sexta-feira, 30 de novembro de 2018

São Mateus, Apóstolo e Evangelista (séc. I).

29 de Novembro de 2018 (CC) / 16 de Novembro (CE).




Mateus, também chamado de Levi, era filho de Alfeu, e morava na cidade de Cafarnaum. O Santo Apóstolo era um cobrador de impostos quando o Senhor o avistara em Cafarnaum e lhe dissera: “Segue-me. E ele se levantou, e O seguiu” (Mateus 9:9). Mateus preparou uma recepção para o Senhor em sua casa e, assim, deu ocasião para que o Senhor falasse aos convidados as verdades sobre a Sua vinda à Terra. 

Depois de receber o Espírito Santo, Mateus ainda pregou na Palestina por muitos anos e, durante este período escreveu o seu Evangelho, o qual fora redigido orginalmente em língua aramaica e depois traduzido para o grego. O texto aramaico não sobreviveu, mas muitas das peculiaridades linguísticas e histórico-cultural da tradução grega dão indicações do mesmo. Depois da Palestina saiu a anunciar o Reino para os sírios, partos, medos e etíopes e, nas terras da Etiópia teve o seu martírio. 

A Etiópia era uma terra habitada por tribos canibais detentoras de costumes e crenças primitivas. Após haver convertido alguns dos canibais para a fé em Cristo, Mateus fundou a Igreja e construiu um templo na cidade de Mirmena, estabelecendo ali o seu companheiro Platon como bispo, retirando-se logo após para a solidão da oração em uma montanha, onde passou a orar fervorosamente pela conversão dos etíopes. 

Um dia - enquanto orava - o Senhor lhe aparecera na forma de um jovem. Dera-lhe um cajado e ordenara-lhe que o tal fosse plantado às portas da igreja. O Senhor lhe dissera que o bastão se transformaria numa árvore que daria muitos frutos, e que de suas raízes fluiria uma corrente de água vivificante. 

Os milagres operados com o bastão atraíram a esposa e o filho do governador da terra, Fulvian, os quais eram atormentados por espíritos imundos, e em nome de Cristo, o Santo Apóstolo os curou. Este milagre converteu um grande número de pagãos ao Senhor. Mas o governador não queria que seus súditos se tornassem cristãos e que deixassem de adorar os deuses pagãos. Fulvian acusou o Apóstolo de feitiçaria e deu ordens para executá-lo. Assim, enviou soldados para prendê-lo. Os soldados enviados voltaram ao príncipe dizendo que tinham ouvido a voz de Mateus, mas não podia vê-lo com os olhos. O príncipe, então, enviou uma segunda guarnição. Quando eles se aproximaram do Apóstolo, este resplandecera uma luz celestial tão forte que os soldados não conseguiam olhar para ele e, cheios de medo, jogaram suas armas e retornaram. Então, o príncipe foi pessoalmente até Mateus para executar a prisão. Mais uma vez, o Santo Apóstolo irradiara uma luz tão intensa que o príncipe imediatamente ficara cego. No entanto, o Santo Apóstolo tinha um coração compassivo, orou a Deus, e o príncipe teve sua visão restaurada. 

Infelizmente, os olhos espirituais de Fulvian permaneceram cegos, prendeu Mateus e o submeteu a torturas cruéis. Depois mandou que se fizesse uma grande fogueira, na qual o Santo Apóstolo fora amarrado de cabeça para baixo para ser queimado vivo.  

Quando o fogo fora deflagrado, então, todos começaram a perceber que o fogo não feria São Mateus. Então Fulvian deu ordens para adicionar mais lenha na fogueira, e nada do Apóstolo ser atingido. Fulvian, estando sob grande frenesi mandou que se pusessem doze ídolos ao redor do fogo. As chamas, depois de derreterem os ídolos, se voltaram contra Fulvian. O etíope grandemente assustado virou-se para o santo com uma súplica por misericórdia; e pela oração do mártir a chama se apagou. Logo após este milagre, Mateus expirou e partiu para o Senhor, e o seu corpo permaneceu ileso. 

Fulvian arrependeu-se profundamente de seu ato, mas ainda tinha dúvidas pairavam em seu coração. Certamente, à semelhança do Faraó do Egito à época de Moisés, ele não descartava a possibilidade de Mateus ser um grande feiticeiro (pois esta era a cultura, a da feitiçaria, na qual estivera inserido durante toda a sua vida). Assim, ordenou que se pusesse o corpo de São Mateus em um caixão de ferro e o jogasse ao mar, pois Fulvian, para dirimir suas dúvidas disse que se o Deus de Mateus preservasse o corpo do Apóstolo na água, como Ele o preservou no fogo, então ele estaria certo de que o Deus anunciado por Mateus era o Único, e que somente a Ele se deveria adorar.  
Naquela mesma noite, o Apóstolo Mateus aparecera ao Bispo Platon em um sonho, e ordenara-lhe ir com o clero para a costa do mar a fim de encontrar seu corpo que se achava lá. Também Fulvian Justos e sua comitiva acompanharam o bispo até a costa do mar. O caixão transportado pelas ondas fora levado para a igreja construída pelo Apóstolo. Então Fulvian implorou perdão do Santo Apóstolo Mateus; logo após o bispo Platon o batizou, dando-lhe o nome de Mateus, em obediência a uma revelação Divina. 

Fulvian, assim como fizera São Mateus nos tempos da coletoria, abdicou do seu cargo de governador e se tornou um presbítero. Com a morte do bispo Platon, o Apóstolo Mateus lhe aparecera, exortando-o a se tornar o Chefe da Igreja Etíope. Tendo-se tornado um bispo, Mateus (Fulvian), entregou-se fervorosamente à pregação da Palavra de Deus, continuando o trabalho de seu padroeiro celestial. 

Diz-se do Apóstolo e Evangelista Mateus que ele nunca comeu carne, mas apenas vegetais e frutas.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Evangelho segundo São Lucas 13,22-30.



Naquele tempo, Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava.
Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele respondeu:
«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir.
Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos, senhor’; mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’.
Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo, e tu ensinaste nas nossas praças’.
Mas ele responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade’.
Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no reino de Deus Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas, e vós a serdes postos fora.
Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus.
Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos».

«Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus»


Nos últimos tempos (1Pe 1,20), Deus, na sua bondade misericordiosa, quis vir em socorro do mundo que perecia e decidiu que a salvação de todas as nações se faria em Cristo. [...] Foi por elas que Abraão recebeu outrora a promessa de uma descendência inumerável, não gerada pela carne, mas pela fé. E esta geração é comparada à multidão das estrelas do céu (Gn 15,5), porque do pai de todas as nações não é esperada uma posteridade terrena, mas celeste. [...]

Portanto, que «entre a totalidade das nações» (Rom 11,25), que todos os povos entrem na família dos patriarcas. Que os filhos da promessa recebam a bênção da raça de Abraão (Rom 9,8). [...] Que todas as nações da Terra venham adorar o Criador do universo. Que Deus não seja conhecido unicamente na Judeia, mas em todo o mundo, e que em toda a parte «o seu nome seja grande como em Israel» (Sl 75,2). [...]

