quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

“Suas Cicatrizes Nos Curaram”




Nos conta São João que Jesus tinha dito: Destruí este templo e em três dias o erguerei. Mas ele – observa o evangelista – falava do templo do seu corpo. E se é verdade que o Pai fez tudo por sua Palavra, por seu Filho, não é menos evidente que a ressurreição de sua carne a consumou por seu próprio Filho. Portanto, por meio dele o ressuscita e por meio dele lhe dá a vida. Enquanto homem é ressuscitado segundo a carne, e enquanto homem recebe a vida, quem agiu como um homem qualquer.

Mas ele é ainda quem, em sua qualidade de Deus, levanta o seu próprio templo e comunica a vida a sua própria carne. Enquanto por um lado nos diz: Por eles me consagro para que também eles se consagrem na verdade. E quando diz: Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?, fala como nosso representante, já que assumiu a condição de escravo, fazendo-se semelhante aos homens. E assim, encontrado com aspecto humano, se humilhou fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. E como disse Isaías: Ele suportou nossos sofrimentos e padeceu nossas dores.

Sendo assim, não foi vexado de dores por sua causa, mas pela nossa; nem foi abandonado por Deus, mas nós; e por nós, os abandonados, ele veio ao mundo. E quando diz: Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome, fala do templo de seu corpo.

Realmente, não é o Altíssimo quem é exaltado, mas a carne do Altíssimo; e é para a carne do altíssimo que se concedeu o “nome que está acima de todo nome”. E quando disse: o Espírito ainda não tinha sido dado, porque Jesus não havia sido glorificado, fala da carne de Cristo que ainda não estava glorificada. Pois não é o Senhor da glória que é glorificado, mas a carne do Senhor da glória; esta recebeu a glória junto com ele quando subiu ao céu. Por isso, o espírito de adoção ainda não fora dado aos homens, porque as primícias que o Verbo tinha assumido da natureza humana ainda não haviam subido ao céu.

Portanto, quando a Escritura utiliza expressões tais como: “o Filho recebeu”, ou “o Filho foi glorificado”, referem-se a sua humanidade, não a sua divindade. Assim, enquanto alguns textos dizem: Aquele que não poupou ao seu próprio Filho, mas que o entregou à morte por nós, outros afirmam: Como Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela.

Deus, que é imortal, não veio para salvar-se a si mesmo, mas para libertar-nos, a nós que estávamos mortos; nem padeceu por si mesmo, mas por nós, e de tal forma ele assumiu nossa miséria e nossa pobreza, que foi com a finalidade de enriquecer-nos com a sua riqueza. Pois sua paixão é nossa alegria; sua sepultura, nossa ressurreição; e seu batismo, nossa santificação. De fato, ele afirma: Por eles me consagro, para que também eles se consagrem na verdade. E seus sofrimentos são nossa salvação, porque suas chagas nos curaram. O castigo suportado por ele é a nossa paz, já que nosso salutar castigo recaiu sobre ele, isto é, foi castigado para merecermos a paz.

E quando na cruz exclama: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito, encomenda ao Pai, nele mesmo, a todos os homens que nele são vivificados. Somos realmente seus membros, e ainda que sejam muitos os membros, formamos um só corpo, que é a Igreja. É o que diz São Paulo escrevendo aos gálatas: Porque todos vós sois um só em Cristo Jesus. Desta forma, nele, nos encomenda a todos.



Santo Atanásio, Bispo de Alexandria (séc. IV)

Quarenta dias para crescer no amor de Deus e do próximo


Evangelho segundo São Mateus 6,1-6.16-18.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles”. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus.
Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
Para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto,
“Para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente no que é oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa».

