segunda-feira, 30 de abril de 2018

Qual a essência da Ortodoxia?

Qual a essência da Ortodoxia? É o Cristo Deus-homem. Tudo que é ortodoxo tem um caráter divino-humano: conhecimento, os sentidos, a vontade, a mente, a moralidade, o dogma, a filosofia e a vida. A humanidade divina é a única categoria em que todas as manifestações da Ortodoxia são recebidas e operam plenamente. Em toda a criação, Deus ocupa o primeiro lugar, o homem o segundo. Deus guia e o homem é guiado; Deus age e o homem coopera. Deus não age transcendentalmente, Ele não é o Deus abstrato do deísmo, mas antes o Deus da realidade histórica mais imediata, o Deus da revelação, o Deus que se tornou homem e viveu no interior das categorias de nossa existência humana enquanto aparecia por todo o lugar como santidade, bondade, sabedoria, justiça e verdade absolutas.

São Justino Popovich


São Teognosto de Alexandria.

''Devo te revelar um outro caminho para a salvação -- ou, antes, para a impassibilidade? Peça através de suas súplicas para que o Criador não te deixe falhar em seu propósito. Traga constantemente como intercessores diante Dele todos os poderes angélicos, todos os santos, e principalmente a Toda Pura e Santa Mãe de Deus. Não peça pela impassibilidade, pois você não é digno de tal dom; mas peça persistentemente pela salvação e com ela você alcançará também a impassibilidade. Uma é como a prata, a outra é como o ouro puro. Deixe, particularmente, que a meditação interior sobre Deus se torne sua serva, e volte toda sua atenção aos mistérios secretos que dizem respeito a Ele: pois o princípios destes mistérios te deificarão, e Deus se delicia neles e é conquistado por eles.''


São Teognosto de Alexandria

Aborto é a solução?



"Casos de estupro e incesto muito raramente levam à gravidez por várias razões. Nos casos em que isso acontece, devemos lembrar que a criança no útero não é culpada de qualquer crime, mas é também uma vítima. Como não pedimos a pena de morte para o criminoso de estupro ou incesto, por que deveríamos exigir a segunda vítima inocente?

Além disso, o aborto leva ao aumento do trauma, já que a vítima sofrerá o dano emocional e possivelmente físico, que é comum a todos os abortos. Entre 50% e 80% de todas as mulheres que tiveram abortos sofrem algum trauma psicológico, leve a grave, embora possa levar até 8 ou 10 anos antes de se manifestarem. Isto está simplesmente acumulando o trauma do aborto em traumas de estupro ou incesto. Uma mulher que realizou uma gravidez como essa pode, na verdade, acabar bem melhor fisicamente e psicologicamente do que uma mulher que escolhe abortar.

Finalmente, devemos lembrar que, como cristãos, somos obrigados a oferecer a compaixão de Deus à mulher, não a "compaixão" que é do mundo. O mundo diz que a mulher seria muito melhor matando seu filho. Essa assim chamada “compaixão” é perversa e leva à morte espiritual, moral e às vezes física. A compaixão de Deus tem mais respeito pelo sofredor, oferecendo o sofrimento de Seu Filho como um exemplo em nosso sofrimento e a promessa de Seu amor eterno e constante apoio em tempos de provação."
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Valerie Protopapas, Secretária Executiva e Diretora Educacional de Cristãos Ortodoxos pela Vida 

http://oca.org/resource-handbook/familylife/common-pro-abortion-cliches-and-the-pro-life-response

O fim da civilização ocidental?



Líderes cristãos tradicionais têm mostrado muitas vezes as múltiplas feridas das sociedades ocidentais, onde a família foi destronada e humilhada pela legislação irresponsável. A família tradicional tem sido a base de sociedades saudáveis, sem as quais toda a civilização entraria em colapso. Apesar disso, a família como a principal instituição da sociedade humana está constantemente sob ataque de governos e agora de   “igrejas”  que têm ideologia anti-humana.

O “casamento” homossexual que ameaça a fundação social dos Estados Unidos e de outros países ocidentais é outro flagelo para o futuro da humanidade.Aborto, contracepção, fornicação, indústria pornográfica e assim por diante ... constituem uma verdadeira ameaça à família cristã tradicional.

O efeito dessa realidade é assustador: em 20 anos os sociólogos estimam que a natalidade será reduzida a zero, a imoralidade causará um rápido envelhecimento da população - especialmente crianças, enquanto os parceiros homossexuais terão direito à adoção.

  Vários líderes cristãos alertaram que a sociedade enfrentará a extinção mais cedo do que o esperado devido à enorme pandemia de "comportamento erótico interrompido", associado a uma cultura da morte.

Nós nos lembramos das palavras de Cristo referentes ao fim do mundo: “a abominação da desolação permanecerão no lugar santo”.
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Tradução livre do fragmento extraído do blog: ttps://orthodoxword.wordpress.com,

terça-feira, 24 de abril de 2018

Venerando a Mãe de Deus.


Desde os primeiros tempos do Cristianismo, a Santa Virgem Maria, pelas Suas graças maravilhosas, por ser a escolhida de Deus e pela Sua permanente ajuda aos necessitados, sempre obteve a veneração e a gratidão dos cristãos.

A veneração da Toda-Santa Virgem Maria, começou desde o momento em que o Arcanjo Gabriel A saudou e Lhe comunicou o mistério da maternidade divina do Filho de Deus: “Rejubila-Te, Maria, Cheia de Graça! O Senhor é con´Tigo! Bendita és Tu entre as mulheres e Bendito é o fruto do Teu ventre!”

Com esta mesma saudação, acrescentada das palavras: “Bendito é o Fruto de Teu ventre!” a Sagrada Virgem Maria foi recebida por Isabel, mulher do sacerdote Zacarias, à qual o Espírito Santo revelou que estava perante a Mãe de Jesus Cristo (Lucas 1:41).

A dedicada veneração da Toda-Santa Virgem Maria na Igreja Cristã é realizada em numerosas datas, que a Igreja destaca como recordações de inúmeras circunstâncias da vida da Sagrada Virgem. Importantes Santos e pastores da igreja elaboraram hinos preces em honra da Virgem Maria, e se expressaram profundamente inspirados espiritualmente por Ela. Juntamente com esta intensa veneração pela Mãe de Deus, é importante para a nossa própria aprendizagem sabermos como Ela viveu, como Se preparou, como cresceu e amadureceu até este elevado nível de evolução, — ser o receptáculo da Palavra de Deus.