Irmãos, instruídos nestes mistérios da graça divina, em espírito de alegria, celebremos o chamamento das nações. Demos graças ao Deus da misericórdia «que nos chama a tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu amado Filho» (Col 1,12-13). Como anuncia o profeta Isaías [...], «hão de invocar-Te nações que não Te conheciam; povos que Te ignoravam acorrerão a Ti» (55,5). Abraão viu esse dia e rejubilou (Jo 8,56) quando soube que os seus filhos segundo a fé seriam abençoados na sua descendência, isto é, em Cristo. Na fé, viu-se «pai de uma multidão de povos» e «deu glória a Deus, plenamente convencido de que Ele tinha poder para realizar o que havia prometido» (Rom 4,18-21).



 São Leão Magno, papa (?-c. 461). 3.ª homilia para a Epifania.

Cristo venceu o diabo...

Cristo venceu o diabo usando os mesmos instrumentos e as mesmas armas que o diabo usou para vencer. [...] Em vez de Eva, houve Maria; em vez da árvore do conhecimento do bem e do mal, a madeira da cruz; em vez da morte de Adão, a morte de Cristo.



+ S. João Crisóstomo, "De coemeterio et de cruce", PG, 49, 396.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Evangelho de São Lucas 14:25-35.



Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe: Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz. Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo. Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar? Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Sobre as Três Renúncias


Cabe-nos agora falar das renúncias. Tanto a tradição dos padres como a autoridade das Sagradas Escrituras demonstram que são três renúncias que cada um de nós há de trabalhar com afinco para colocá-las em prática.

Mediante a primeira desprezamos todas as riquezas e bens materiais do mundo; mediante a segunda desprezamos os costumes, vícios e paixões da vida passada, tanto da alma como da carne; mediante a terceira afastamos o pensamento de todos os bens presentes e visíveis, para centrar-nos exclusivamente na contemplação das realidades futuras e no anelo do invisível. Que estas três renúncias devem ser praticadas lemos que o Senhor já ordenara a Abraão, quando disse: Sai da tua terra, de tua pátria e da casa de teu pai.

Primeiro ele disse: Sai de tua terra, isto é, dos bens deste mundo e das riquezas terrenas; em segundo lugar: sai da tua pátria, isto é, do modo de viver, dos costumes e vícios do passado, todas elas coisas tão estritamente vinculadas a nós desde o nosso nascimento, que se converteram em nossos parentes baseado em uma espécie de afinidade e consanguinidade; em terceiro lugar: sai da casa de teu pai, ou seja, de toda memória deste mundo e que se encontra debaixo do campo de observação de nossos olhos. E saindo com o coração desta casa temporal e visível, dirigimos os nossos olhos e nosso contemplar para aquela casa na qual habitaremos para sempre. O que cumpriremos quando, sendo homens e procedendo como tais, começarmos a militar nas fileiras do Senhor guiados não por objetivos humanos, confirmando com as obras e a virtude aquela sentença do bem-aventurado apóstolo: Nós, pelo contrário, somos cidadãos do céu.

Por este motivo, de nada nos adiantaria ter empreendido com toda a devoção de nossa fé a primeira renúncia, se não colocássemos em obra a segunda com o mesmo empenho e idêntico ardor. E assim, uma vez alcançada esta, poderemos chegar também àquela terceira renúncia, mediante a qual, saindo da casa de nosso primeiro pai, centramos toda a atenção de nossa alma nos bens celestiais.

Assim, mereceremos alcançar a verdadeira perfeição da terceira renúncia quando nosso espírito, não debilitado por contágio algum de estupidez carnal, mas purificado de todo afeto e apego terreno mediante um notável trabalho de acabamento, através da incessante meditação das divinas Escrituras e o exercício da contemplação, se houvesse transladado de tal modo ao mundo do invisível que, atento somente às realidades soberanas e incorpóreas, não perceba que está ainda envolto na fragilidade da carne e circunscrito a um determinado lugar.



São João Cassiano (séc. V)

Santo Apóstolo Felipe, digno de toda a honra (séc. I).


Véspera da Quaresma da Natividade.

Filipe era um dos doze Apóstolos. Todos os evangelistas fazem referência a ele, porém, São João o citou mais que os outros, provavelmente, porque fosse amigo muito próximo de Filipe. Os textos evangélicos mostram que Filipe teve contato com São João Batista; talvez até tenha sido um de seus discípulos e tenha ouvido da boca de João:


 «Eis aqui o Cordeiro de Deus!». 


Outros dos discípulos de Jesus era André, o Primeiro a ser Chamado, conforme reconhece a Tradição. Ambos, Filipe e André, juntos, como nos revelam os capítulos 6 e 12 do evangelho de São João; mais provavelmente é que ambos fizessem parte de um grupo que estudava as Leis e os Profetas, e discutiam sobre o perfil do Messias esperado. Natanael também pertencia a este grupo, pois Filipe, ao encontrar o Senhor, foi ao seu encontro para dizer-lhe: 

«Aquele sobre o qual escreveu Moisés na Lei e também os Profetas, nós o encontramos: Jesus, o filho de José…»  

O caráter de Filipe, como é manifestado no Evangelho segundo São João, em certo sentido, parece ao de Tomé: um homem tranqüilo, espontâneo, prático, que buscava fazer sua própria experiência e ser convencido mais pelo toque que pelas palavras. Tanto é que, quando Jesus falava aos discípulos acerca do Pai que «…desde agora o conheceis, e o tendes visto»… Filipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta»… Mas, Jesus o repreendeu, orientando a sua fé:  «Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?» 

A respeito de sua pregação depois da Ascensão do Senhor e do Pentecostes, a Tradição nos informa que esteve pregando na Ásia Menor, junto com Bartolomeu (também chamado de Natanael), tendo alcançado lá tanto êxito a ponto de converter a própria esposa do governador da Ásia. Furiosos, os pagãos o tomaram, arrastando-o pelas ruas da cidade e, finalmente, o crucificaram com a cabeça voltada para o chão. Seu martírio aconteceu nos anos 80 da era cristã. Mais tarde, suas relíquias foram trasladadas à Roma.  



Pelas intercessões do Apóstolo São Filipe, Senhor Jesus Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos!.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

São Nectarios de Egina.

22 de Novembro de 2018 (CC) / 09 de Novembro (CE).



O divino Nectário de Éguina é um do mais  Santos Ortodoxos Gregos. Ele nasceu em primeiro de Outubro de 1846 em Silyvria, na Ásia Menor (agora ocupada pela Turquia). No Santo Batismo deram-lhe o nome de Anastácio. Os seus pais eram simples Cristãos piedosos. Eles criaram-no em uma maneira que agrada a Deus e fizeram com meios muito limitados para continuar sua educação formal. Tendo concluído escola elementar na sua cidade natal, ele partiu para a grande cidade de Constantinopla com 14 anos de idade. Lá, ele encontrou o emprego como um ajudante de loja e foi capaz de viver uma vida parca. Ele ia regularmente assistir à Divina Liturgia, e lia as Sagradas Escrituras e os Escritos dos Anciãos da Igreja diariamente. Em 1866, com 20 anos de idade, Anastásio foi à ilha de Chios, onde tornara-se um professor. Depois de 7 anos, ele estabeleceu o mosteiro local, aos cuidados do venerável Pacômio. Depois de 3 anos como noviço, Atanásio foi tonsurado Monge recebendo o nome Lázaro.