Quarenta dias para crescer no amor de Deus e do próximo

Iniciamos hoje os santos quarenta dias da quaresma, e convém-nos examinar atentamente por que razão esta abstinência é observada durante quarenta dias. Moisés jejuou quarenta dias para receber a Lei pela segunda vez (Ex 34,28). Elias, no deserto, absteve-se de comer durante quarenta dias (1Rs 19,8). O Criador, ao vir para o meio dos homens, não tomou qualquer alimento durante quarenta dias (Mt 4,2). Esforcemo-nos também nós, tanto quanto nos for possível, por refrear o nosso corpo pela abstinência neste tempo anual dos santos quarenta dias [...], a fim de nos tornarmos, na palavra de Paulo, «uma hóstia viva» (Rom 12,1). O homem torna-se uma oferenda viva e imolada (cf Ap 5,6) quando, sem deixar esta vida, faz morrer nele os desejos deste mundo.

Foi a satisfação da carne que nos levou ao pecado (Gn 3,6); que a carne mortificada nos leve ao perdão. O autor da nossa morte, Adão, transgrediu os preceitos de vida comendo o fruto da árvore proibida. Por conseguinte, é necessário que nós, que fomos privados das alegrias do Paraíso pelo alimento, nos esforcemos por reconquistá-las pela abstinência.

Mas ninguém suponha que esta abstinência é suficiente. O Senhor disse pela boca do profeta: «O jejum que Eu aprecio é este, [...] repartir o teu pão com o esfomeado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir o nu, e não desprezar o teu irmão» (Is 58,6-7). Eis o jejum que Deus aprova [...]: um jejum realizado no amor ao próximo e impregnado de bondade. Prodigaliza, pois aos outros aquilo de que te privas; desse modo, a tua penitência corporal permitir-te-á atender ao teu próximo.



São Gregório Magno (c. 540-604),Papa.
Homilias sobre os evangelhos, n.º 16, 5

Tempo da Quaresma.



Na linguagem corrente, a Quaresma abrange só os dias que vão da Quarta-feira de Cinzas até ao Sábado Santo. Contudo a liturgia propriamente quaresmal começa com o primeiro Domingo da Quaresma e termina com o sábado antes do Domingo da Paixão.

A Quaresma pode ser considerada, no ano litúrgico, o tempo mais rico de ensinamentos. Lembra o retiro de Moisés, o longo jejum do profeta Elias e do Salvador. Foi instituída como preparação para o Mistério Pascal.

Data dos tempos apostólicos - A Quaresma como sinônimo de jejum observado por devoção individual na Sexta-feira e Sábado Santo, e logo estendido a toda Semana Santa. Na segunda metade do século II, a exemplo de outras igrejas, Roma introduziu a observância quaresmal em preparação para a Páscoa, limitando, porém, o jejum a três semanas somente: a primeira e quarta da atual Quaresma e Semana Santa. A verdadeira Quaresma com os quarenta dias de jejum e abstinência de carne, data do século IV.

O jejum consistia originalmente numa única refeição tomada a tardinha;  por volta do ano 1000 antecipou-se para as três horas da tarde e no século XV tornou-se uso comum o almoço ao meio-dia. Com o correr do tempos, verificou que era demasiado penosa a espera de vinte e quatro horas; foi-se, por isso, introduzindo o uso de se tomar alguma coisa a tarde, e logo mais também pela manhã, costuma que vigora ainda hoje. O jejum atual, portanto, consiste em tomar uma só refeição diária completa, na hora de costume: pela manhã, ao meio-dia ou a tarde, com duas refeições leves restante do dia.

Comentários dogmáticos - "Todos pecamos, e todos precisamos fazer penitência" afirma São Paulo. A penitência é uma virtude sobrenatural (intimamente ligada a virtude da justiça) , que inclina o pecador a detestar o pecado, a repará-lo dignamente e a evitá-lo no futuro. 
Os motivos principais, que nos obrigam a penitência são: a) o dever de justiça para com Deus, a quem devemos honra  e glória, que lhes negamos com o nosso pecado; b) a nossa incorporação com Cristo, o qual, inocente, expiou os nossos pecados; nós culpados, devemos associar-nos a ele, no Sacrifício da Cruz, com generosidade e verdadeiro espírito de reparação. c) o dever da caridade para com nós mesmos que precisamos descontar as penas merecidas com os nossos pecados e reprimir nossas paixões. d) o dever de caridade para com o nosso próximo, que afastamos de Deus com os maus exemplos.

