Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias. E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus. Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis. Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens. Mas se aquele mau servo disser no seu coração: O meu senhor tarde virá; E começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios, Virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe, E separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes.
“Vigiai: Cristo Virá de Novo”
Para impedir qualquer pergunta de seus discípulos a respeito do seu advento, Cristo disse: Essa hora ninguém o sabe, nem os anjos, nem mesmo o Filho; e não vos cabe conhecer os dias e os tempos. Ele quis ocultar-nos isto para que permaneçamos vigilantes, e para que cada um de nós possa pensar que esse acontecimento sobrevirá durante a sua vida. Se o tempo de seu retorno tivesse sido revelado, sua vinda seria vã, e as nações e os séculos em que ela acontecerá já não mais a desejariam. Ele disse com muita clareza que virá, mas não precisou em que momento. Desta forma, todas as gerações e épocas da história o esperam ardentemente.
Mesmo que o Senhor tenha dado a conhecer os sinais de sua vinda, não fica claro quando acontecerá, pois estes sinais, submetidos a uma troca constante, tanto tem aparecido como já passaram, e, podemos dizer mais, eles ainda continuam. A última vinda do Senhor, de fato, será semelhante à primeira, pois, do mesmo modo que os justos e os profetas o desejavam, crendo que ele apareceria na sua época, assim, cada um dos atuais fiéis deseja recebê-lo na sua, porque Cristo não revelou o dia de sua aparição. E não o revelou para que ninguém pense que ele – que é soberano do decurso e do tempo – está submetido a algum imperativo ou a alguma hora. O que o próprio Senhor estabeleceu, como poderia lhe estar oculto, visto que pessoalmente detalhou os sinais de sua vinda? Estes sinais foram destacados para que, desde então, todos os povos e todas as épocas pensassem que o advento de Cristo se realizaria em sua própria época.
Velai, portanto, quando o corpo dorme, porque nesta ocasião é a natureza quem nos domina, e nossa atividade não se encontra dirigida pela vontade, mas pelos impulsos da natureza. E quando reina sobre a alma um pesado torpor, por exemplo, a pusilanimidade ou a melancolia, é o inimigo que domina a alma e a conduz contra sua aspiração natural. Apropria-se do corpo a força da natureza, e da alma o inimigo.
Por isso nosso Senhor falou da vigilância da alma e do corpo, para que o corpo não caia em um pesado torpor, nem a alma no entorpecimento e temor, como diz a Escritura: Despertai, como é justo; e também: Eu me levantei e estou contigo; e ainda: Não vos acovardeis. Por tudo isso, nós, encarregados deste ministério, não nos acovardamos.
Santo Efrém, o Sírio (séc. IV)