As escrituras do Antigo Testamento, que previram o nascimento do Filho de Deus, fazem referências também à Toda-Santa Virgem Maria. Desta forma, a primeira menção ao Cristo Salvador,  que já incluía também uma profecia em relação à Virgem Santa, foi feita no julgamento a serpente:

 “Criarei o litígio (como sinônimo de diferença) entre ti e a Mulher e entre a tua semente e a semente d'ela”(Gênesis 3:15). A profecia que já se refere ao futuro Cristo-Salvador, aqui nesta citação é representado pela referência àsemente Dela enquanto em todas as outras situações os descendentes são citados como sementes de qualquer um dos descendentes masculinos.

O profeta Isaías clarifica mais ainda esta profecia, indicando que Ela, a Mulher escolhida para gerar o Messias-Emanuel, será Virgem: “Pois por isso o Senhor Deus vos dará este sinal” — diz o profeta aos pouco crentes descendentes de David. E apesar do termo “Virgem” parecer estranho aos antigos povos judeus, (uma vez que necessariamente pressupõe uma relação conjugal), eles não se atreveram a trocar a palavra “Virgem” por outra do tipo “Mulher”. Portanto: “Uma Virgem conceberá e dará a luz um filho, e seu nome será Emanuel”— nome que significa: Deus está conosco” (Isaías 7:14).

pelo Bispo Alexsandr Mileant

domingo, 22 de abril de 2018

Domingo das Miróforas e do Nobre José de Arimatéia 09 de Abril -- Calendário Juliano.


No terceiro domingo após a Páscoa comemoramos as Miróforas, mulheres que foram ao túmulo de Cristo no domingo pela manhã, levando óleo e unguentos para cuidarem de seu corpo. 

Elas acabaram por se tornar as primeiras testemunhas e portadoras da Notícia da Gloriosa Ressurreição. A primeira a ver Cristo Ressuscitado foi Theotokos. Logo depois, Maria Madalena. As demais miróforas eram Maria e Martha de Betânia, Maria [mulher de Cleopas], Joana, Susana e Salomé.

O Nobre José de Arimatéia era membro do Sinédrio e um seguidor de Cristo em segredo. Ele e São Nicodemos ajudaram a remover o corpo do Senhor da Cruz, e o depositaram em um sepulcro que pertencia à José. Por causa disso, o Nobre de Arimatéia foi preso e depois exilado de sua terra natal. Ele passou a vida viajando para espalhar as Boas Novas, e foi na Inglaterra que repousou pacificamente no Senhor.


Evágrio Pôntico

"Você que aspira à prece pura vigie sua irascibilidade e você que ama a continência domine seu ventre; não dê pão ao seu estômago até a saciedade e racione a água; vigie durante a oração e afaste de você o rancor; que as palavras do Espírito Santo não o abandonem e bata às portas da Escritura tendo as virtudes como mãos. Então levantar-se-á para você a impassibilidade do coração e você verá na oração seu intelecto semelhante a um astro". (Evágrio Pôntico).


sexta-feira, 20 de abril de 2018

Catequese sobre a oração extratos.

Esta Catequese teve lugar em 1974, sendo dirigida à jovem comunidade dos monges recém-instalados no Monastério de Simonos-Petra (Monte Athos). O Arquimandrita Aimilianos lhes fala da oração do coração.

Primeiramente, quando nos referimos à oração, é necessário dizer que a oração não poder ser independente. Eu não posso afirmar que eu oro, se, no entanto minha oração não está em união com o seu complemento.

Existem coisas que, de fato, estão sempre juntas, e não podemos separar uma da outra. Como, por exemplo: Por que o Apóstolo Paulo ao falar da fé, não menciona as obras?(cf. Rm.4,5) Porque ao dizer “fé”, ele compreende uma fé que existe e que se manifesta por meio das obras. São Tiago ao falar das obras, (cf. Tg.2,14-26)diz que a fé não tem sentido algum sem elas, ele fala constantemente das obras, mas por quê? Porque as obras demonstram a fé. Estas duas realidades formam então um todo indissolúvel.

Desta mesma forma a oração está intimamente associada à uma outra realidade. Ela está ligada à Liturgia e mais profundamente à Santa Comunhão. Sem Liturgia e sem o Sacramento da Comunhão a existência da oração não é quase possível. Toda a oração seria então uma farsa. De igual modo, estejamos certos de que o culto que rendemos a Deus, tal como nossa comunhão, são vãos  diante de qualquer vida litúrgica marcada pela ausência de oração espiritual, (falo de uma oração interior forte, consolidada). Eles não passam de lama, lançada aos olhos de Deus, para Lhe fazer crer que O amamos; quando na realidade não temos relação alguma com Ele, e eis que um dia Ele nos dirá: “Euverdade vos digo que não vos conheço.” (Mt.25,12; cf. Lc.13,25). A vida litúrgica e a oração formam um todo. Elas constituem os dois ramos da vida espiritual; sendo uma a vida sacramental, condição primária à vida mística, e a outra, sendo a oração, que hoje analisamos, e que poderíamos dizer que é a raíz, o tronco, o ponto central da vida mística, que jorra da vida sacramental. A Santa Comunhão vem então em primeiro lugar no seio do culto. E por que razão? Por que é ela o preâmbulo indispensável?

Quando falamos da oração interior, não utilizamos a palavra proseuche, mas simplesmente o vocábuloeuche, pois a posição“pros”,“em direção à” nos indica seguidamente que a oração é um caminho direcionado à alguém, com o desígnio de nos unirmos à esta Pessoa. A oração interior(euche),é uma pausa – se podemos assim exprimir – um ato de júbilo que tem lugar em certo ponto onde Deus Se encontra. Como vedes, é-nos necessário fazer uma distinção.

Dizemos então que a oração(proseuche) supõe que nos dirijamos à uma Pessoa. Por consequência, para que haja oração, é preciso que esta Pessoa exista. E para poder dizer que oro, é preciso que a Sua presença e a Sua existência se tornem familiares em mim. Cristo, Aquele que está “no interior” de todas as coisas, Aquele que está presente presente em tudo, torna-Se presente em minha vida, por meio de minha participação litúrgica e, de forma privilegiada, de minha participação aos Santos Mistérios.