Um ano depois, ele foi ordenado Diácono e recebeu o nome Nectário. O Ancião Pacômio, e um rico benfeitor local convenceram o jovem monge a concluir os seus estudos superiores em Atenas. Daí o Diácono Nectários foi à Alexandria, onde conquistou a simpatia do Patriarca da Alexandria, Sofrônio. O Patriarca insistiu que Nectário concluísse seus estudos Teológicos, e então em 1885 ele licenciou-se na Escola de Teologia de Atenas. O Patriarca da Alexandria ordenou o Diácono Nectário ao Sacerdócio em 1886. O seu grande serviço à Igreja, escritos e ensinos prolíficas e, energia e zelo levaram o franco Nectário a ser ordenado como Metropolita de Pentápolis no Egito.

Como Metropolita ele foi muito admirado e amado pelo seu rebanho por causa da sua virtude e pureza de vida. Mas esta grande admiração pela gente levantou a inveja de certos altos funcionários, que conspiraram e tiveram sucesso em ter o Abençoado Metropolita retirado do seu ofício em 1890 - sem uma prova ou qualquer explicação. Ele voltou à Grécia para se tornar monge e Pregador, aperfeiçoando a moral do povo. Lá o Abençoado Metropolita continuou a escrever os seus agora famosos livros.

Em 1904, o nosso Santo fundou um mosteiro de mulheres em Éguina, o Convento da Santíssima Trindade. Sob sua orientação o Convento floresceu. Em 1908, Abençoado Nectário, com 62 anos de idade, saindo da Escola Eclesiástica Rizarios e retirou-se no Convento em Éguina. Lá, viveu o resto da sua vida como um verdadeiro monge e asceta. Serviu como confessor e guia espiritual às freiras e até sacerdotes da longe Atenas e Pirineus. A sua santa e piedosa vida seguiu adiante com uma direção iluminadora a todos perto dele. Muitos lhe buscariam atrás de curas. São Nectário foi um grande andarilho durante a vida.

No dia 20 de Setembro de 1920 uma das freiras levou-o ao hospital local, apesar do seu protesto. Ele convulsionava na dor de uma doença existente há muito tempo. Foi admitido, e colocado em uma ala reservada para pobres e renegados. Lá ele ficou durante dois meses entre a vida e a morte. Às 10:30 da manhã do dia 8 de Novembro, embora no meio de dores terríveis, na paz e na oração ele abandonou o seu espírito para Deus com 74 anos de idade.

Logo após seu repouso, uma enfermeira veio prepará-lo para a transferência para o enterro em Éguina. Esta retirou o suéter do Santo, inadvertidamente colocou-o na cama ao lado, na qual um paralítico estava. E Oh! Grande maravilha, o paralítico imediatamente começou a recuperar a sua força e saiu curado de sua cama, glorificando a Deus.

Algum tempo depois do seu repouso, estranhamente uma bela fragrância foi emitida pelo seu corpo Sagrado, enchendo a sala. Muitos vieram para venerar as suas santas relíquias antes do seu enterro. Com estupefação, os fiéis observaram um fluído fragrante que ensopara o seu cabelo e barba. Mesmo depois de 5 meses, quando as freiras do convento abriram a sepultura do Santo para construir um túmulo de mármore, eles encontraram o corpo intacto em todos os aspectos e emitindo um maravilhosa e celeste aroma. De mesmo modo três anos depois, as Relíquias Sagradas estavam ainda inteiras e exalando o mesmo abençoado cheiro.

A Igreja Ortodoxa o proclamou Santo no dia 20 de Abril de 1961. A sua Abençoada Memória é celebrada pela Igreja no dia 9 de Novembro.

Hino «Agni Parthene (Virgem Pura)» 
O hino Agni Parthene foi composto por São Nectários de Éguina, bispo ortodoxo, e se conta que, após sua morte, ninguém sabia mais a melodia. Então, anjos teriam descido do céu cantando o "Agni Parthene".





quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Teodoro de Mopsuestia.

Teodoro de Mopsuestia.



Nascido c. 350, na Antioquia, Teodoro foi discípulo de Diadoro. Ordenado sacerdote em 383, foi consagrado bispo de Mopsuestia, na Cilícia, província Romana da Ásia Menor. Naquela cidade foi bispo de 392 até a sua morte em 428. Teve reputação de grande pesquisador, exegeta e Ortodoxo, tido como o maior mestre de Antioquia.

Foi condenado bem depois de sua morte. Esta condenação se deu no Concílio de Constantinopla, em 553, fundada num florilégio de extratos hostis e falsificados por seus opositores. Por este fato, com exceção de suas Catequeses Batismais e alguns fragmentos de exegese, suas obras desapareceram. Sabe-se que apoiou São Basílio de Cesareia na disputa contra os eunomianos, prolongado seu combate num tratado intitulado “Por São Basílio contra Eunômio”. Na controvérsia apolinarista, denunciou os erros de seu protagonista, Apolinário.  No entanto foi “pelagianista” na definição do livre arbítrio e do pecado ancestral. Na sua Igreja, em Mopsuestia, acolheu Juliano de Eclane, que havia sido condenado pela Igreja.

Uma vez que foi considerado precursor de Nestório, juntamente com Diodoro de Tarso, recebeu a condenação nominal no concílio de Constantinopla.

Seu grande reconhecimento ocorre na Igreja nestoriana. Nela se conservam seus escritos em língua siríaca. Poucos textos foram conservados. Restaram fragmentos de sua obra doutrinal e exegética.

Sua particularidade na ciência exegética é a confrontação do texto bíblico a crítica textual. Analisa os textos a partir do hebraico e particularmente a partir das versões gregas. Sua preocupação se concentra na particularidades dos tempos e das figuras de estilo, assim,  como na coerência das diversas proposições dos textos. Assim, corrige os textos, para aproximá-los, e depois estuda as circunstâncias da composição.

Sua doutrina trinitária é muito preciosa. Afirma que existe uma natureza divina revelada em três hipóstases: do Pai, do Filho, e do Espírito Santo.

Na sua grande maioria, estudiosos não aceitam que ele seja o inspirador de Nestório. Este posicionamento é delicado, pois quase todas as suas obras se perderam. Além, disso, os fragmentos que restam são apresentados por partidários ou opositores. Como se não bastasse, nos foram legados apenas fragmentos traduzidos.

Embora a Escola de Antioquia fosse muito bem desenvolvida, os termos da doutrina como “natureza”, “hipóstase” e “pessoa” não tem uma definição desta limitações; conhecemos apenas a tradução, e os termos não são bem definidos.

Podemos ler que “dizemos que o Deus-Verbo se fez carne, para que compreendas que Ele é carne” Vale dizer, que ele afirma que o Cristo é o filho único de Deus, co-natural com o Pai, com integridade da humanidade. Destaca fortemente a humanidade do Verbo que se encarnou, assumindo um homem perfeito. Jesus não é apenas humano, nem apenas divino, mas até nos dois, igualmente humano e divino.