Vê-se daí, útil para o pecador aproveitar o tempo da Quaresma para multiplicar as boas obras, e assim dispor-se para a conversão.

Na próxima postagem colocarei os ensinamentos ascético dos Santos Padres da Igreja.

Marcos Vinícius Faria de Moraes.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Domingo da Quinquagésima



II classe - Estação em São Pedro

O cego sentado a beira da estrada (cf. Lc. 18, 31-43), figura da humanidade abandonada a si mesma sob a tirania das paixões e do demônio, do erro e da ignorância. Jesus veio ilumina-la com sua doutrina, redimi-la e liberta-lá com o seu Sangue  precioso. Neste tempo litúrgico, meditemos mais com devoção e assiduidade na Paixão do Redentor e procuremos com penitência, expiar os pecados (cf.Sl 118, 13), que se multiplicam de maneira horripilante no carnaval. Observemos sempre melhor os mandamentos, compendiados no preceito da caridade (cf. 1 Cor 13, 1-13), e suportemos com Jesus as adversidade, os desprezos, os sacrifícios e as tentações, para participar mais ativamente de sua Paixão. A comunhão aplica-se os frutos do Sacrifício da Cruz, fortifica-nos nas adversidades e une-nos intimamente a Jesus Cristo.

MARCOS VINÍCIUS FARIA DE MORAES

sábado, 22 de fevereiro de 2020

«Abre os meus olhos [...] às maravilhas da tua lei» (Sl 118,18)


Evangelho segundo São Marcos 8, 22-26.



Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos chegaram a Betsaida. Trouxeram-Lhe então um cego, suplicando-Lhe que o tocasse.
Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da localidade. Depois colocou saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou-lhe: «Vês alguma coisa?».
Ele abriu os olhos e disse: «Vejo as pessoas, que parecem árvores a andar».
Em seguida, Jesus impôs-lhe novamente as mãos sobre os olhos e ele começou a ver bem: ficou restabelecido e via tudo claramente.
Então Jesus mandou-o para casa e disse-lhe: «Não entres sequer na povoação».


«Abre os meus olhos [...] às maravilhas da tua lei» (Sl 118,18).


«Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da localidade. Depois deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou-lhe: "Vês alguma coisa?"» O conhecimento é sempre progressivo. [...] Só à custa de muito tempo e de uma longa aprendizagem podemos atingir um conhecimento perfeito. Primeiro, saem as sujidades e a cegueira desaparece; e é assim que vem a luz. A saliva do Senhor é um ensinamento perfeito; para ensinar de forma perfeita, ela provém da boca do Senhor. A saliva do Senhor provém, por assim dizer, da sua substância; e o conhecimento, sendo a palavra que provém da sua boca, é um remédio. [...]

«Vejo as pessoas, que parecem árvores a andar»; ainda vejo sombras, ainda não vejo a verdade. Eis o sentido desta palavra: vejo qualquer coisa na Lei, mas ainda não tenho a percepção da luminosidade radiosa do Evangelho. [...] «Jesus impôs-lhe novamente as mãos sobre os olhos e ele começou a ver bem: [...] via tudo claramente». Via, digo eu, tudo o que nós vemos: via o mistério da Trindade, via todos os mistérios sagrados que estão no Evangelho. [...] Nós também os vemos, porque acreditamos em Cristo, que é a verdadeira luz.



São Jerónimo (347-420)
presbítero, tradutor da Bíblia, para os latinos.
Homilias sobre o Evangelho de Marcos, n.° 8, 235

«Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-lo»


Evangelho segundo São Marcos 8, 27-33.


Naquele tempo, Jesus partiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. No caminho, fez-lhes esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?».

Eles responderam: «Uns dizem João Batista; outros, Elias; e outros, um dos profetas».
Jesus então perguntou-lhes: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «Tu és o Messias».