Por minha participação à vida litúrgica de nossa Igreja, eu me associo a Cristo, tornando-me membro de Seu Corpo. E à medida em que sou membro de Seu corpo - pois que torno-me efectivamente um membro vivo de Seu Corpo – é-me necessário participar às propriedades de Cristo, a fim de que se realizem em mim aperichorese e a permuta das qualidades, da mesma maneira, que em Cristo, Suas duas naturezas, divina e humana, complementam-se reciprocamente. Uma tal interpretação realiza-se pela Santa comunhão, que me faz participante às propriedades d’Aquele que é a minha Cabeça, Cristo; com Quem eu me tornei um.

Em consequência, a vida litúrgica e a Santa Comunhão estão indissoluvelmente ligadas. O que operam elas em mim? Elas tornam Deus, o Deus Vivo, presente em mim. O que resta a fazer agora? Vou me dirigir Àquele que vem em minha direção. Assim, por meio da Liturgia, Deus aproxima-Se de mim(perichorese), e por meio da oração, eu me aproximo d’Ele (proseuche), até que esta união seja total.

Esta orientação de todo o meu ser a Deus realiza-se pela via mística, continuamente e essencialmente pela oração. Aquilo que se produz em um dado momento ao interior da Igreja, em Vésperas, ou durante a celebração eucarística pela minha participação aos Santos Mistérios, prosseguir-se-á na oração. Eu não posso dizer que vou à Igreja se em contrapartida não faço antes minha oração. É então supérfluo ir à Igreja, desnecessário assistir à Liturgia e inútil comungar, quando não estou em estado de oração (contínua). E também inútil orar quando não participo a tudo o que veio a ser dito.

Todavia, a condição primordial e evidente é de assegurar à oração um lugar próprio, um lugar reservado, um espaço místico onde ela é cultivada.

Quando plantamos uma flor, preparamos a terra, tornamo-la fértil, adicionamos os adubos necessários, a fim de que desta raiz nasça uma flor. Se não a adubarmos, nem apropriarmos a terra, deixando-a arenosa, por exemplo, é em vão que plantamos esta raiz. O mesmo acontece à oração que permanecerá estéril, não ultrapassando o cimo de nossa cabeça – nem ainda podendo chegar às alturas das nuvens, atingindo os Céus – se ela não for plantada em suaterra mística, enriquecida pelo complemento espiritual; a vigília, a meditação e o jejum.

pelo Arquimandrita Aimilianos
Igumeno do  Monastério de Simonos Petra 
Santa Montanha (Athos)

terça-feira, 17 de abril de 2018

São José, o Hinógrafo 04 de abril -- Calendário Juliano.



José, o Hinógrafo, ''o doce rouxinol da Igreja'', nasceu em uma piedosa família da Sicília em 816. Seus pais, Plotino e Agatha, se moveram para o Peloponeso para se salvarem das invasões bárbaras. Quando completou quinze anos, José partiu para Tessalônica e entrou no Mosteiro de Latomos. Lá se distinguiu por sua grande piedade, seu amor pelo trabalho, sua humildade, e conquistou a boa vontade de toda a comunidade. Mais tarde, foi ordenado presbítero. 

São Gregório, o Decapolita, comemorado em 20 de novembro, visitou o mosteiro e tomou conhecimento do jovem monge, levando-o então para Constantinopla. Ali se estabeleceram próximos à Igreja dos Santos Mártires Sérgio e Baco. Tal se sucedeu durante o reinado do Imperador Leo, o Armênio [813-820], um período de intensa perseguição iconoclasta. 

São Gregório e José defenderam sem temor a veneração dos santos ícones. Pregavam nas praças das cidades e visitavam os lares dos Ortodoxos, encorajando-os contra os hereges. A Igreja de Constantinopla se encontrava em uma posição muito grave, pois não apenas o Imperador mas também o Patriarca caíram na heresia. Neste momento, o Papa Leo III prestou grande serviço à Igreja, e São José foi escolhido pelos monges como mensageiro a fim de solicitar a ajuda do Bispo de Roma. São Gregório o abençoou em sua viagem a Roma com o objetivo de relatar as atrocidades iconoclastas e os perigos à Ortodoxia. 

Durante a viagem, São José foi capturado por brigadas de árabes que trabalhavam como mercenários para os Iconoclastas. Eles o levaram para Creta e o entregaram nas mãos dos hereges, que, por sua vez, o encarceraram. Suportando corajosamente todas as tribulações, o santo encorajava os demais prisioneiros. Por suas orações, um Bispo que começava a fraquejar fortaleceu seu coração e se tornou um mártir da Fé. 

Depois de seis anos na prisão, em uma noite da Natividade de Cristo, em 820, o monge recebeu a visão de São Nicolau de Myra, que o avisou da morte do Imperador Leo, o Armênio, e do fim da perseguição. São Nicolau lhe entregou um rolo de papiro e lhe disse para comê-lo. Após comê-lo, São Nicolau lhe pediu que cantasse as palavras que tinha lido. Após isto, as portas da prisão foram abertas, e São João saiu dali e, transportado pelo ar, foi colocado em uma estrada próxima à Constantinopla e que levava até a cidade. 

Quando chegou à cidade, São José soube que São Gregório Decapolita não se encontrava mais entre os vivos. Construiu uma Igreja em homenagem ao seu pai espiritual, e um mosteiro foi fundado próximo a ela. Também construiu uma Igreja em homenagem ao Santo Apóstolo Bartolomeu, cujas relíquias lhes foram entregues por um homem virtuoso. Ao perceber que não havia cânone sobre o Santo Apóstolo, resolveu enfeitar a festa a ele dedicada com hinos. Por quarenta dias orou repleto de lágrimas, se preparando para a Festa do Santo Apóstolo. Na véspera da comemoração, São Bartolomeu apareceu a ele no altar, pressionou o Santo Evangelho no peito de José e o abençoou para que compusesse hinos para a Igreja. Após esta miraculosa aparição, São José compôs um Cânone para São Bartolomeu, e a partir daí realizou outros hinos em honra da Mãe de Deus, dos santos, de São Nicolau e outros. 