Destaca as duas naturezas, considerando a “unidade de pessoas indivisível”. Na sua concepção, a unidade das naturezas não afetiva uma mistura delas, mas a inabitação do Verbo divino no ser humano, como num Filho.

Recordamos ainda que Teodoro de Mopsuestia, na obra Catequeses Batismais, atribuí as figuras sacramentais os gestos extremamente visuais, como tipo. Está figuras sacramentais são sinais e símbolos das coisas invisíveis e inefáveis.

Sinaxe dos Santos Arcanjos Miguel e Gabriel e todos os incorpóreos celestes.

21 de Novembro de 2018 (CC) / 08 de Novembro (CE).

Sinaxe dos Santos Arcanjos Miguel e Gabriel e 
todos os incorpóreos celestes.


É um dos anjos superiores e está intimamente relacionado com o destino da Igreja. As Escrituras Sagradas nos ensinam que, para além do mundo físico, há um mundo espiritual habitado por seres espirituais, bons e sábios, e que se chamam anjos. Em grego a palavra “anjo” significa Mensageiro. São assim denominados nas Escrituras Sagradas porque Deus, através deles, comunica sua vontade aos homens. Como é a vida dos anjos no mundo espiritual onde habitam, e em que consiste sua missão? Sabemos muito pouco e, ademais, não estamos em condições de compreende-lo. O mundo angelical é muito diferente do nosso mundo material, não se aplicando as noções de tempo e espaço no sentido como entendemos em nosso mundo, bem como, as outras condições existenciais. A prefixo «arc» em «arcanjo», usado para alguns anjos, denotam sua superioridade em relação aos demais seres angelicais. O nome Miguel, em hebraico, significa «Quem como Deus!» Sempre que nas Escrituras é dito sobre a aparição de anjos aos homens, só de alguns deles são mencionados seus nomes – possivelmente, porque tenham recebido missão especial de consolidar o Reino de Deus na Terra. Entre estes, os Arcanjos Miguel e Gabriel, mencionados nos livros canônicos da Escritura Sagrada, e também os dos arcanjos Rafael, Uriel, Sariel, Jerahmeel e Rachel, nos livros que não fazem parte do cânon das Escrituras. (Canon ou catálogo dos livros sagrados declarados autênticos pela Igreja no século V a. C. Os livros sagrados escritos posteriormente não entraram no cânone e, portanto, são chamados de «não-canônicos») Geralmente, o arcanjo Gabriel aparece como mensageiro de grandes e alegres eventos relacionados ao povo de Deus (Dan 8,16-9,21, Lc 1,19-26). No livro de Tobias o arcanjo Rafael diz de si mesmo: «Eu sou um dos sete anjos que elevam as orações dos santos e estão sempre de pé diante do Senhor». (Tb 12, 15). Daí a certeza de que lá no céu há sete arcanjos, um dos quais é o arcanjo Miguel.

Nas Escrituras Sagradas o arcanjo Miguel é mencionado como o «Príncipe dos espíritos celestiais». Ele aparece como um grande lutador contra o diabo e toda a iniqüidade entre os homens. Daí o seu nome na Igreja de «Príncipe dos espíritos celestiais». Assim o arcanjo Miguel se apresentou a Josué, como ajuda na conquista da Terra Prometida. Ele apareceu ao profeta Daniel durante a queda do reino da Babilônia, e quando teve início a implantação do reino do Messias. A Daniel lhe foi profetizado sobre a ajuda de Deus ao seu povo através do arcanjo Miguel nas futuras perseguições no reinado do Anticristo. No livro do Apocalipse, o arcanjo Miguel é apresentado como o grande defensor do povo de Deus contra o diabo e os outros anjos rebeldes. « E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele» Ap 12,7-9. O Apóstolo Judas faz menção ao arcanjo Miguel como o adversário do diabo. (Jo.5: 13, Dan. Cap.10, 12:1; Ju. 9; Ap.12 :7-9, Lc.10: 18).

Alguns dos Pais da Igreja pensam que, segundo as Escrituras Sagradas, o arcanjo Miguel participou noutros importantes acontecimentos na vida do povo de Deus, mas não mencionam precisamente quais foram. Por exemplo, identificam-no com a misteriosa coluna de fogo que seguia diante do povo hebreu durante a sua fuga do Egito, e que fez afogar o exército do Faraó e derrotar o grande exército assírio que cercava Jerusalém, no tempo do profeta Isaías. (Ex 33, 9; 14,26-28; 2 Reis 19,35).


Os Anjos de Guarda:


Os Anjos são antes de tudo os mediadores das mensagens da verdade Divina, iluminam o espírito com a luz interior da palavra. São também guardiões das almas dos homens, sugerindo-lhes as directivas Divinas; invisíveis testemunhas dos seus pensamentos mais escondidos e das suas acções boas ou más, claras ou ocultas, assistem os homens para o bem e para a salvação. São Grégorio Magno diz, que quase cada página da Revelação escrita, atesta a existência dos Anjos. No Novo Testamento aparecem no Evangelho da infância, na narração das tentações do deserto e da consolação de Cristo no Getsemani. São testemunhas da Ressurreição, assistem a Igreja que nasce, ajudam os Apóstolos e transmitem a vontade Divina. Os Anjos preparam o juízo final e executarão a sentença, separando os bons dos maus e formarão uma coroa ao Cristo triunfante. Eles os Anjos, são mencionados mais de trezentas vezes no Antigo Testamento. Além de todas essas referências bíblicas, que por si só justificam o culto especial que os cristãos reservam aos anjos desde os primeiros tempos, é a natureza destes “espíritos puros” que estimula nossa admiração e nossa devoção.

Dizia Bozzuet : “Os Anjos oferecem a Deus as nossas esmolas, recolhem até os nossos desejos, fazem valer diante de Deus os nossos pensamentos… Sejamos felizes de ter amigos tão prestativos, intercessores tão fiéis, intérpretes tão caridosos.” Fundamentando a verdade de fé, a Igreja nos diz que cada cristão, desde o momento do batismo, é confiado ao seu próprio Anjo Custódio, que tem a incumbência de guardá-lo, guiá-lo no caminho do bem, inspirando bons sentimentos, proporcionando a livre escolha que tem como meta Deus, Supremo Bem.

Arcanjo São Miguel (II):


“Miguel” que significa: “Quem como Deus?” é o defensor do Povo de Deus no tempo de angústia. É o padroeiro da Igreja e aquele que acompanha as almas dos mortos até o céu.

Arcanjo São Gabriel:


“Gabriel” – que significa “Deus é forte” ou “aquele que está na presença de Deus” – aparece no assim chamado evangelho da infância como mensageiro da Boa Nova do Reino de Deus, que já está presente na pessoa de Jesus de Nazaré, nascido de Maria. É ele quem anuncia o nascimento de João Baptista e de Jesus. Anuncia, portanto, o surgimento de uma nova era, um tempo de esperança e de salvação para todos os homens. É ele quem, pela primeira vez, profere aquelas palavras que todas as gerações hão de repetir para saudar e louvar a Virgem de Nazaré: “Ave, cheia de graça. O Senhor é contigo”.

