidentes, aos que não mantêm a paz com os irmãos,
mesmo que sejam mortos pelo nome de Cristo, não poderão, conforme o testemunho do
santo Apóstolo e da Sagrada Escritura, escapar do crime de desunião fraterna, pois está
escrito: Quem odeia seu irmão é homicida. Não chega ao reino dos céus nem vive com
Deus um homicida. Não pode estar com Cristo quem preferiu a imitação de Judas à de
Cristo.

SÃO NICOLAU CABASILAS SOBRE O MISTÉRIO DA EUCARISTIA


Em relação ao sacrifício em si mesmo, há uma questão que merece ser considerada. Já que não estamos lidando com um mero sacrifício figurativo ou um derramamento simbólico de sangue, mas com um holocausto e sacrifício verdadeiros, devemos nos perguntar o que é sacrificado: é o pão ou o Corpo de Cristo? Ou, colocando de outra forma, as ofertas são sacrificadas antes ou depois da consagração?

Se o sacrificado é o pão, devemos nos perguntar como tal pode acontecer. Certamente que os santos mistérios não consistem em assistir ao sacrifício de pão, mas sim do Cordeiro de Deus, que por Sua morte tirou os pecados do mundo. 

Por outro lado parece impossível que seja o Corpo do Senhor a ser sacrificado. Pois este corpo não pode mais ser morto ou ferido, desde que, estranho ao túmulo e à corrupção, tornou-se imortal. E mesmo que não fosse impossível que sofresse mais uma vez, deveriam existir executores para realizar a Crucifixação, e todos os demais elementos que estavam presentes no sacrifício -- isto é, se fosse um sacrifício verdadeiro, e não uma simples representação.

Como então pode ser isto, já que Cristo, ressuscitado dentre os mortos, não morre mais? Ele sofre uma vez no tempo; Ele se ofereceu uma vez pelo pecado de muitos. Se ele é sacrificado em cada celebração dos mistérios, Ele morre diariamente.

Há respostas para estes problemas? Sim: o sacrifício se cumpre nem antes nem depois da própria consagração. É necessário portanto preservar todos os ensinamentos de nossa fé em relação ao sacrifício, sem descuidar de nenhum. E que ensinamentos são estes? Em primeiro lugar, que este sacrifício não é uma mera figura ou símbolo, mas uma sacrifício verdadeiro; em segundo lugar, que não é o pão que é sacrificado, mas o próprio Corpo de Cristo; e em terceiro lugar, que o Cordeiro de Deus foi sacrificado uma vez somente, por todos os tempos.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Santa Melânia, a Anciã



A três vezes abençoada Melânia Divas, era espanhola de origem e romana por cidadania, visto que filha do Cônsul Marcelino. Melânia casou com Max Valério, o qual provavelmente fora prefeito de Roma, e com este teve um filho por nome Publícola, o qual, mais tarde se tornaria senador e casaria com Albina, uma jovem cristã, mas que era filha de um sacerdote pagão. Desta união nascera a neta de santa Melânia, que herdou também seu nome, e mais tarde se tornou uma grande santa, ficando conhecida como Melânia, a Jovem (comemorada em 31 de dezembro).

Tendo já secretamente a vocação Divina para a vida monástica, Melânia não hesitou em deixar seu filho com os tutores e foi prontamente para Alexandria, acompanhada de cinquenta jovens donzelas consagradas a Deus. Depois de vender seus bens, Melânia foi viver montanha de Nítria, se dedicando a peregrinar pelos desertos, visitando os santos eremitas que neles viviam e os ajudando em suas necessidades.

Uma turbulência política em Alexandria atingiu doze bispos e outros santos que lhes eram amigos de Melânia, os quais foram perseguidos e banidos da cidade, e ela lhes prestou solidariedade e socorro.

Melânia fundou um mosteiro em Jerusalém onde – com seus próprios recursos - abrigava os santos perseguidos e vítimas de infortúnio. Não somete isto, mas também com seu dinheiro ajudava igrejas, mosteiros e prisioneiros em toda a parte, na Pérsia, em Roma e por várias partes do mundo conhecido. Seu exemplo, inspirou seu filho e outros parentes que eram nobres, a serem ricos em generosidade, os quais, com os seus bens, a ajudavam em seu socorro aos pobres.