Durante o revival da heresia iconoclasta durante o Imperador Teófilo [829-842], São José mais uma vez sofreu nas mãos dos hereges. Foi exilado em Cherson por onze anos. Mas quando a veneração dos santos ícones foi restabelecida pela Santa Imperatriz Theodora, comemorada em 11 de fevereiro, São José se tornou guardião dos vasos sagrados de Hagia Sophia. Mas, pela denúncia que fez contra o irmão da Imperatriz, Bardas, que vivia em concubinato ilegal, o santo foi mais uma vez exilado e só retornou a Constantinopla com a morte de seu algoz, em 867. O Santo Patriarca Fócio, comemorado em 6 de fevereiro, restaurou-lhe em sua posição e o tornou Padre Confessor de todo o clero de Tsar'Grad. 

Tendo alcançado uma idade avançada, São João ficou doente. Recebeu em sonho o aviso da proximidade de sua morte, e se preparou para ela orando intensamente, não por si mesmo, mas pela paz da Igreja e pela Misericórdia de Deus. Tendo recebido os divinos Mistérios, abençoou a todos que se encontravam ao seu redor e adormeceu no Senhor. Os coros dos anjos, glorificados por São José em vida, levaram sua alma em triunfo para o Paraíso. A maior parte dos cânones do Menaion são trabalhos de São João, que também compôs muitos hinos no Parakletiko.



São Serafim de Sarov.



Quando o espírito mal do rancor toma a alma, então ao cumulá-la com sua amargura e desconforto, não permite que oremos com a diligência necessária; ele abala a atenção necessária à leitura de assuntos espirituais, desprovendo-a da humildade e a boa natureza no tratamento para com o próximo, sem falar que gera aversão a qualquer diálogo. Pois que a alma magoada, tornando-se insana e frenética, não pode aceitar uma sugestão calma, nem responder de maneira doce as questões que lhe são colocadas.

Corre das pessoas como que dos autores de seu embaraço, não compreendendo que a razão por tal enfermidade – está no interior dela própria. O rancor é o verme do coração.

por São Serafim de Sarov

O lugar de Maria na Igreja Ortodoxa.


No dia de 22 de setembro (09 setembro), a Igreja Ortodoxa comemora os Santos Joaquim e Ana, Antepassados do Senhor e também o III Concílio Ecumênico, reunido em 431 em Éfeso.

No Prólogo de Ocrid, escrito pelo grande Hierarca de nossos tempos, o Bispo Nicolaj Velimorovitch, temos as seguintes passagens para o Sinaxário de hoje: 

São Joaquim era da linhagem de Judá e descendente do rei David. Ana era filha de Matã, sacerdote da linhagem de Levi, assim como Aarão, o sumo-sacerdote. Matã tinha três filhas Maria, Sofia e Ana. Maria casou-se, viveu em Belém e deu à luz a Salomé. Sofia também se casou, vivendo em Belém e gerou a Isabel, mãe do São João, o Precursor. Ana, por sua vez, casou-se com Joaquim em Nazaré e, em avançada idade, deu à luz a Maria, a Santíssima Mãe de Deus. Joaquim e Ana foram casados por cinqüenta anos e, ainda assim, continuaram estéreis. Viviam piedosa e devotamente e, de tudo o que produziam gostavam um terço com si próprios, distribuíam um terço aos pobres e doavam o último terço ao Templo, nada lhes faltava. Certa ocasião, já idosos, edirigiram-seà Jerusalém para oferecer um sacrifício a Deus. Osumo-sacerdote Isacar repreende Joaquim, dizendo: “Não és digno de teres um dom aceito por tuas mãos, pois não tens filhos.” Os demais presentes no templo, que possuíam filhos, empurraram Joaquim para trás, como se fosse o mais indigno de todos. Este fato causa indescritível dor na alma dos dois anciãos (Joaquim e Ana), e elesregressam à casa em grande dor. Ambos caem, então, de joelhos diante de Deus em oração, para que Ele lhes concedesse um milagre, como outrora, concedido a Abraão e Sara, dando-lhes um filho como conforto da avançada idade. Por conseguinte, Deus envia Seu Anjo, que lhes anuncia o nascimento de “uma filha benditíssima, por Quem todas as nações da terra seriam abençoadas e por Quem viria a salvação do mundo.” Pouco tempo depois, Ana concebe e, passados nove meses, dá a luz à Santa Virgem Maria. São Joaquim vive por oitenta anos e Ana por setenta e nove, idade em que repousam no Senhor.

Este Concílio reuniu-se em Éfeso, em 431, no tempo do Imperador Teodósio, o Jovem. Contou com a participação de duzentos Santos Padres. O Concílio condenou Nestório, Patriarca de Constantinopla, por seus heréticos ensinamentos sobre a Santíssima Virgem Maria e o nascimento do Senhor. Nestório não queria designar a Santa Virgem como Theotokos (Genitora de Deus), mas como Cristotokos (Genitora de Cristo). Os Santos Padres condenam os ensinamentos de Nestório e confirmam que a Santa Virgem devesse ser chamada de Theotokos. Além do mais, o Concílio confirma as decisões dos Primeiro e Segundo Concílios Ecumênicos, especialmente o que se referia ao Credo Niceno-Constantinopolitano, ordenando que ninguém lhe retirasse nem acrescentasse nada.

O lugar de Maria na piedade da Igreja Ortodoxa tem grande importância no crescimento espiritual de todos nós. Sua Natividade, na carne, de pais estéreis em sua velhice, mas confiantes na relação com Deus, é o ato que marca o início do Reino que vem se instalar na Terra. Deus prepara, primeiramente, um humilde e fervoroso casal para acolher Aquela que viria dar a luz ao Filho de Deus na carne, é Maria Quem vem dar à luz de maneira misteriosa e miraculosamente pelo Espírito Santo.

Na realidade do Cristianismo Oriental Maria não é a Imaculada Conceição. Ela é gerada na carne, segundo uma promessa, de maneira natural à qualquer relação humana conjugal. Quem deu à luz a Deus? Maria, somente. O dogma da Imaculada Conceição da Igreja católico-romana pode fazer de Maria um(a) deus(a) – gerada sem pecado – no lugar de Seu próprio Filho. Não é em vão que em muitas de Suas representações pitorescas e estátuas Ela aparece sozinha, sem Seu Filho – contrário à Iconografia da Igreja Ortodoxa.