Arcanjo São Rafael:


“Rafael”- que quer dizer “medicina dos deuses” ou “Deus cura” – foi o companheiro de viagem de Tobias. É o anjo benfazejo que acompanha o jovem Tobias desde Nínive até à Média; quem o defende dos perigos e patrocina o seu casamento com Sara. É ele quem tira da cegueira o velho Tobias. É aquele que cura, que expulsa os demônios. São Rafael é o companheiro de viagem do homem, seu guia e seu protetor nas adversidades.

Os Santos Anjos da Guarda:


Os Anjos são antes de tudo os mediadores das mensagens da verdade Divina, iluminam o espírito com a luz interior da palavra. São também guardiões das almas dos homens, sugerindo-lhes as diretivas Divinas; invisíveis testemunhas dos seus pensamentos mais escondidos e das suas acções boas ou más, claras ou ocultas, assistem os homens para o bem e para a salvação. São Grégorio Magno diz, que quase cada página da Revelação escrita, atesta a existência dos Anjos. No Novo Testamento aparecem no Evangelho da infância, na narração das tentações do deserto e da consolação de Cristo no Getsêmani. São testemunhas da Ressurreição, assistem a Igreja que nasce, ajudam os Apóstolos e transmitem a vontade Divina. Os Anjos preparam o juízo final e executarão a sentença, separando os bons dos maus e formarão uma coroa ao Cristo triunfante. Eles os Anjos,são mencionados mais de trezentas vezes no Antigo Testamento. Além de todas essas referências bíblicas, que por si só justificam o culto especial que os cristãos reservam aos anjos desde os primeiros tempos, é a natureza destes “espíritos puros” que estimula nossa admiração e nossa devoção.

Dizia Bozzuet : «Os Anjos oferecem a Deus as nossas esmolas, recolhem até os nossos desejos, fazem valer diante de Deus os nossos pensamentos… Sejamos felizes de ter amigos tão prestativos, intercessores tão fiéis, intérpretes tão caridosos». Fundamentando a verdade de fé, a Igreja nos diz que cada cristão, desde o momento do batismo, é confiado ao seu próprio Anjo, que tem a incumbência de guardá-lo, guiá-lo no caminho do bem, inspirando bons sentimentos, proporcionando a livre escolha que tem como meta Deus, Supremo Bem. No dia 8 de Novembro, data em que a Igreja Ortodoxa comemora a «Sinaxe dos Santos Arcanjos Miguel e Gabriel e todos os incorpóreos celestes», lembra ao mesmo tempo todos os coros angélicos: os Anjos, os arcanjos, os Tronos, as Dominações que adoram, as Potestades que tremem de respeito diante da Majestade Divina, os céus, as virtudes, os bem-aventurados serafins e os querubins.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Evangelho segundo São Lucas 13,18-21.



Naquele tempo, disse Jesus: «A que é semelhante o reino de Deus, a que hei de compará-lo?

É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e lançou na sua horta. Cresceu, tornou-se árvore e as aves do céu vieram abrigar-se nos seus ramos».
Jesus disse ainda: «A que hei de comparar o reino de Deus?

É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado».

«Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24)


Um homem tomou um grão de mostarda e deitou-o no seu quintal; «cresceu, tornou-se árvore e as aves do céu vieram abrigar-se nos seus ramos». Procuremos ver a quem se aplica tudo isto. [...] Penso que a comparação se aplica mais precisamente a Cristo Nosso Senhor, que, ao nascer na humildade da condição humana, qual semente, sobe finalmente ao Céu como árvore. Cristo é o grão esmagado na Paixão, que Se torna uma árvore na ressurreição. Sim, Ele é grão quando, faminto, sofre por falta de alimento; é árvore quando, com cinco pães, satisfaz a fome a cinco mil pessoas (Mt 14,13s). Ali, experimenta o despojamento da sua condição humana, aqui espalha a saciedade pela força da sua divindade.

Diria que o Senhor é grão quando é ferido, desprezado, insultado; e árvore quando devolve a vista aos cegos, reanima os mortos e perdoa os pecados. Ele mesmo reconhece que é grão: «Se o grão de trigo lançado à terra não morrer...» (Jo 12,24)



São Máximo de Turim (?-c. 420) bispo
CC Sermão 25; PL 57, 509ss.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Evangelho de São Lucas 12:13-15, 22-31.



E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós? E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. E disse aos seus discípulos: Portanto vos digo: Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis. Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que as vestes. Considerai os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves? E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Pois, se nem ainda podeis as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras? Considerai os lírios, como eles crescem; não trabalham, nem fiam; e digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. E, se Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Não pergunteis, pois, que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis inquietos. Porque as nações do mundo buscam todas essas coisas; mas vosso Pai sabe que precisais delas. Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

“Vamos de Uma Vez em Busca do Verbo, Busquemos Aquele Descanso”


Não se glorie o sábio de seu saber, não se glorie o rico em sua riqueza, não se glorie o soldado de seu valor, ainda que tivessem escalado o cume do saber, da riqueza ou do valor. Vou acrescentar à lista novos paralelismos: Nem se glorie o famoso e célebre em sua glória; nem o que está são, de sua saúde; nem o elegante, de sua formosa presença; nem o jovem, de sua juventude; em uma palavra: que nenhum soberbo ou vaidoso se glorie em nenhuma daquelas coisas que celebram os mortais. Em todo caso, aquele que se glorie que se glorie somente nisto: em conhecer e buscar a Deus, em compadecer-se da sorte dos miseráveis e em fazer reservas de bem para a vida futura.

Todo o resto são coisas inconsistentes e frágeis e, como no jogo do xadrez, passam de uns aos outros, mudando de campo; e nada é tão próprio daquele que o possui que não acabe se esvaindo com o passar do tempo ou há de transmitir-se com dor aos herdeiros. Aquelas, porém, são realidades seguras e estáveis, que nunca nos deixam nem se dissipam, nem ficam frustradas as esperanças daqueles que depositaram nelas sua confiança.

A meu parecer, esta é, também, a causa de que os homens não tenham nesta vida nenhum bem estável e duradouro. E isto – como tudo o demais – assim o dispôs sabiamente a Palavra Criadora e aquela Sabedoria que supera todo entendimento, para que nos sintamos defraudados pelas coisas que estão debaixo de nossa observação, ao ver que estão sempre mudando em um ou outro sentido, ora estão em alta ora em baixa, padecendo contínuos reveses e, já antes de tê-las na mão, te escorregam e te escapam.

Comprovando, portanto, sua instabilidade e variabilidade, esforcemo-nos por atracar ao porto da vida futura. O que não faríamos nós de ser constante nossa prosperidade se, inconsistente e frágil como é, até tal ponto nos encontramos como subjugados por sutis cadeias e reduzidos a esta servidão por seus prazeres enganosos, que nos encontramos incapacitados para pensar que possa haver algo melhor e mais excelente das realidades presentes, e isso apesar de escutar e estar firmemente persuadidos de que fomos criados à imagem de Deus, imagem que está acima e nos atrai para si?

