domingo, 30 de junho de 2019

Santo Profeta Eliseu.



Eliseu viveu no século IX a.C., e nasceu na aldeia de Abelamum, próximo ao Rio Jordão. Por ordem do Senhor, foi chamado ao serviço profético pelo Santo e Glorioso Profeta Elias [comemorado em 20 de julho].

Quando chegou o tempo do Profeta Elias ser levado aos Céus, ele perguntou a Eliseu o que gostaria que lhe fizesse antes de partir. Eliseu pediu convictamente por uma dupla porção da Graça Divina. Santo Elias disse-lhe que era um pedido de difícil realização, e que Eliseu saberia ter sido atendido caso visse Elias partindo. Enquanto caminhavam conversando, eis que surgiu uma carruagem flamejante que os separou. Eliseu, chorando, ficou com o manto de seu Mestre, que caiu do céu,, vindo a receber assim o poder e o dom profético de Elias.

Ele passou mais de 65 anos nesse serviço, sob seis diferentes Reis israelitas. Não temia nenhum príncipe e nenhum discurso conseguiu superá-lo. O Santo Profeta operou vários milagres. Dividiu as águas do Jordão; tornou as águas de uma fonte em Jericó aptas para serem bebidas; salvou os exércitos dos Reis de Judá e Israel no deserto, fazendo cair abundante chuva por meio de suas orações; salvou uma pobre viúva da fome por inanição fazendo surgir miraculosamente óleo em um vaso. Também ressuscitou o filho de uma senhora que lhe concedeu hospitalidade.

Eliseu previu a vitória do Rei Josias sobre seus inimigos, e pelo poder de suas orações realizou diversos outros feitos maravilhosos. O Santo Profeta morreu em idade avançada em Samaria. Um ano depois de sua morte, um cadáver foi atirado em seu túmulo, e quando tocou os ossos de Eliseu, retornou à vida.

O Profeta Eliseu e seu Mestre, o Profeta Elias, não deixaram livros, já que seu serviço profético era oral. São João Damasceno compôs um cânon em homenagem a Eliseu e em Constantinopla foi construída uma igreja em sua honra.

Juliano o Apóstata ]361-363] ordenou que as santas relíquias dos Profetas Eliseu, Obdias e João o Precursor fossem queimadas, mas elas foram preservadas por fiéis, e parte delas transferidas para Alexandria.

Evangelho segundo São João 17,11b-19



Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao Céu e orou deste modo: «Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que Me deste, para que sejam um, como Nós.
Quando Eu estava com eles, guardava-os em teu nome, o nome que Me deste. Guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição; e assim se cumpriu a Escritura.
Mas agora vou para Ti; e digo isto no mundo, para que eles tenham em si mesmos a plenitude da minha alegria.
Dei-lhes a tua palavra e o mundo odiou-os, por não serem do mundo, como Eu não sou do mundo.
Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
Eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo.
Consagra-os na verdade. A tua palavra é a verdade.
Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo.
Eu consagro-Me por eles, para que também eles sejam consagrados na verdade».


«Para serem um só, como Nós somos»


A Igreja possui a marca e a imagem de Deus porque tem a mesma atividade que Ele. [...] Deus trouxe todas as coisas à existência por meio do seu poder infinito, e contém-nas, reúne-as e circunscreve-as. Ele liga fortemente todos os seres, uns aos outros e a Si próprio, na sua Providência. [...]

A Santa Igreja terá sobre nós os mesmos efeitos que tem Deus, de quem é imagem. Numerosos, quase inumeráveis, são os homens, as mulheres e as crianças, e distintos uns dos outros, infinitamente diferentes pelo nascimento, os traços, a nacionalidade e a língua, o género de vida e a idade, as aptidões, os costumes, os hábitos, o conhecimento, a fortuna, o carácter e as relações. Mas todos nascem nesta Igreja e, por obra sua, todos renascem para uma vida nova, recriados pelo Espírito Santo.

A todos a Igreja deu [...] uma só forma, um só nome divino: ser de Cristo e ter o seu nome. Ela dá também a todos uma maneira de ser única, que não permite distinguir as numerosas diferenças que existem entre eles [...], devido à reunião de tudo nela. É por eles, seus membros, que absolutamente ninguém fica separado da comunidade, uma vez que todos convergem uns para os outros, todos estão ligados pela ação do poder indivisível da graça e da fé. Está escrito que todos têm «um só coração e uma só alma» (At 4,32) [...]; ser um só corpo formado por membros tão diversos é realmente digno do próprio Cristo, que é a nossa verdadeira cabeça (cf Col 1,18). O apóstolo Paulo diz: «N'Ele não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos são um só em Cristo Jesus» (Gal 3,28). [...] A Santa Igreja é, pois, feita à imagem de Deus, uma vez que realiza entre os crentes a mesma união que Deus realiza entre eles.



São Máximo
o Confessor (c. 580-662), monge, teólogo
Mistagogia, 1

sábado, 29 de junho de 2019

Evangelho segundo São João 17,20-26.



Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao Céu e disse: «Pai santo, não peço somente por eles, mas também por aqueles que vão acreditar em Mim por meio da sua palavra, para que eles sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós e o mundo acredite que Tu Me enviaste.
Eu dei-lhes a glória que Tu Me deste, para que sejam um, como Nós somos um: Eu neles e Tu em Mim, para que sejam consumados na unidade, e o mundo reconheça que Tu Me enviaste e que os amaste como a Mim.
Pai, quero que onde Eu estou, também estejam comigo os que Me deste, para que vejam a minha glória, a glória que Me deste, por Me teres amado antes da criação do mundo.
Pai justo, o mundo não Te conheceu, mas Eu conheci-Te, e estes reconheceram que Tu Me enviaste.

Dei-lhes a conhecer o teu nome e dá-lo-ei a conhecer, para que o amor com que Me amaste esteja neles, e Eu esteja neles».

«Para que o amor com que Me amaste esteja neles, e Eu esteja neles»


O Salvador dirigiu a seu Pai esta prece pelos seus discípulos: «para que o amor com que Me amaste esteja neles, e Eu esteja neles»; e ainda: «que eles sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós». Esta prece há de realizar-se plenamente em nós quando o perfeitíssimo amor com que Ele nos amou (1Jo 4,10) for o próprio movimento do nosso coração, em cumprimento desta prece do Senhor [...].

Isto acontecerá quando todo o nosso amor, todo o nosso desejo, esforço, procura e pensamento, tudo aquilo que vivemos e de que falamos, tudo o que respiramos, outra coisa não for senão Deus; quando assimilarmos, na alma e no coração, a unidade presente do Pai com o Filho e do Filho com o Pai – isto é, quando, imitando finalmente a caridade verdadeira, pura e indestrutível com que Ele nos ama, a Ele nos unirmos também por uma caridade contínua e inalterável, e a Ele estivermos tão ligados que a nossa respiração, o nosso pensamento e a nossa linguagem mais não sejam que Ele e só Ele.

 Alcançaremos assim, por fim, [...] o que o Senhor na sua prece desejava ver cumprir-se em nós: «que eles sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós» e «Pai, quero que onde Eu estou, também estejam comigo os que Me deste».

A isto está destinado aquele que na solidão ora, a isto deve levar todo o seu esforço: à graça de possuir, já desde esta vida, a imagem da futura bem-aventurança, como uma antecipação, no seu corpo mortal, da vida e da glória do Céu.



São João Cassiano (c. 360-435)
fundador de mosteiro em Marselha
Conferências, n.° 10, 6-7; PL 49, 827