Transferência das Relíquias do Grande Mártir São Teodoro Stratelates 08 de junho -- Calendário Juliano



O Grande Mártir São Teodoro Stratelates sofreu por Cristo em Heracleia no dia 8 de fevereiro de 319. Ele havia ordenado ao seu servo Varo para sepultar seu corpo junto com seus pais em Euchaita. As transferência das relíquias do Grande Mártir ocorre em 8 de junho de 319. 

Nesse dia também relembramos um milagre do ícone de São Teodoro em uma igreja que lhe foi dedicada em Karsat, próximo a Damasco. Um grupo de sarracenos havia feito essa igreja de residência. Nela havia um afresco retratando o Grande mártir. Do rosto do santo começou a fluir sangue diante dos olhos de todos. Um pouco depois, os sarracenos que haviam se estabelecido ali começaram a se matar uns aos outros. 

Relatos desse milagre foram dados por Santo Anastásio do Monte Sinai [comemorado em 20 de abril] e São João Damasceno [comemorado em 4 de dezembro].

Depois do pão, pedimos o perdão dos pecados.

Do Livro dos Juízes                 8,22-23.30-32; 9,1-15.19-20

O povo de Deus tenta proclamar um rei.

            Naqueles dias: 8,22 Os homens de Israel disseram a Gedeão: “Sê nosso príncipe, tu, teu filho e teu neto, porque nos livraste das mãos dos madianitas”. 23Ele respondeu: “Nem eu nem meu filho vos dominaremos. O nosso chefe será o Senhor”.

              30E Gedeão teve setenta filhos, que saíram dele, porque tinha muitas mulheres.31Uma de suas concubinas, que estava em Siquém, deu-lhe também um filho, a quem ele mesmo deu o nome de Abimelec.

              32E morreu Gedeão, filho de Joás, numa boa velhice, e foi sepultado no sepulcro de Joás, seu pai, em Efra de Abiezer.

              9,1 Abimelec, filho de Jerobaal, foi a Siquém encontrar-se com os irmãos de sua mãe e com todos os parentes dela, e disse-lhes: 2“Falai assim a todos os habitantes de Siquém: O que é melhor para vós? Serdes dominados por setenta homens, todos eles filhos de Jerobaal, ou por um homem só? Lembrai-vos também de que eu sou osso de vossos ossos e carne de vossa carne”.3Os irmãos de sua mãe repetiram todas estas palavras aos habitantes de Siquém, e inclinaram o coração deles para Abimelec, dizendo: “É nosso irmão”.4Deram-lhe setenta siclos de prata do templo de Baal Berit, com os quais Abimelec contratou alguns homens miseráveis e aventureiros, que o seguiram.5Depois ele foi à casa de seu pai em Efra, e matou seus setenta irmãos, os filhos de Jerobaal, todos homens, sobre uma única pedra. Restou somente Joatão, filho mais novo de Jerobaal, porque se escondera.6Então todos os habitantes de Siquém e os de Bet-Melo se reuniram junto a um carvalho que havia em Siquém e proclamaram rei a Abimelec. 7Informado disso, Joatão foi postar-se no cume do monte Garizim e se pôs a gritar em alta voz, dizendo: “Ouvi-me, moradores de Siquém, e que Deus vos ouça. 8Certa vez, as árvores resolveram ungir um rei para reinar sobre elas, e disseram à oliveira: ‘Reina sobre nós’. 9Mas ela respondeu: ‘Iria eu renunciar ao meu azeite, com que se honram os deuses e os homens, para me balançar acima das árvores?’ 10Então as árvores disseram à figueira: ‘Vem e reina sobre nós’.11E ela lhes respondeu: ‘Iria eu renunciar à minha doçura e aos saborosos frutos, para me balançar acima das outras árvores?’12As árvores disseram então à videira: ‘Vem e reina sobre nós’.13E ela lhes respondeu: ‘Iria eu renunciar ao meu vinho, que alegra os deuses e os homens, para me balançar acima das outras árvores?’ 14Por fim, todas as árvores disseram ao espinheiro: ‘Vem tu reinar sobre nós’. 15O espinheiro respondeu-lhes: ‘Se deveras me constituís vosso rei, vinde e repousai à minha sombra; mas se não o quereis, saia fogo do espinheiro e devore os cedros do Líbano!’.19Se, pois, com lealdade e retidão agistes com Jerobaal e sua família no dia de hoje, alegrai-vos com Abimelec e que ele se alegre convosco. 20Mas, se não é assim, saia fogo de Abimelec e devore os habitantes de Siquém e de Bet-Melo. Saia fogo dos habitantes de Siquém e de Bet-Melo e devore Abimelec”.