Aquele que seja sábio, que recolha estes fatos. Quem deixará passar as coisas transitórias? Quem prestará atenção às coisas estáveis? Quem considerará como efêmeras as coisas presentes? Feliz o homem que, dividindo e demarcando estas coisas com a espada da Palavra que separa o melhor do pior, prepara as elevações de seu coração, como em certo lugar afirma o Profeta Davi, e, fugindo com todas as suas energias deste vale de lágrimas, busca os bens do alto, e, crucificado ao mundo juntamente com Cristo, com Cristo ressuscita, juntamente com Cristo ascende, herdeiro de uma vida que já não é nem decrépita nem falaz: onde já não existe serpente que morde junto ao caminho nem que espreita o calcanhar, como pode se comprovar observando sua cabeça.

Considerando tudo isso, também o bem-aventurado Miqueias diz atacando aos que se arrastam por terra e têm do bem somente o ideal: Aproximai-vos dos montes eternos: pois, adiante, marchai-vos!, que não é lugar de repouso. São mais ou menos as mesmas palavras, com as quais nos anima nosso Senhor e Salvador, dizendo: Levantai-vos, vamos daqui. Jesus disse isso não somente aos que naquela ocasião tinha como discípulos, os convidando a sair unicamente daquele lugar – como talvez alguém possa pensar – mas, tratando de afastar sempre e a todos os seus discípulos da terra e das realidades terrenas, para elevá-los ao céu e às realidades celestiais.

Vamos, portanto, de uma vez em busca do Verbo, busquemos aquele descanso, rejeitemos a riqueza e abundância desta vida. Aproveitemo-nos unicamente daquilo que de bom há nelas, a saber: redimamos nossas almas à base de esmolas, demos aos pobres nossos bens, para enriquecer-nos com aqueles do céu.


São Gregório Nazianzeno, o Teólogo (séc. IV)

domingo, 18 de novembro de 2018

Evangelho segundo São Lucas 12,54-59.



Naquele tempo, dizia Jesus à multidão: «Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: ‘Vem chuva’; e assim acontece.

E quando sopra o vento sul, dizeis: ‘Vai fazer muito calor’; e assim sucede.
Hipócritas, se sabeis discernir o aspeto da terra e do céu, porque não sabeis discernir o tempo presente?
Porque não julgais por vós mesmos o que é justo?».

E acrescentou: «Quando fores com o teu adversário ao magistrado, esforça-te por te entenderes com ele no caminho, para que ele não te arraste ao juiz e o juiz te entregue ao oficial de justiça e o oficial de justiça te meta na prisão.

Eu te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo».


«Porque não sabeis discernir o tempo presente?»


Acabámos de escutar o evangelho em que Jesus critica aqueles que, sabendo reconhecer o aspeto do céu, não eram capazes de reconhecer o tempo em que urgia crer no Reino dos Céus. Era aos judeus que Ele o dizia, mas essa palavra também se dirige a nós. Ora, o próprio Senhor Jesus Cristo começou assim a sua pregação: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu» (Mt 4,17). João Batista, o Precursor começara da mesma forma: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu» (Mt 3,2). E agora o Senhor acusa-os de não se quererem converter, ainda que o Reino dos Céus esteja próximo. [...]

Só Deus sabe quando será o fim do mundo: seja quando for, o tempo da fé é hoje. [...] O tempo está próximo para todos nós, porque somos mortais. Caminhamos no meio de perigos. Se fôssemos de vidro, não os recearíamos tanto; com efeito, não há coisa mais frágil que um recipiente de vidro, e no entanto conservamo-lo e dura séculos, porque pode cair, mas não pode envelhecer nem ser atingido por uma febre. Mas nós somos mais frágeis e mais fracos que o vidro, e essa fragilidade faz-nos recear em cada dia todos os acidentes que são constantes na vida dos homens. E se não houver acidentes, continua a existir o tempo que avança. O homem evita os choques; poderá evitar a sua última hora? Ele evita o que vem do exterior; poderá extirpar o que nasce no seu interior? Por vezes, é subitamente dominado por uma doença. E, mesmo que tenha sido poupado toda a vida, quando a velhice por fim chega, não há adiamento possível.



Santo Agostinho (354-430)
bispo de Hipona (norte de África),
Sermão 109; PL 38,636

sábado, 17 de novembro de 2018

Ensinamentos do Santo Ancião Porfirio :



Dar valor maior ao bem

"Você não deve buscar  se tornar um "caçador do mal". Esqueça o mal, olhe para Cristo e Ele te salvará. 

Em vez de ficar em guarda na  porta de casa para refutar a visita do Inimigo, ignore-o. É mal que está vindo? Delicadamente deixe-o ir por outro caminho.

 Como se faz isso ? 

Na medida em que um mal  vem para atacá-lo, entregue sua força interna para o bem, para o Cristo, na forma da suplica: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem misericórdia de mim". 

Ele sabe como exercer Sua misericórdia sobre você, de qual maneira mais apropriada. 

E quando você estiver repleto do bem, você não dará qualquer importância para as artimanhas do mal, pois você terá se tornado bom por si mesmo, com a graça de Deus. Como o mal pode encontrar qualquer meio de ação? Ele então desaparece! 

Você fez com que uma fobia ou uma decepção tenham lhe aprisionado em um porão ? Volte-se para Cristo , O ame com simplicidade, com humildade, sem exigências de qualquer tipo e Ele vai libertar você.

Não escolha maneiras negativas para se auto corrigir. 

Você não precisa ter medo do Diabo, ou do inferno, nem nada disso, pois tais pensamentos criam uma resposta. 

Acredite, eu também tenho um pouco de experiência nessas coisas. 

A questão não é se você se ajoelha em uma superfície áspera , se você se maltrata, ou o quanto se martiriza. 

O ponto é viver, estudar, orar com fervor, para avançar no amor, no amor de Cristo, no amor da Igreja. 

Quando você expõe  todas as suas fraquezas para o espírito opositor (o diabo) , mesmo que você não se torne conscientes disso, ele vai mergulhá-lo e prendê-lo no sofrimento.

Esforce-se sim em cultivar em si a doçura e simplicidade, sem tensão e ansiedade.

 Não diga a si mesmos: "Agora vou me esforçar, vou rezar para obter amor, para tornar-me bom e etc..."
 Não é algo frutuoso se tornar bom através de qualquer tortura. Desta forma você só vai criar novas fraquezas. Tudo deve acontecer de forma suave, livre e sem pressa.

Você também não deveria dizer: "Deus me livre ", por exemplo, da raiva, ou da tristeza. Não é bom orar a respeito de uma paixão particular, pois quando algo de negativo se alinha em nossa alma, quanto mais ficamos a desembaraçar , mais nós vão se formando.

Trate de empenhar luta para superar a paixão e você verá que ela irá se entrelaçar ainda mais em você, se deixe dominar por essa busca e você não será capaz de fazer qualquer coisa. 
Isso ocorre porque a liberdade não pode ser vencida, se não nos libertarmos internamente das confusões e das paixões.