Ordenou-lhes então severamente que não falassem dele a ninguém.
Depois, começou a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de sofrer muito, de ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto e ressuscitar três dias depois.
E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas. Então, Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-lo.
Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: «Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens».

«Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-lo»
 

Não devemos ter vergonha da cruz do Salvador, mas gloriar-nos nela. «A linguagem da cruz é escândalo para os judeus e loucura para os gentios», mas para nós é salvação. É loucura para os que se perdem e poder de Deus para os que se salvam ( 1Cor 1,18-24). Não foi apenas um homem que morreu, mas o Filho de Deus, Deus feito homem. No tempo de Moisés, o cordeiro afastou o anjo exterminador (Ex 12,23); pois muito mais «o Cordeiro de Deus que vai tirar o pecado do mundo» (Jo 1,29) nos libertou dos nossos pecados. [...]

Ele não deixou esta vida, obrigado não foi imolado à força, mas pela sua própria vontade. Escutai o que nos diz: «Tenho poder para dar e para tornar a tomá-la» (Jo 10,18). [...] Entregou-Se deliberadamente à sua Paixão, feliz na sua entrega, sorrindo ao seu triunfo, contente por salvar os homens. Não teve vergonha da cruz, porque salvava o mundo. Não era um pobre homem que sofria, mas Deus feito homem que combatia para obter o preço da paciência. [...]

Não te regozijes na cruz somente em tempo da paz; mantém a fé no tempo da perseguição. Não sejas amigo de Jesus apenas em tempo de paz, para te tornares seu inimigo no tempo da guerra. Agora, recebes o perdão dos teus pecados e os dons espirituais prodigalizados pelo teu rei; quando eclodir a guerra, combate com bravura por Ele. Jesus foi crucificado por ti, Ele que não tinha pecado. [...] Não foste tu que Lhe deste esta graça, pelo contrário, recebeste-a dele. Dá graças Àquele que pagou a tua dívida sendo crucificado por ti no Gólgota.



São Cirilo de Jerusalém (313-350) Patriarca Jerusalém, 
        Catequese baptismal n.° 13, 3.6.23.        

domingo, 16 de fevereiro de 2020

O Justo São Simeão, Recebedor de Deus



O Faraó egípcio Ptolomeu II Philadelphos [285-247 a.C.] desejava acrescentar à famosa Biblioteca de Alexandria os textos das Sagradas Escrituras. Convidou então 72 homens piedosos para Alexandria, para que as traduzissem para o grego.

O Justo Simeão traduziu uma passagem de Isaías [Is:714] com a profecia do nascimento virginal do Messias. Acreditando que a palavra 'virgem' estava sendo usada incorretamente, quis mudá-la para 'mulher'. Foi então que recebeu a visão de um Anjo que lhe pediu que tivesse fé nas palavras que lia e que ele mesmo as veria realizadas, permanecendo vivo até a chegada do Cristo.

A partir de então, São Simeão viveu esperando o cumprimento da promessa, e, guiado pelo Espírito Santo, estava no Templo quando o Deus-menino foi apresentado. Ele faleceu em idade muito avançada e suas relíquias foram transferidas para Constantinopla no século VI. Hoje, elas se encontram em um mosteiro que carrega seu nome em Jerusalém.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

S. João Clímaco, "Escada do Céu", VII, I.


Procura sempre andar com um semblante triste, mas modesto, a fim de que não pareça ostentação de santidade. E trabalha sempre por estar atento e cuidadoso da guarda do teu coração; porque os demônios não temem menos a verdadeira tristeza, do que o ladrão teme o cão.

+ S. João Clímaco, "Escada do Céu", VII, I.

Escuta.



“Escuta. O nome do Filho de Deus é grande, imenso e sustenta o mundo inteiro. Se toda a criação é sustentada pelo Filho de Deus, o que pensar então daqueles que foram chamados por ele, que levam o nome do Filho de Deus e andam conforme os seus mandamentos? Estás vendo, portanto, os que ele sustenta? São os que levam o seu nome de todo o coração. Por isso, ele se constituiu alicerce deles e, para ele é uma alegria sustentá-los pois eles não se envergonham de levar o nome dele.”