Do Tratado sobre a Oração do Senhor, de São Cipriano, bispo e mártir.

(Nn.18.22: CSEL 3,280-281.283-284)             (Séc.III)

Depois do pão, pedimos o perdão dos pecados.



            Continuando a oração, fazemos o pedido: O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Pode-se entendê-lo tanto espiritual como naturalmente. De ambos os modos Deus se serve para nossa salvação. Cristo é o pão da vida e este pão não é de todos, é nosso. Assim como dizemos Pai nosso, por ser Pai dos que entendem e creem, assim dizemos pão nosso, porque Cristo é o pão dos que comem o seu corpo. Pedimos a dádiva deste pão, todos os dias; não aconteça que nós, que estamos em Cristo e diariamente recebemos sua eucaristia como alimento de salvação, sobrevindo alguma falta mais grave, nos abstenhamos e sejamos privados de comungar o pão celeste e venhamos a nos separar do corpo de Cristo, porque são suas as palavras: Eu sou o pão da vida, que desci do céu. Se alguém comer deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo.

            Assim, dizendo ele que viverá eternamente quem comer deste pão, como é evidente que vivem aqueles que pertencem ao seu corpo e recebem a eucaristia nas devidas disposições, é de se temer, pelo contrário, que se afaste da salvação aquele que se abstém do corpo de Cristo, conforme a advertência do Senhor:Se não comerdes da carne do Filho do homem e não beberdes de seu sangue, não tereis a vida em vós. Por este motivo, pedimos que nos seja dado diariamente nosso pão, o Cristo, para que não nos apartemos de sua santificação e de seu corpo, nós os que permanecemos e vivemos em Cristo.

            Em seguida, também suplicamos pelos nossos pecados: E perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Depois do pão, pedimos o perdão dos pecados.

            Quão necessária, providencial e salvadora a advertência de sermos pecadores, e obrigados a rogar a Deus pelos pecados! Porque, quando recorre à indulgência de Deus, a alma se lembra de sua condição. Para que ninguém esteja contente consigo, como se fosse inocente e pela soberba se perca mais completamente, quando se lhe ordena pedir todos os dias perdão pelos pecados, cada um toma consciência de que diariamente peca.

            Assim também João, em sua carta, nos adverte: Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não estará em nós. Se porém confessarmos nossas culpas, o Senhor, justo e fiel, perdoar-nos-á os pecados. Em sua carta reuniu as duas coisas: o dever de rogar pelos pecados e, rogando, suplicar a indulgência. Por isso diz que o Senhor é fiel, mantendo a sua promessa de perdoar as culpas, pois quem nos ensinou a orar por nossas dívidas e pecados também prometeu, logo em seguida, a misericórdia paterna e o perdão.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

19 de Junho de 2018 (CC) / 06 de Junho (CE) São Hilário, o Jovem, do Mosteiro de Dalmaton; Besarion do Egipto, o Milagroso.



São Hilário nasceu na Capadócia, por volta do ano 775. Seus pais, Theodócia e Pedro, prestavam serviço no palácio. Sendo pessoas muito devotas, semearam no coração do pequeno Hilário os ensinamentos cristãos. Este, ainda muito jovem, sentindo arder em seu coração a chama da fé, tomou a decisão de ir ao monastério Hironisu, em Constantinopla. Lá se dedicou ao aos estudos e exercícios espirituais. 

Um pouco mais tarde foi para o monastério de Dalmácia onde foi tonsurado monge, passando lá cerca de 10 anos. Durante este tempo, sua humildade, paciência e grande generosidade foi exemplo para todos os que o cercavam. Isto o levou a ser eleito abade do monastério. 

Após um breve período, teve início um grave problema no seio da igreja com a iconoclastas. Teve início então a perseguição ao Santo, com imposição de restrições aos monastérios, prisões, sofrimento, culminando com um exílio que durou cerca de oito anos. 