A capacidade de santificar a alma é uma grande arte. Pode tornar-se santo em qualquer lugar. Mesmo em Omonia (a praça principal de Atenas) pode ser santificado, se o indivíduo quiser. 

Você pode se tornar santo no trabalho, não importa qual ele seja, contanto que cultive sempre  paciência, tranquilidade e amor. 

De cada dia faz um novo começo, um novo estado de espírito, entusiasmo e sempre com a oração, amor e silêncio, nunca com o estresse e um coração pesado. 

Trabalhe com vigilância, mas simplesmente, delicadamente, sem ansiedade, com alegria e prazer, de bom humor. É assim que vem a graça divina. 

Todas as coisas desagradáveis, que permanecem em sua alma e o tornam estressado, podem vir a  se tornar uma razão para você adorar a Deus e assim você vai para de sofrer.  "



São Porfirio de Kafsokalivia.

Evangelho de São Lucas 12:2-12.



Mas nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido. Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido; e o que falastes ao ouvido no gabinete, sobre os telhados será apregoado. E digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei. Não se vendem cinco passarinhos por dois ceitis? E nenhum deles está esquecido diante de Deus. E até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos. E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á perdoada, mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo não lhe será perdoado. E, quando vos conduzirem às sinagogas, aos magistrados e potestades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer. Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar.


“Observas Quão Duro é o Combate Que Há No Interior do Homem”


Todos os que querem viver piedosamente em Cristo sofrerão perseguição. O apóstolo escreveu “todos”; não excluiu nenhum. Pois quem pode ser excluído quando o próprio Senhor tolerou as tentativas de perseguição? A avareza persegue; a ambição persegue; a luxúria persegue; a soberba persegue e os prazeres da carne perseguem. Não esqueças que o apóstolo disse: fugi da fornicação. E do que tu foges, senão daquilo que te persegue? O mau espírito da luxúria, o mau espírito da avareza, o mau espírito da soberba.

Os temíveis perseguidores são aqueles que, sem o terror da espada, constantemente destroem o espírito do homem; aqueles que, mais com afagos do que com pavor, submetem as almas dos fiéis. Estes são os inimigos dos quais deves te guardar; estes são os tiranos mais perigosos, pelos quais Adão foi vencido. Muitos, coroados em públicas perseguições, caíram nestas perseguições ocultas. Diz o Apóstolo: "Por fora, lutas; por dentro, temores".

Observas quão duro é o combate que há no interior do homem, para que se debata consigo mesmo e lute contra as suas paixões. O próprio apóstolo vacila, duvida, é atormentado e manifesta que está sujeito à lei do pecado e reduzido por seu corpo à morte, e não poderia escapar se não fosse libertado pela graça de Cristo Jesus.

E assim como há muitas perseguições, assim também há muitos martírios. Todos os dias és testemunha de Cristo: 

És mártir de Cristo se sofreste a tentação do espírito de luxúria, porém, temeroso do futuro juízo, não pensaste em profanar a pureza da alma e do corpo.  

És mártir de Cristo se foste tentado pelo espírito de avareza para apossar-te dos bens dos mais fracos ou não respeitar o direito das viúvas indefesas; porém, julgaste que era melhor alcançar a riqueza pela contemplação dos preceitos divinos, que cometer a injustiça. 

Cristo quer estar próximo de tais testemunhas, conforme está escrito: 

"Aprendei a realizar o bem, buscai o justo, respeitai ao oprimido, fazei a justiça ao órfão, e amparai a viúva: vinde e entendamo-nos". 

És mártir de Cristo se foste tentado pelo espírito da soberba, mas vendo ao fraco e desvalido, te compadeceste com espírito piedoso, e amaste a humildade mais que a arrogância. E ainda mais se deste testemunho não somente de palavra, mas também com obras. Pois quem é testemunha mais fiel do que aquele que confessa que o Senhor Jesus se encarnou, ao mesmo tempo em que guarda os preceitos do Evangelho? Porque quem escuta e não coloca em prática, nega a Cristo. Ainda que o confesse por palavra, o nega por obras. Porque existem muitos que dizem: 

"Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Não expulsamos demônios em teu nome? E não fizemos o bem em teu nome?"

E ele lhes dirá naquele dia: 

"Apartai-vos de mim todos vós que realizais a iniquidade." 

Porque é testemunha aquele que, tornando-se fiador com suas obras, confessa a Cristo Jesus.

Quantos, todos os dias, são mártires de Cristo em segredo, e confessam ao Senhor Jesus com suas obras! O apóstolo conhecia este martírio e testemunho fiel de Cristo, quando afirmava: Esta é a nossa glória: o testemunho de nossa consciência.


Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)

Teologia de Diodoro de Tarso.

 Diodoro de Tarso.
Natural de Antioquia ( 330 d. C.), de família nobre. Estudou em Atenas e entrou num mosteiro perto da sua cidade natal. Envolveu-se no cisma da Igreja de Antioquia, tomado o partido de Melecio, que o havia ordenado sacerdote. Foi animador de um centro de espiritualidade ascética, onde teve como discípulo Teodoro de Mopsuestia.

No período de Juliano, o Apóstata ( 361-363), Diodoro se empenhou numa inusitada polêmica com o próprio imperador. Foi perseguido igualmente pelo Imperador Valente (364-378). Após a morte deste, torna-se bispo de Tarso. No Caso de Constantinopla (381) teve grande desempenho, pois era fortemente reconhecido pelo Imperador Teodósio. São João Crisóstomo o compara a São João Batista por sua sabedoria, santidade e fidelidade a ortodoxia.

Sua obra é muito valiosa e vasta. Herdamos aproximadamente 80 tratados,  com estudos exegéticos, filosófico e teológicos. Sua produção maior e na exegese bíblica, da qual nos restou o Comentário dos Salmos e alguns fragmentos.

Nunca se mencionou Diodoro como herético.  Mais, 30 anos após a sua morte, durante a controvérsia sobre a maternidade divina de Maria, São Cirilo de Alexandria o acusou de pai do nestorianismo. Mais tarde ainda, em 553, quando Teodoro de mopsuéstia foi condenado como herético, Diodoro foi implicado como inspirador de suas heresias, uma vez que ele fora seu discípulo na Escola de Alexandria. Esta é a razão principal que justifica o desaparecimento de suas obras.

Para defender a ortodoxia de São Apolinário de Laodicéia, Diodoro exagera na delimitação das duas naturezas de Jesus Cristo, sem contudo explicar como estás duas naturezas subsistem numa única pessoa. Ele é acusado de heresia cristológica, mas estas acusações provém de seus opositores, sobretudo São Cirilo de Alexandria. Este afirma que Diodoro separava Jesus Cristo em duas pessoas, sendo a pessoa como “filho da semente de Davi” e a pessoa divina como “ o verbo de Deus Pai” Por está razão, a teologia de Diadoro e condenado pela Igreja. Segundo São Cirilo, Diadoro afirma que a união das pessoas ocorrer somente dignidade, no poder, na igualdade e na honra.