O fato que A marca, fazendo-A sujeito de toda veneração não é somente Sua virgindade, mas sobretudo Sua maternidade – ser a Mãe de Deus (Theotokos).

O Concílio de Éfeso, especialmente na pessoa do santo Hierarca Cirilo de Alexandria, vem justamente dar o devido lugar de Maria na Igreja, cuja terminologia inspirada pelo Espírito Santo, soube perfeitamente encontrar sua plenitude. Ao denominá-la Cristotokos (que gera a Cristo), cairíamos no erro de concebê-Lo somente enquanto homem e não como o Deus-Homem, que nos liberta e concede a salvação, pela Sua Encarnação.

Segundo as palavras do grande teólogo Georges Florovsky: a união a Cristo, razão de ser da Igreja e, em definitivo, o objetivo de todo cristão, é antes de tudo a participação ao Seu amor de oferenda pela humanidade. Aquela que de maneira única está unida ao Redentor – pelos laços do amor maternal – desempenha ai um grande papel. A Mãe de Deus torna-Se a Mãe de todos os viventes, de todo gênero humano, de todos aqueles que nascem e daqueles que renascem da água e do espírito. […] O mistério de Maria é o mistério da Igreja. Nossa Mãe a Igreja e a Mãe de Deus dão juntas a luz à uma vida nova. […] A Igreja chama a si os fiéis e os ajuda a crescer espiritualmente nos mistérios da fé, mistérios de sua própria existência e de seu destino espiritual. Na Igreja, eles aprendem a contemplar o Cristo vivo ao mesmo tempo que o coro triunfante da Igreja dos primogênitos inscritos nos Céus (Hb. 12, 23), e a adorá-los. E neste coro eclatante de glória, distinguem o rosto radiante da Santíssima Mãe do Senhor e Redentor, rosto tomado de graça e de amor, de compaixão e de misericórdia, rosto d´Aquela que é “mais venerável que os Querubins e incomparavelmente mais gloriosa que os Serafins” [...]

Aurora

Ícone de São Joaquim e Santa Ana:




Fonte: http://auroraortodoxia.blogspot.com.br/2012/09/o-lugar-de-maria-na-igreja-ortodoxa.html?m=1

segunda-feira, 16 de abril de 2018

A grande multidão marcada pelo selo de Deus.


Primeira leitura:

Do Livro do Apocalipse             7,1-17

A grande multidão marcada pelo selo de Deus.

        Eu, João, 1vi quatro anjos postos nas quatro extremidades da terra. Eles seguravam os quatro ventos da terra, para que o vento não pudesse soprar na terra nem no mar nem nas árvores. 2Vi um outro anjo, que subia do lado onde nasce o sol. Ele trazia a marca do Deus vivo e gritava, em alta voz, aos quatro anjos que tinham recebido o poder de danificar a terra e o mar, dizendo-lhes: 3“Não façais mal à terra nem ao mar nem às arvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus”. 4Ouvi então o número dos que tinham sido marcados: eram cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel: 5da tribo de Judá, doze mil; da tribo de Rubem, doze mil; da tribo de Gad, doze mil; 6da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Neftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; 7da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; 8da tribo de Zabulão, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim, doze mil.

        9Depois disso, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão. 10Todos proclamavam com voz forte: “A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro.”

        11Todos os anjos estavam de pé, em volta do trono e dos Anciãos e dos quatro Seres vivos e prostravam-se, com o rosto por terra, diante do trono. E adoravam a Deus, dizendo: 12“Amém. O louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus para sempre. Amém.”

        13E um dos Anciãos falou comigo e perguntou: “Quem são esses vestidos com roupas brancas? De onde vieram?” 14Eu respondi: “Tu é que sabes, meu senhor.” E então ele me disse: “Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro. 15Por isso, estão diante do trono de Deus e lhe prestam culto, dia e noite, no seu templo. E aquele que está sentado no trono os abrigará na sua tenda. 16Nunca mais terão fome nem sede. Nem os molestará o sol nem algum calor ardente. 17Porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água da vida. E Deus enxugará as lágrimas de seus olhos.”


Segunda leitura:

Do Comentário à Primeira Carta de São Pedro, de São Beda Venerável, presbítero. 
(Cap.2:PL93,50-51) (Séc.VIII)

Raça escolhida, sacerdócio do Reino.

        Vós sois a raça escolhida, o sacerdócio do Reino (1Pd 2,9). Este elogio foi feito outrora por Moisés ao antigo povo de Deus. Agora com maior razão, o apóstolo Pedro o aplica aos pagãos pois acreditaram em Cristo, que como pedra angular, reuniu todos os povos na mesma salvação que fora dada a Israel.

        Chama-os de raça escolhida, por causa da fé que os distingue daqueles que, rejeitando a pedra viva, acabaram sendo eles mesmos rejeitados.

        Chama-os também sacerdócio do Reino, porque estão unidos ao corpo daquele que é o supremo rei e verdadeiro sacerdote. Como rei torna-os participantes do seu reino e, como sacerdote, purifica-os dos pecados pelo sacrifício do seu sangue. Chama-os sacerdócio do Reino para que se lembrem de esperar o reino eterno e ofereçam continuamente a Deus o sacrifício de uma conduta irrepreensível.

        São ainda chamados nação santa e povo que ele conquistou (1Pd 2,9), de acordo com o que diz o apóstolo Paulo, comentando uma passagem do Profeta: O seu justo viverá por causa de sua fidelidade, mas se esmorecer, não encontrarei mais satisfação nele. Nós não somos desertores, para a perdição. Somos homens de fé, para a salvação da alma (Hb 10,38-39). E nos Atos dos Apóstolos: O Espírito Santo vos colocou como guardas para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o sangue de seu próprio Filho (At 20,28).

        Portanto, o sangue de nosso Redentor fez de nós um povo que ele conquistou, como outrora o sangue do cordeiro libertou do Egito o povo de Israel.

        Eis por que, no versículo seguinte, recordando o significado místico da antiga história, Pedro ensina que ela deve ser realizada espiritualmente pelo novo povo de Deus, acrescentando: Para proclamar suas obras admiráveis (cf. 1Pd 2,9). De fato, os que foram libertados da escravidão do Egito por Moisés, entoaram ao Senhor um cântico de vitória, depois de terem atravessado o mar Vermelho e afogado o exército do Faraó. Do mesmo modo, também nós, depois de termos recebido no batismo o perdão dos pecados, devemos agradecer dignamente os benefícios celestes.