São Hilário, após a grande Triunfo da Ortodoxia no Sétimo Concílio Ecumênico, que confirmou a legitimidade dos ícones como expressões verdadeiras da fé cristã, retornou ao seu monastério, morrendo três anos depois, aos 70 anos, em paz e tranqüilidade.

São João, o Solitário, em ''Os Padres sírios, sobre a Oração e a Vida Espiritual''

Porque Deus é silêncio, e no silêncio Ele é cantado por meio daquela salmodia que é digna Dele. Não estou falando do silêncio da língua, pois se alguém meramente mantiver sua língua silente, sem que saiba cantar em mente e em espírito, então ele está simplesmente desocupado e se torna repleto de maus pensamentos:[...]Há um silêncio da língua, há um silêncio de todo o corpo, há um silêncio da alma, há um silêncio da mente, e há um silêncio do espírito.

São João, o Solitário, em ''Os Padres sírios, sobre a Oração e a Vida Espiritual''

terça-feira, 19 de junho de 2018

Salve Regina.




Missão Ortodoxa de Santo Atanásio Muenster (Alemanha) Junho de 2018, registrada após a Santa Missa, que foi celebrada de acordo com o antigo rito cisterciense por Dom Abade Thomas e assistido por dois subdiáconos.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Cântico Bizantino


 Cântico Bizantino: Coleção do salmo 135 com Ritmo triplo em varios tons bizantinos adaptação para o português por Dom Romanós Daoud.
Dedicado ao querido hipodiacono Paísios Diaz

Nossa oração é pública e universal.

Do Livro dos Juízes             4,1-24

Débora e Barac

            Naqueles dias: 1Os filhos de Israel tornaram a fazer o mal na presença do Senhor, depois da morte de Aod, 2e o Senhor entregou-os nas mãos de Jabin, rei de Canaã, que reinava em Hasor. O general do seu exército se chamava Sísara e habitava em Haroset-Goim. 3Os filhos de Israel clamaram ao Senhor, porque Jabin tinha novecentos carros de ferro e, já havia vinte anos, oprimia duramente Israel.

              4Ora, naquele tempo, a profetisa Débora, mulher de Lapidot, era quem julgava Israel. 5Ela costumava sentar-se sob a palmeira que levava o seu nome, entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim. E os filhos de Israel subiam até ela em todos os seus litígios. 6Ela mandou chamar Barac, filho de Abinoem, natural de Cedes de Neftali, e lhe disse: “Por ordem do Senhor Deus de Israel, vai e conduze o exército ao monte Tabor, e toma contigo dez mil combatentes dos filhos de Neftali e dos filhos de Zabulon. 7Quando estiveres junto da torrente do Quison, conduzirei a ti Sísara, general do exército de Jabin, com seus carros e todas as suas tropas, e o entregarei em tuas mãos”. 8Barac disse-lhe: “Se vieres comigo, irei. Se não vieres comigo, não irei”. 9Ela respondeu: “Está bem, eu irei contigo.Contudo, não será tua a glória da expedição que fazes, porque o Senhor entregará Sísara nas mãos de uma mulher”.

            Então Débora levantou-se e partiu com Barac para Cedes. 10Eele, convocando Zabulon e Neftali, marchou com dez mil combatentes, tendo Débora em sua companhia. 11Ora, o quenita Héber tinha-se separado dos outros quenitas, filhos de Hobab, sogro de Moisés, e tinha erguido suas tendas junto ao carvalho de Saanim, perto de Cedes.

              12Anunciaram a Sísara que Barac, filho de Abinoem, tinha avançado até ao monte Tabor. 13Então Sísara reuniu todos os novecentos carros de ferro e fez marchar todo o exército que estava com ele, desde Haroset-Goim até à torrente do Quison.

              14Débora disse a Barac: “Levanta-te, porque hoje é o dia em que o Senhor entregou Sísara em tuas mãos. E ele mesmo é o teu guia”. Barac desceu do monte Tabor, e os dez mil homens com ele.15O Senhor aterrorizou Sísara, com todos os seus carros e todas as suas tropas, que caíram ao fio da espada, perante Barac, de maneira que Sísara, saltando do seu carro, fugiu a pé. 16Barac foi perseguindo os carros que fugiam e o exército até Haroset-Goim, e todo o exército de Sísara foi morto, sem escapar um só.