Sua exegese reflete o espírito antioqueno. Os livros sagrados da Bíblia devem ser estudados a partir de seu caráter histórico. É necessário estudar os textos para compreender os fatos reais e inferir sua mensagem. Assim, os textos revelados podem ser aplicados aos acontecimentos concretos, bem como a acontecimentos de ordem superior. Trata-se  de um modelo de especulação, denominada “theoria” que rejeita a alegoria dos textos. Os exegetas que se seguem partem da especulação para explorar as realidades temporais e atingir as realidades espirituais.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Evangelho segundo São Lucas 12,49-53.



Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão que ele se acenda?
Tenho de receber um batismo e estou ansioso até que ele se realize.
Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão.
A partir de agora, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três.
Estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra».


Jesus, causa de divisão entre os homens


Cristo anuncia aqui o que vai seguir-se à sua pregação. O cristianismo suscitou divisões em todo o mundo, colocando umas pessoas contra as outras. Cada casa passou a ter os seus crentes e os seus incréus; foi lançada uma guerra boa, destinada a rasgar uma paz má. Está escrito no Génesis que Deus procedeu mais ou menos assim contra os homens rebeldes que, vindos do Oriente e cheios de altivez, construíram uma torre para penetrar nas alturas do Céu (cf Gn 11,1-9): provocou uma guerra entre eles. Donde a oração de David: dispersa, Senhor, os povos que querem a guerra (cf Sl 67,31).

É necessária a ordem nos afetos. Ama teu pai, ama tua mãe, ama teus filhos diante de Deus. Se se tornar inevitável decidir entre o amor aos pais e aos filhos, e o amor a Deus, não sendo possível manter os dois, é uma prova de piedade para com Deus não preferir a família.



São Jerônimo, Hiromonge em Antioquia, 
Constantinopla, Roma e Palestina (séc. V)
Comentário sobre Mateus 1, 34-37

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Histórico e contexto.



Fundada no século IV a. C. Por Seleuco I Nicator, um dos generais de Alexandre, o grande. Nesta cidade, os seguidores do Nazareno recebem o cognome de cristão cf. Att 11, 26. Segundo Flávio Josefo, esta é a terceira cidade do Império. Talvez chegasse a 500 mil habitantes. Foi o centro comercial e industrial mais importante da Síria Romana. Tinha vários monumentos e edificações romanas, como avenidas, templos, teatros, termas e mesmo um estádio de jogos. Recebeu o título de Antioquia, a bela e a “Rainha do Oriente”. Por outro lado, é conhecida por sua depravação, não diferente das metrópoles daquele período. Mesmo com predominância da população síria, era muito grande a  colônia judaica. Foi destruída em 538 d. C. Por Cosroes, rei dos persas. Foi restaurada pelo imperador Justiniano em 635. Em 1084 passou a domínio turco. Grandes nomes marcaram esta cidade, como Santo Inácio, Teófilo, e São Serapião. São João Crisóstomo faz uma grande lista de mártires desta cidade.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Filmes e vídeos sobre a DOUTRINA ORTODOXA.



1. A viagem de um Peregrino: Uma busca na Romênia Sagrada.

➡️ https://youtu.be/G0K1VH7iQgg

2. O Demônio e a Mente. - Conversações com o Monge Nikon da Montanha Santa.

➡️ https://youtu.be/XOkr1zemG80

3. Filme Ostrov, legendado.

➡️ https://youtu.be/ousoe7JPHl8

4. A vida de São João de Krondstadt.

➡️ https://youtu.be/ousoe7JPHl8

5. Documentário - A vida de São João Maximovitch.

➡️ https://youtu.be/CHM9sxmgx0Y

6. Documentário legendado: Valaam - A um passo do céu.

➡️ https://youtu.be/aYFD8JocyQI

7. Por trás das paredes do Mosteiro. - Vida Monástica.

➡️ https://youtu.be/V7Rn8MYoyBw

Escola de Antioquia.

Antioquia hoje e atual Turquia.


A escola de Antioquia tinha uma presença muito significativa de judeus-cristãos que deram características próprias a exegese e a teologia da Igreja. Os fundadores desta foram os mártires Doroteu e Luciano de Samósata. O método desta escola não é alegoria e a especulação filosófica, própria da escola Alexandrina. Esta escola de Antioquia desenvolve a exegese bíblica, com um senso de sóbria objetividade e caráter científico. A explicação das Escrituras segue o sentido literal e histórico, recorrem a filologia e a semântica. Ao lado do sentido literal, serve-se algumas vezes da interpretação tipológica  expressando as relações entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento.

A Escola de Antioquia influenciou a Escola de Edessa, onde figurou o monge Santo Efrém, o sírio. Devemos ressaltar que esta cidade protagonizou vários cismas ariano (360 d. C.).

Luciano de Samósata fundou a Escola de Antioquia. Este presbítero estabelece-se  em Antioquia por volta de 260 d. C. Destacamos Diodoro de Tarso, grande exegeta, que comentou os livros da Bíblia. Só restam fragmentos de suas obras.

Teve dois grandes discípulos: São João Crisóstomo e Teodoro de Mopsuestia . Esse grande presbitério fora também um importante guia espiritual, admirado por sua eloquência e por sua eloquência e por sua austeridade.

Marcos Vinícius Faria de Moraes.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Evangelho segundo São Marcos 10,35-45.


«O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida.»



Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir».

Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?».

Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».

Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?».

Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis batizados com o batismo com que Eu vou ser batizado.
Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado».
Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.

Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder.
Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande será vosso servo,
e quem quiser entre vós ser o primeiro será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».

«O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida.»


Ao cobiçar os primeiros lugares, os mais altos cargos e as honras mais elevadas, os dois irmãos, Tiago e João, queriam, na minha opinião, ter autoridade sobre os outros. É por isso que Jesus Se opõe à sua pretensão, e põe a nu os seus pensamentos secretos dizendo-lhes: «Quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos.» Por outras palavras: «Se ambicionais o primeiro lugar e as maiores honras, procurai o último lugar, aplicai-vos a tornar-vos os mais simples, os mais humildes e os mais pequenos de todos. Colocai-vos atrás dos outros. Tal é a virtude que vos trará a honra a que aspirais. Tendes junto a vós um exemplo notável: "o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida empela redenção de todos." Eis como obtereis glória e celebridade. Olhai para Mim: Eu não procuro honras nem glória e, no entanto, o bem que faço é infinito.»

Bem sabemos que, antes da Incarnação de Cristo e da sua vinda a este mundo, tudo estava perdido e corrompido; mas, depois de Ele Se ter humilhado, tudo restabeleceu. Aboliu a maldição, destruiu a morte, abriu o paraíso, acabou com o pecado, escancarou as portas do Céu para levar para lá as primícias da nossa humanidade. Propagou a fé em todo o mundo. Expulsou o erro e restabeleceu a verdade. Fez subir a um trono real as primícias da nossa natureza. Cristo é o autor de bens infinitamente numerosos, que nem a minha palavra nem nenhuma palavra humana poderiam descrever. Antes da sua vinda a este mundo, só os anjos O conheciam; mas, depois de Ele Se ter humilhado, toda a raça humana O reconheceu.



São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla (séc. V).