        Os egípcios que afligiam o povo de Deus, e por isso eram símbolo das trevas e tribulações, representam muito bem os pecados que nos oprimiam, mas que foram lavados pelas águas do batismo.

        A libertação dos filhos de Israel e a sua caminhada para a terra outrora prometida, têm íntima relação com o mistério da nossa redenção; por ela nos dirigimos para os esplendores da morada celeste, sob a luz e direção da graça de Cristo. Esta luz da graça foi também prefigurada por aquela nuvem e coluna de fogo que,durante toda a peregrinação pelo deserto defendeu os israelitas das trevas da noite e os conduziu através de veredas indescritíveis para a pátria prometida.





domingo, 15 de abril de 2018

O Domingo do Santo Apóstolo Tomé.



A Igreja Ortodoxa celebra Tomas domingo uma semana após a celebração do domingo de Santa Páscoa. Este dia comemora a aparição de Cristo aos seus discípulos na tarde de domingo depois da Páscoa. Ele também se lembra da aparição do Senhor aos seus discípulos oito dias depois, quando São Tomás estava presente e proclamou "Meu Senhor e meu Deus", vendo as mãos e o lado de Cristo.

Domingo também chamado Antipascua (que significa "no lugar da Páscoa," não "em oposição à Páscoa"), uma vez que este dia, o primeiro domingo depois da Páscoa, a Igreja consagra todos os domingos do ano a comemoração da Páscoa, isto é, a ressurreição.

O Santo Apóstolo Tomé é comemorado pela Igreja no dia 6 de outubro.

História bíblica

Os eventos que são comemorados no domingo de San Tomas estão registrados no Evangelho de San Juan 20: 19-29. Após a crucificação e sepultamento de Cristo, os discípulos foram reunidos em uma sala com as portas fechadas e seguras por medo dos judeus. Na tarde de domingo depois da Páscoa, Jesus Cristo entrou na sala e ficou em pé no meio deles, cumprimentando-os dizendo: "A paz esteja convosco". (V. 19) Mostrou aos discípulos suas mãos, pés e lado. (V. 20)

Tomé não estava presente com os discípulos quando Jesus apareceu para eles, e ele não aceitou o testemunho dos outros discípulos em relação à ressurreição de Cristo. Ele disse: "Se eu não vejo a marca dos cravos em suas mãos e coloco meu dedo no buraco das unhas e minha mão em seu lado, não vou acreditar". (Versículos 24-25)

Jesus se voltou para Tomé, que é o último dos discípulos a acreditar que Cristo havia ressuscitado dos mortos. Jesus não o repreendeu. Suas palavras respiram o perdão e encorajamento à fé de Tomé. Ele traz Thomas para a segurança, assim como ele fez para os outros discípulos. A fé de Tomás se aprofunda com a aparência de seu Senhor ressuscitado.

Tomás você queria a prova, a prova, veja, veja por si mesmo! . "E depois de oito dias outra vez os seus discípulos estavam reunidos, e Tomé com eles quando Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco Depois disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos ., Estende a tua mão e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas respondeu acreditar Thomas e disse-lhe: meu Senhor e meu Deus, Jesus disse-lhe: Porque me viste, creste; bem-aventurados os que não viram! e eles acreditavam "(20: 26-29).

ÍCONE DE DOMINGO DE THOMAS

O ícone do Domingo de Tomás representa Cristo em pé no meio dos irmãos. Ele se apresentou aos onze no cenáculo e está convidando Thomas a examinar as mãos e o lado dele. Thomas está tentando tocar o lado de Jesus. Ele também está procurando por Jesus de uma maneira que indique sua fé e como ela foi escrita nas Escrituras.

A festa na Igreja Ortodoxa:

O Domingo de Tomás é celebrado com a Divina Liturgia de São João Crisóstomo. Neste domingo e durante todo o período da Páscoa até a despedida da Páscoa, o dia antes da festa da Ascensão, os serviços começam com a canção da tropa pascal: "Cristo ressuscitou ...".

Leituras bíblicas para a festa são: Em Ortos: Mateus 28: 16-20, os primeiros onze Ressurreição do Evangelho passagens que são lidos em um ciclo ao longo do ano durante Matins no domingo. Neste dia do ciclo sempre começa com a primeira passagem do Evangelho; Durante a Santa Eucaristia: Atos 5: 12-20 e João 20: 19-31.



A celebração da Eucaristia.

Primeira leitura:

Do Livro do Apocalipse             6,1-17

O livro de Deus é aberto pelo Cordeiro.


        1Eu, João, vi o Cordeiro abrir o primeiro dos sete selos, e ouvi o primeiro dos quatro Seres vivos dizer com voz de trovão: “Vem!”2Vi então aparecer um cavalo branco. O cavaleiro tinha um arco, e deram-lhe uma coroa. Saiu, vitorioso e para vencer ainda mais.

        3E quando o Cordeiro abriu o segundo selo, ouvi o segundo Ser vivo dizer: “Vem!”4E apareceu um outro cavalo, vermelho, e ao seu cavaleiro foi dado poder de afastar a paz da terra, de modo que os homens se matassem uns aos outros. Foi-lhe dada também uma grande espada.

        5E quando o Cordeiro abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro Ser vivo dizer: “Vem!” Vi então um cavalo preto, e o seu cavaleiro segurava uma balança. 6E ouvi uma voz que vinha do meio dos quatro Seres vivos: “Um quilo de trigo por um dia de trabalho! Três quilos de cevada por um dia de trabalho! Não estragues o azeite e o vinho”.

        7E quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi o quarto Ser vivo dizer: “Vem!” 8Vi então um cavalo esverdeado, e o seu cavaleiro era chamado “a Morte”, e a Morada dos mortos o acompanhava. Foi-lhe dado poder sobre a quarta parte da terra, para que matasse pela espada, pela fome, pela peste e pelas feras da terra.

        9E quando o Cordeiro abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que tinham sido imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que mantinham firme. 10Gritavam com voz forte: “Senhor santo e verdadeiro, até quando tardarás em fazer justiça, vingando o nosso sangue contra os habitantes da terra?