-Pastor de Hermas, Terceiro Livro, Cap.14

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

DOMINICA IN SEXAGESIMA

II classis
Statio ad S. Paulum

ANTE-MISSA
Reunidos na basílica de S. Paulo, representada por nossa Igreja, vemos o magnífico exemplo do grande Apóstolo confira em  2 Cor. I I , 19-33 et 12, 1-9

Com Jesus Cristo devemos morrer, para com ele resuscitarmos. Este é o sentido da Quaresma e para isso nos preparamos nos três domingos precedentes. Ele é o Semeador (Evangelho)  confira  emLc 8, 4-15.

Preparemos nossos corações, afastando os obstáculos, que são a indiferença o caminho; a inconstância — as pedras; as paixões — os espinhos. Custe embora é natureza humana, a Igreja o confessa no lntroito. Mas não desanimaremos; contra as adversidades podemos contar com a proteção do Doutor das gente.













domingo, 9 de fevereiro de 2020

Domingo do Publicano e do Fariseu



O Domingo posterior ao Domingo de Zaqueu é devotado ao Publicano e ao Fariseu. 

Dois homens foram ao Templo para orar. O primeiro era um fariseu que observava escrupulosamente as obrigações religiosas: orava, jejuava e contribuía com dinheiro para o Templo. 

Embora realizasse essas boas coisas, o fariseu olhava com desprezo para o publicano, pensando estar justificado tão somente por causa desses atos externos de piedade.

O segundo homem era um publicano, um coletor de taxas desprezado pelo povo. Entretanto, demonstrava grande humildade, e essa virtude o justificava diante de Deus, como dito no Evangelho do Bem Aventurado São Lucas 18:14.

Somos assim chamados a nos observar na luz dos ensinamentos de Cristo, pedindo a Ele que use de Misericórdia para conosco, nos liberte do pecado, e nos guie no caminho da salvação.

Santíssima Mãe de Deus.


Beata Dei Genitrix Maria, * Virgo perpetua, templum Domini, sacrarium Spiritus sancti: sola sine exemplo placuisti Domino nostro Jesu Christo: ora pro populo, interveni pro clero, intercede pro devoto femineo sexu.

Santíssima Mãe de Deus, Maria , * sempre virgem , templo do Senhor , templo do Espírito Santo , ninguém gostava de você como nosso Senhor Jesus Cristo orar pelas pessoas , intervir para o clero , intercede para a vista de mulheres religiosas.

Quando você fecha a porta...


"Quando você fecha a porta da sua casa e fica sozinho, você deve saber que ali está presente o anjo que Deus designou para cada homem. Este anjo, não dorme e nunca é enganado, está sempre presente com você; ele vê todas as coisas e não é impedido pelas trevas. Você deve saber, também, que com ele está Deus, que está presente em toda parte, pois não há lugar e nada material em que Deus não esteja, pois Ele é maior do que todas as coisas e mantém todos os homens em suas mãos."

 (Santo Antônio, o Grande)

TEMPUS SEPTUAGESIMAE DOMINICA IN SEPTUAGESIMA

Statio ad S. Laurentium extra muros
DOMINGO DA SEPTUAGESIMA
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Neste e nos dois domingos seguintes a Igreja nos reúne na basílica dos três padroeiros de Roma. Hoje em S. Lourenço. Padroeiro dos catecúmenos, isto é, dos que se prepararam para receber o batismo, na noite do sábado que precede ao Domingo da Ressurreição.
O  Papa celebrava outrora a Missa e, provavelmente, estas missas têm a sua origem no tempo das grandes invasões dos bárbaros na Itália. Quer na boca do Mártir S. Lourenço (Statio), quer na dos romanos daquele tempo, as palavras do lntroito traduzem também os nossos sentimentos neste tempo de preparação para a Quaresma.