              17Entretanto, Sísara chegou a pé à tenda de Jael, mulher do quenita Héber, pois havia paz entre Jabin, rei de Hasor, e a casa de Héber, o quenita. 18Jael saiu ao encontro de Sísara e lhe disse: “Entra, meu Senhor; entra, não temas”. Ele entrou na tenda e ela o cobriu com um manto. 19“Dá-me de beber um pouco de água”, disse ele, “pois tenho sede”. Ela abriu um odre de leite, deu-lhe de beber e o cobriu de novo.20E Sísara disse-lhe: “Fica à entrada da tenda, e se vier alguém perguntando: Há alguém aqui?, responderás: “Não há ninguém”. 21Mas Jael pegou um dos cravos da tenda, empunhou um martelo e, aproximando-se dele pé ante pé, cravou-lho nas têmporas, atravessando-o até à terra. E Sísara, que dormia profundamente, morreu.22E, nesse instante, chegou Barac, que vinha em perseguição de Sísara, e Jael saiu-lhe ao encontro, dizendo: “Vem, e te mostrarei o homem que procuras”. Ele entrou e viu Sísara caído e morto, com o cravo espetado nas têmporas.

              23Naquele dia Deus humilhou Jabin, rei de Canaã, diante dos filhos de Israel, 24que se foram tornando cada vez mais fortes contra Jabin, rei de Canaã, até que de todo o destruíram.

Do Tratado sobre a Oração do Senhor, de São Cipriano, bispo e mártir.

(Nn.8-9: CSEL 3,271-272)             (Séc.III)

Nossa oração é pública e universal.

            Antes do mais, o Doutor da paz e Mestre da unidade não quis que cada um orasse sozinho e em particular, como rezando para si só. De fato, não dizemos:Meu Pai que estais no céus; nem: Meu pão dai-me hoje. Do mesmo modo não se pede só para si o perdão da dívida de cada um ou que não caia em tentação e seja livre do mal, rogando cada um para si. Nossa oração é pública e universal e quando oramos não o fazemos para um só, mas para o povo todo, já que todo o povo forma uma só coisa.

            O Deus da paz e Mestre da concórdia, que ensinou a unidade, quis que assim orássemos, um por todos, como ele em si mesmo carregou a todos.

            Os três jovens, lançados na fornalha ardente, observaram esta lei da oração, harmoniosos na prece e concordes pela união dos espíritos. A firmeza da Sagrada Escritura o declara e, narrando de que maneira eles oravam, apresenta-os como exemplo a ser imitado em nossas preces, a fim de nos tornarmos semelhantes a eles. Então, diz ela, os três jovens, como por uma só boca, cantavam um hino e bendiziam a Deus. Falavam como se tivessem uma só boca e Cristo ainda não lhes havia ensinado a orar.
            Por isto a palavra foi favorável e eficaz para os orantes. De fato, a oração pacífica, simples e espiritual, mereceu a graça do Senhor. Do mesmo modo vemos orar os apóstolos e os discípulos, depois da ascensão do Senhor. Eram perseverantes, todos unânimes na oração com as mulheres e Maria, a mãe de Jesus, e seus irmãos. Perseveravam unânimes na oração, manifestando tanto pela persistência como pela concórdia de sua oração, que Deus que os faz habitar unânimes na casa, só admite na eterna e divina casa aqueles cuja oração é unânime. De alcance prodigioso, irmãos diletíssimos, são os mistérios da oração dominical! Mistérios numerosos, profundos, enfeixados em poucas palavras, porém, ricas em força espiritual, encerrando tudo o que nos importa alcançar!
Rezai assim, diz ele: Pai nosso, que estais nos céus.

O homem novo, renascido e, por graça, restituído a seu Deus, diz, em primeiro lugar,Pai!, porque já começou a ser filho. Veio ao que era seu e os seus não o receberam. Atodos aqueles que o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, aqueles que creem em seu nome. Quem, portanto, crê em seu nome e se fez filho de Deus, deve começar por aqui, isto é, por dar graças e por confessar-se filho de Deus ao declarar ser Deus o seu Pai nos céus.

Sao Cipriano e Santa Justina.