        11Então, cada um deles recebeu uma veste branca e foi-lhes dito que descansassem mais um pouco de tempo, até se completar o número dos seus companheiros e irmãos, que iriam ser mortos como eles.

        12E quando o Cordeiro abriu o sexto selo, eu vi acontecer um grande terremoto, e o sol ficou escuro como grosseiro tecido de luto e a lua tornou-se toda cor de sangue. 13As estrelas do céu caíram sobre a terra, como a figueira deixa cair seus frutos verdes, quando bate um vento forte,14e o céu foi-se recolhendo como folha de papel que se enrola. Todas as montanhas e ilhas foram arrancadas de seus lugares.15Os reis da terra, os magnatas e os chefes militares, os ricos, os poderosos e todos os escravos e livres, esconderam-se nas cavernas e nas rochas das montanhas 16e diziam aos montes e aos rochedos: “Caí em cima de nós e escondei-nos da face daquele que está no trono e da ira do Cordeiro. 17Pois chegou o grande dia de sua ira, e quem poderá ficar de pé”

Segunda leitura:

Da Primeira Apologia a favor dos cristãos, de São Justino, mártir

(Cap.66-67: PG 6,427-431)     (Séc.I)

A celebração da Eucaristia.


        A ninguém é permitido participar da Eucaristia, a não ser àquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, leve uma vida como Cristo ensinou. Pois não é pão ou vinho comum o que recebemos. Com efeito, do mesmo modo como Jesus Cristo, nosso salvador, se fez homem pela Palavra de Deus e assumiu a carne e o sangue para a nossa salvação, também nos foi ensinado que o alimento sobre o qual foi pronunciada a ação de graças com as mesmas palavras de Cristo e, depois de transformado, nutre nossa carne e nosso sangue, é a própria carne e o sangue de Jesus que se encarnou.

        Os apóstolos, em suas memórias que chamamos evangelhos, nos transmitiram a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse:Fazei isto em memória de mim. Isto é o meu corpo (Lc 22,19; Mc 14,22); e tomando igualmente o cálice e dando graças, disse:Este é o meu sangue (Mc 14,24), e os deu somente a eles. Desde então, nunca mais deixamos de recordar estas coisas entre nós. Como que possuímos, socorremos a todos os necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as coisas com que nos alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por seu Filho Jesus Cristo e pelo Espírito Santo.

        No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos. Lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite.
        Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos.

        Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos acima, ao acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e água. Então o que preside eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos diáconos. 

        Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados.

        Reunimo-nos todos no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus Cristo, nosso salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do dia de Saturno; e no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol,aparecendo aos seus apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração.

sábado, 14 de abril de 2018

SOBRE OS PRAZERES.



Segundo São João Damasceno, alguns prazeres são da alma, e outros são do corpo. "O prazer que provém do aprendizado e da contemplação pertence somente à alma" (On the Orthodox Faith). Os prazeres que provém do gosto estético, tais como música elevada, arte elevada, etc... também são prazeres da alma. Mas os prazeres que usualmente pensamos pertencerem exclusivamente ao corpo são na verdade compartilhados pela alma e pelo corpo. Isso inclui o prazer de comer, o prazer do intercurso sexual, etc... No entanto, não existem prazeres que pertençam exclusivamente ao corpo.

Dos prazeres compartilhados pelo corpo, alguns são bastante naturais e também necessários, pois sem eles não poderíamos viver: alimento e a vestimenta necessária. Ainda outros prazeres são naturais, mas de forma alguma necessários, por exemplo: relações sexuais naturais e legítimas (com uma esposa). Isso assegura a continuação da raça; mas no entanto é perfeitamente possível viver em virgindade.

Outros prazeres ainda, não são nem necessários nem naturais, por exemplo: álcool em quantidade toxicante, impudícia e muito e qualquer coisa que exceda nossas necessidades. Esses prazeres não contribuem em nada para manter a nossa vida ou perpetuar a raça; ao contrário, eles são danosos.

"Por isso, o homem que vive de acordo com Deus deve procurar primeiramente aqueles prazeres que são tanto necessários quanto naturais. Mas aqueles que são naturais mas desnecessários devem ocupar um lugar secundário na vida e serem permitidos somente quando o tempo, a maneira e a moderação os permitirem.

Finalmente, os outros (aqueles que não são nem necessários nem naturais) devem ser absolutamente rejeitados"(On the Orhodox Faith).


Grande Festa da Proteção da Santa Mãe de Deus - 01 de outubro



Desde tempos imemoriais, a Igreja tem celebrado a Santíssima Mãe de Deus como padroeira e protetora do povo cristão que, por suas orações intercessoras, implora a misericórdia de Deus por nós, pecadores. O auxílio da Santíssima Mãe de Deus tem sido claramente manifesto várias vezes, tanto para indivíduos como para nações, na paz e na guerra, nos desertos monásticos e nas cidades densamente povoadas. O evento que a Igreja comemora e celebra hoje confirma a proteção contínua do povo cristão. No dia 1º. de outubro de 911, no reinado do Imperador Leão, o Sábio, houve uma vigília noturna na Igreja da Mãe de Deus de Blaquerné, em Constantinopla. A igreja estava lotada de gente. Santo André, o Louco por Cristo, estava de pé, no fundo da igreja, com seu discípulo Epifânio. Às quatro da manhã, a Santíssima Mãe de Deus apareceu acima das pessoas, segurando seu omofórion e estendendo-o como um manto protetor sobre os fiéis. Estava vestida em púrpura cravejada de ouro e irradiava-se com um inefável fulgor, rodeada pelos apóstolos, santos, mártires e virgens. Santo André disse ao Bem-aventurado Epifânio: "Vês, irmão, a Rainha e Senhora de tudo rogando por todo o mundo?" Epifânio respondeu: Sim, pai, e estou boquiaberto de espanto!" A Festa da Proteção da Mãe de Deus foi instituída para comemorar esse evento e para nos lembrar que podemos receber em oração a incessante proteção da Santíssima Mãe de Deus em quaisquer momentos de dificuldade.

+ Pe. Serafim Rose, "Orthodoxy and the Religion of the Future", II, 2.