Justamente aflitos por nossos pecados nos sentimos neste tempo(Oração). O pecado, o perigo do mesmo e suas tentações, a necessidade de combatê-lo e o penoso deste combate são gemidos de morte, dores de inferno até para a alma remida. Mas a nossa tristeza não é sem esperança. Deus, embora castigue o pecado enquanto vivemos, é um Deus misericordioso; é o nosso refugio e o nosso Libertador (lntroito). Recorrendo a Ele, livrar-nos-á misericordiosamente. (Oração). Mas devemos procurá-Lo pelo desejo e pela Oração, e mais ainda pela ação, pelo esforço, pela penitencia. É o que nos ensina a Epistola e o Evangelho.

O CICLO DA PÁSCOA

FAZEI a vossa face resplandecer sobre o vosso servo, e salvai-me por vossa misericórdia. Senhor, não serei confundido, porque Vos invoquei. (Sl. 30,18)

Celebração da Redenção da humanidade


Está encerrada a primeira parte do Ano Eclesiástico, o ciclo de natal, em que se relembra o mistério da Encarnação do Verbo Divino. O Salvador veio ao mundo, e nós alegres o saudamos como Rei e Lhe rendemos a nossa homenagem.
Sua missão é remir a humanidade. Eis o sentido da segunda parte do ano eclesiástico: a celebração do mistério da Redenção. Assim como no Natal teve a sua preparação, o Advento, a sua celebração, natal até epifania, e o seu prolongamento, o tempo depois da epifania, igualmente a Páscoa tem a sua preparação, a Septuagésima, a Quaresma e o Tempo da Paixão, a sua celebração, Páscoa até pentecostes, e seu prolongamento, o Tempo depois de Pentecostes.

1. TEMPO DE PREPARAÇÃO

Nós nos preparamos com Jesus Cristo para receber a vida divina

Três degraus subimos para celebrar a Ressurreição de Jesus Cristo e também para resurgirmos com ele:
1°. O Tempo da Septuagésima;
2°. O Tempo da Quaresma;
3°. O Tempo da Paixão.

1. O TEMPO DA SEPTUAGÉSIMA

1° Significação deste Tempo.

A Septuagésima é a primeira parte oração para a Páscoa e abrange as três semanas anteriores a quaresma. Embora não fossem exatamente 70, 60 e 50 dias antes da festa da ressurreição, em imitação talvez, ao domingo seguinte, Quadragésima, foram estes domingos, denominados: Septuagésima, Sexagésima, Quinquagésima.

A mobilidade da festa da Páscoa faz também variar a data da Septuagésima, que, todavia, ordinariamente se abeira do dia 2 de fevereiro, conclusão do Tempo de Natal.
O domingo da Septuagésima e os dois seguintes são, pois, uma preparação para a Quaresma, tempo de penitencia propriamente dito.

2° Nossos sentimentos durante este Tempo.

Devem conformar-se o espírito do Tempo, que é expresso pelos textos das Missas Ofício divino que os sacerdotes rezam. A lembrança da criação do mundo, da queda no pecado e de todas as suas consequências, sejam: a luta do bem contra o mal, da luz contra as trevas, o sofrimento, eis os assuntos que nos devem ocupar o pensamento durante estas semanas. Começou a luta contra o pecado, contra o mundo e contra a carne.
a) Pelo combate, para a vitoria.
b) Pela cruz para a luz.
c) Pela morte para a vida.
d) Pelo sepulcro, para a Ressurreição com o Cristo!
Jesus Cristo mesmo, nos ensina nos Evangelhos destes domingos estas verdades. e S. Paulo, lutador corajoso, anima-nos por seu exemplo e por sua palavra. Animam-nos ainda os Santos em cujas Igrejas, nos reunimos.

3° Particularidades deste Tempo.

Os sacerdotes trocam os paramentos brancos pelos roxos, em sinal de penitencia. O Gloria in excelsis que se entoava alegremente desde o Natal, não mais é ouvido, exceto nas festas dos Santos. Igualmente desaparece o Aleluia do oficio e das Missas até o Sábado Santo. Nota-se ainda que depois gradual, em vez do Aleluia e seu Versículo, reza-se o Tracto, salmo de penitencia.