Quando cristãos são convencidos a rejeitar ou (o que é taticamente mais inteligente) alterar seus dogmas para se adaptarem à demanda de um cristianismo mais atualizado ou “universal”, perdem tudo, pois o que é valorizado por cristãos e por hindus é diretamente derivado de seus dogmas. E os dogmas hindus são um repúdio direto aos dogmas cristãos. Isso nos leva a uma conclusão espantosa: o que os cristãos crêem ser mau, os hindus crêem ser bom, e vice-versa: o que os hindus crêem ser mau, os cristãos crêem ser bom.

O conflito real consiste nisto: que o pecado máximo para o cristão é a realização máxima do bem para o hindu. Os cristãos sempre reconheceram o orgulho como um pecado fundamental — a fonte de todo o pecado. E Lúcifer é o arquétipo quando diz: Subirei ao céu, exaltarei meu trono acima das estrelas de Deus ... Subirei acima das alturas das nuvens; serei semelhante ao Altíssimo (Is. 14:13–14). Num plano inferior, é o orgulho que transforma até as virtudes do homem em pecados. Mas para o hindu em geral, e o advaita ou vedanta em particular, o único “pecado” é não crer em você mesmo e na humanidade como o próprio Deus. Nas palavras de Swami Vivekananda (que foi o defensor moderno mais proeminente do vedanta): “Vocês ainda não entendem a Índia! Nós, indianos, somos adoradores do homem, afinal de contas. Nosso Deus é o homem!”




Ancião Efrém de Arizona e Philoteou.

A ignorância, meu filho, é conhecida como a morte da alma. Ignorância não ilumina uma pessoa doente; não diz a ele: “Tua doença é a vontade de Deus, e você deve passar através disto com paciência e gratidão, a fim de que não se torne um transgressor diante de Deus em virtude de tua impaciência!”

Para um cristão iluminado, todavia, o conhecimento da vontade de Deus não somente faz dele uma pessoa que aguenta tudo com gratidão, mas também o ajuda a adquirir uma forte constituição espiritual e ao mesmo tempo obtém o descanso da consolação. Ele reflete: “Ao suportar estas dores e aflições, estou fazendo a vontade de Deus, e isto vai trazer o perdão de minhas ofensas anteriores.

Ao pagar aqui as dívidas de minha sentença, devo receber minha liberdade na vida que virá, onde devo viver eternamente – enquanto aqui, não importa quanto sofrimento deva suportar, isto é temporário e de curta duração”.
Com isso, meu filho, precisamos de paciência a fim de não sermos condenados com o mundo que não se arrepende. Independente do que pode acontecer conosco, por meio da paciência tudo é colocado corretamente, e o homem interior encontrará paz, carregando com paciência o que Deus permite.

Leve a tua cruz! Eu devo levar a minha! Da mesma maneira com que seguimos o Noivo, o Cristo, que por nós ingratos pecadores levou a Cruz da desgraça. O que carregamos que possa ser igual em honra a tal grande bem que desfrutamos de Deus? Se fosse enumerar as bênçãos de Deus e a ingratidão do homem, penso que minha mente iria parar... pois como a mente finita pode compreender os benefícios infinitos de Deus para com o homem?


Oração do alvorecer para ser dito a cada dia ao levantar do sono, por Ancião Sofrônio.



"Rei eterno, Incriado, Você que É antes de todos os mundos, meu Criador, Que convocou todas as coisas do não-ser para esta vida: abençoe este dia que Você, em sua inescrutável bondade, me deu. Pelo poder da Tua bênção, capacite-me neste dia para falar e agir por Ti, para Tua glória, em Teu temor, de acordo com Tua vontade, com um espírito puro, com humildade, paciência, amor, gentileza, paz, coragem, sabedoria e oração, consciente em toda parte de Tua presença.

Sim, Senhor, em Tua imensa misericórdia, guia-me pelo Teu Espírito Santo em toda boa obra e palavra, e concede-me a andar toda a minha vida em Tua vista, sem tropeçar, de acordo com a justiça que Tu nos revelaste, que eu não possa adicionar mais às minhas transgressões.

Ó Senhor, grande em misericórdia, poupe-me quem perece na iniquidade; não esconda seu rosto de mim. E quando a minha vontade corrupta me conduzir por outros caminhos, não me abandone, meu Salvador, mas me force de volta ao Seu caminho sagrado.

Ó Tu que és bom, a quem todos os corações estão abertos, conhece a minha pobreza e a minha loucura, a minha cegueira e a minha inutilidade, mas os sofrimentos da minha alma também estão diante de ti. Por isso te suplico: ouve-me na minha aflição e enche-me com a tua força, que vem do alto. Levantai-me, que estou paralisado de pecado, e livra-me, pois estou escravizado às paixões. Me cure de todas as feridas escondidas. Purifica-me de toda a carne e espírito. Preserve-me de todo impulso interno e externo que seja desagradável à Tua vista e prejudicial a meus irmãos.

Suplico-Te: estabeleçam-me no caminho dos Teus mandamentos e, até o meu último suspiro, não me deixes desviar da luz das Tuas ordenanças, para que os Teus mandamentos sejam a única lei do meu ser, nesta vida e por toda a eternidade.

Ó Deus, meu Deus, eu peço contigo por muitas e grandes coisas: não me desconsidere. Não me afaste de tua presença por causa de minha presunção e ousadia, mas pelo poder de Teu amor, conduza-me no caminho de tua vontade. Concede-me que te ame, como Tu ordenaste, com todo o meu coração, com toda a minha alma, com toda a minha mente e com toda a minha força. Com todo o meu ser.

Só Tu és a santa proteção e todo poderoso defensor da minha vida, e a Ti atribuo a glória e ofereço a minha oração.

Conceda-me conhecer a Tua verdade antes de partir desta vida. Mantém a minha vida neste mundo até que eu possa oferecer-te o verdadeiro arrependimento. Não me leve no meio dos meus dias, e quando tiver o prazer de acabar com a minha vida, avise-me da minha morte, para que eu possa preparar minha alma para apresentar-me diante de Ti.

Ficai comigo então, ó Senhor, no meu dia grande e sagrado, e conceda-me a alegria da Tua salvação. Purifica-me dos pecados manifestos e secretos, de toda iniquidade oculta em mim; e me dê uma resposta certa diante do Seu temível tribunal. Amém"